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As dores das mulheres

Em fórum promovido pela SAÚDE junto com a Sogesp e a Medecell, foi debatido o impacto das dores ginecológicas — e como lidar com elas

Por Theo Ruprecht
Atualizado em 14 fev 2020, 18h28 - Publicado em 24 jun 2016, 11h41
Elisa Random (ilustração) e Alex Silva (foto)
Elisa Random (ilustração) e Alex Silva (foto) (/)
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“Não é fácil conviver com dor, ainda mais quando ela é persistente”, introduziu Diogo Sponchiato, redator-chefe da revista SAÚDE (Editora Abril), durante o Fórum SAÚDE que aconteceu no dia 23 de junho. Promovido junto com a Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) e a empresa Medecell, o evento reuniu grandes especialistas em saúde feminina para debater as consequências das dores ginecológicas como um todo.

Paulo César Giraldo, presidente da Sogesp e professor titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), revelou que no mínimo 10% das consultas ginecológicas são motivadas por dores pélvicas crônicas. E elas podem ter as mais variadas causas: infecções, síndrome do intestino irritável, cólica menstrual, fibromialgia, endometriose… Portanto, buscar apoio médico e receber um diagnóstico correto são os primeiros passos para se livrar dos incômodos.

Agora, vale um destaque especial para a endometriose — quando o endométrio, tecido que reveste o interior do útero, vai parar em outros locais, o que gera bastante desconforto. Sabia que a dor decorrente do quadro afeta a atividade profissional em 65% dos casos?! Inclusive, 6% das mulheres com esse problema chegam a abandonar o trabalho.

E o maior drama é que as vítimas da endometriose perambulam por anos e anos em hospitais antes de descobrir a origem do martírio, geralmente detectada por meio de um exame chamado laparoscopia. “Elas chegam a dizer que estão acostumadas com a dor. Só que isso gera isolamento social, afeta o humor e por aí vai”, lamentou a fisioterapeuta Ticiana Mira, da Unicamp, que também participou do Fórum SAÚDE.

Outro problema bastante negligenciado atende pelo nome de vulvodínia. “A maioria dos ginecologistas não sabe direito o que ela é”, estima Giraldo. Em resumo, trata-se de um incômodo intenso na vulva que acomete de 9 a 16% das mulheres. Dor no ato sexual ou ao toque são o principal sintoma da chateação.

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E, claro, não podemos nos esquecer das cólicas menstruais. Já adiantamos: não é normal sentir dores intensas todo mês. “Se for o seu caso, consulte um médico”, avisa Newton Eduardo Busso, ginecologista da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.

Como lidar?

Os medicamentos seguem como a primeira linha de combate. Entretanto, as reações adversas do uso excessivo de anti-inflamatórios e analgésicos preocupam muito os profissionais de saúde, em especial num contexto em que essas drogas podem ser compradas sem prescrição.

Uma opção que vem ganhando espaço para lidar com as dores ginecológicas são os aparelhos de neuroestimulação elétrica transcutânea (ou simplesmente TENS). Por meio de eletrodos instalados em regiões próximas do foco do incômodo, ele dispara estímulos que ativam nervos capazes de bloquear o sinal de dor antes de ele chegar ao cérebro.

Recentemente, surgiu no mercado uma opção autoaplicável na qual a própria paciente põe o dispositivo no seu corpo. De acordo com um estudo piloto conduzido na Unicamp, quando empregado diariamente na região sacral (na base das costas), ele diminui significativamente as dores da endometriose profunda.

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