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Doçura mais saudável?

O açúcar de coco atrai cada vez mais gente por causa de suas supostas vantagens nutricionais, como o baixo índice glicêmico. SAÚDE apurou se vale a pena investir nele

Por Débora Fiorini (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 08h25 - Publicado em 1 fev 2016, 09h12
Alex Silva
Alex Silva (/)
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Começou pelas lojas de produtos naturais e já está chegando aos supermercados. A nova moda nas prateleiras com apelo saudável vem do coco e promete ser uma alternativa bem mais proveitosa ao organismo do que o açúcar branco. Extraído da flor do coqueiro (sim, coqueiro dá flor), o ingrediente, de coloração marrom, chama a atenção por conservar algumas propriedades nutricionais. Como ele não passa pelo processo de refinação, leva para o pacote vitaminas do complexo B e minerais como cálcio, potássio e ferro. Só isso permitiria concluir que é uma melhor opção ao açúcar branquinho, que vem da cana, certo? A resposta pede ponderações.

A nutricionista Mariana Nacarato, da Equilibrium Consultoria em Nutrição, em São Paulo, explica que o teor dessas substâncias não é tão significativo se pensarmos nas nossas necessidades diárias. “Teríamos que ingerir uns 100 gramas do produto para desfrutar desses benefícios”, estima. Para você ter ideia, uma colher de chá equivale a cerca de 5 gramas. Ou seja, você teria que exagerar na dose e, aí, a balança poderia gritar. Em todo caso, não dá pra negar que são pitadinhas até bem-vindas se compararmos com a versão da cana.

Acontece que a fama do açúcar de coco se apoia mesmo em outra qualidade: o baixo índice glicêmico. É por causa disso que a novidade passa a perna até no tipo mascavo, que também escapa da refinação. O índice glicêmico é uma medida da velocidade com que a glicose obtida de um alimento chega à corrente sanguínea. O ideal é que ele seja mais baixo para que o corpo tenha tempo de aproveitar esse combustível. Se você seguir uma dieta propícia a picos de glicemia (muito carboidrato simples, pouca fibra), terá menos saciedade e correrá maior risco de ficar acima do peso e diabético.

Pois bem, o açúcar de coco desbancaria o convencional justamente nesse ponto. “Ele possui fibras, como a inulina, que ajudam a retardar a liberação de glicose no sangue”, conta a nutricionista Karla Vilaça, da Nutrenza Consultoria e Assessoria Nutricional, na capital paulista. Mariana destaca outro componente de sucesso: “Estudos indicam a presença de D-xilose, substância associada a uma curva glicêmica mais baixa”.

Tais trunfos tornam o adoçante do coco atrativo até para os diabéticos. No entanto, se fizer parte desse grupo, melhor ir com calma. “O consumo vai depender da evolução e do tratamento da doença. É essencial consultar o médico antes”, avisa a nutricionista Nayara Massunaga, da VP Consultoria Nutricional, em São Paulo. Karla acredita, porém, que, ainda assim, ele seria mais indicado a esse público do que adoçantes industrializados. A menos que a pessoa tenha de emagrecer. Como um bom açúcar, o novo produto é calórico — nesse quesito, aliás, praticamente não há diferenças no duelo com o tradicional.

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Na cozinha, o açúcar de coco cairia bem em qualquer receita que peça… açúcar. “Ele tem o mesmo poder de adoçar do tipo branco. Não seria preciso adicionar mais colheradas”, garante Nayara. Só fique atento à sua cor escura, à textura mais úmida e ao sabor mais intenso, já que essas características podem interferir no preparo. João Felipe Mota, nutricionista da Sociedade Brasileira de Diabetes, aconselha recorrer ao ingrediente sobretudo nas receitas pobres em fibras. É nesse contexto que ele poderia dar uma força para a glicemia não disparar.

Agora, convém botar na ponta do lápis o custo/benefício. Primeiro porque faltam estudos clínicos comprovando essas vantagens. Segundo porque o açúcar de coco tem um preço nada doce. Em alguns mercados, a porção de 1 quilo sai por volta de 70 reais. Pense que a mesma quantidade de açúcar branco refinado sai por pouco mais de 2 reais. Sim, pesa bastante no bolso. Conforta saber, pelo menos, que, se não houver exageros, o pacote vai durar um bom tempo. E, em matéria de doçura, essa é uma economia que vale a pena.

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