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Nossos industrializados são piores

Pesquisa indica que os produtos vendidos aqui são mais danosos do que os similares europeus

Por Karolina Bergamo
Atualizado em 29 out 2018, 11h23 - Publicado em 30 set 2015, 10h05
Alex Silva
Alex Silva (/)
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Você já parou para pensar se a maionese que consumimos aqui é a mesma que turbina os lanches lá na Europa? Pois a Proteste – Associação Brasileira de Defesa do Consumidor não só se fez essa pergunta como resolveu averiguar, comparando a tabela nutricional de 12 produtos alimentícios fabricados tanto no Brasil quanto em quatro países europeus (Bélgica, Espanha, Itália e Portugal). O resultado? Não, não é tudo a mesma coisa. Os itens brasileiros têm, em geral, uma quantidade bem maior de gordura, açúcar e aditivos desnecessários e de segurança questionável.

De acordo com a nutricionista Karla Vilaça, da Nutrenza – Consultoria e Assessoria Nutricional, em São Paulo, as empresas recorrem a esses ingredientes para baixar custos, aumentar o tempo de prateleira, além de melhorar o sabor ou a aparência. “Porém, o excesso é prejudicial à saúde”, afirma. Em território verde e amarelo, a maionese Hellmann’s, por exemplo, possui dois aditivos que não estão na fórmula do molho encontrado nos outros países. Pior: a segurança no uso deles ainda está em debate. Nossa versão ainda é a que tem a maior quantidade de ingredientes: 17 contra nove das versões belga e italiana.

É provável que, com base nas legislações locais e nos hábitos de consumo dos habitantes, os fabricantes apenas ajustem suas receitas para que se adequem a cada país, pois temos um número bem limitado de multinacionais (são dez) que controla a produção e o comércio de alimentos no mundo inteiro. “No Brasil, falta uma legislação forte, capaz de proibir o uso de aditivos, bem como o excesso de sal, açúcar e gordura na produção de alimentos”, afirma Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste.

“Em primeiro lugar, é necessário pensar no bem-estar de quem está consumindo, principalmente porque muitas vezes são crianças. Temos que ler os rótulos e procurar sempre os itens com menos aditivos, pois são os mais saudáveis”, defende Karla. A Proteste enviou esses resultados à Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), questionando o porquê da diferença nutricional. Além disso, criou um abaixo-assinado online para pedir que não haja mais essa discrepância – o documento será encaminhado para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Agora, para nos proteger dos efeitos deletérios do exagero de açúcar, gordura e sódio, também é importante fazer um treino em casa. Que tal trocar o sal pelas ervas ao preparar a comida? Aos poucos, vale diminuir o uso de açúcar no café, no suco e no chá e também no preparo de sobremesas. Outra boa pedida é maneirar no consumo de alimentos fritos. Dessa forma, nos acostumamos a menores doses desses ingredientes. Até porque nosso paladar é um dos argumentos dos fabricantes para abusarem desses compostos no nosso país.

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Veja abaixo a lista de alguns dos produtos analisados pela Proteste e as principais diferenças encontradas:

• Ovomaltine: no Brasil, tem apenas 25% de extrato de cevada e malte. Sem falar que o açúcar é o principal ingrediente.
• O Doritos brasileiro concentra vários ingredientes e aditivos. Na teoria, deveria ser feito apenas de milho e queijo.
• As receitas do cream cheese Philadelphia de todos os países são parecidas. No Brasil, a quantidade de queijo não é informada.
• A versão do energético Burn no Brasil tem os corantes tartrazina e amarelo crepúsculo, que são potencialmente alergênicos.
• Todos os países usam corantes artificiais no chocolate M&M’s, mas, aqui, são adicionados outros cinco que podem ser alergênicos.
• O Corn Flakes brasileiro não apresenta fibras alimentares e possui muito mais açúcar que as versões europeias.
• O sorvete Häagen-Dazs do Brasil é o que reúne mais ingredientes e, ao menos tempo, menos chocolate. Para ter ideia, enquanto na Europa o sorvete exibe 22% de chocolate, no Brasil o valor é de 14%.
A receita brasileira do Activia morango integral conta com o dobro da quantidade de aditivos em relação às versões europeias.

Para participar do abaixo-assinado, acesse: https://www.proteste.org.br/sua-saude-em-risco

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ATENÇÃO: depois da publicação da matéria, a General Mills (empresa detentora da marca Häagen-Dazs) e a Unilever (empresa que produz a maionese Hellmann’s) soltaram comunicados. Veja abaixo:

General Mills

A General Mills Brasil, detentora da marca Häagen-Dazs, informa que segue as leis brasileiras. Nesse sentido, a formulação do sorvete comercializado no País, importado da França, deve trazer a descrição dos ingredientes separadamente. Ou seja: massa de sorvete 14% de chocolate e 8% de chocolate em pedaços, o que configura a mesma porcentagem de 22% no total, igual a descrita nos produtos europeus, que não precisam desmembrar os itens nos seus rótulos.

A General Mills Brasil reforça ser uma empresa sólida na fabricação e comercialização de alimentos, detentora de evidente reconhecimento e destaque nacional e internacional, com atuação de mais de 50 anos no segmento, fabricando, embalando e comercializando seus produtos, desde sempre, em consonância com as diretrizes legais do País.

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Unilever

A Unilever Brasil esclarece que todos os seus produtos são desenvolvidos de acordo com os mais altos padrões de qualidade para atender, da melhor forma, às necessidades do consumidor, seguindo a legislação brasileira. Todos os produtos e ingredientes são testados e aprovados, segundo as normas de segurança alimentar estabelecidas pela legislação vigente aplicável.

Presente há 86 anos no Brasil, a cia reforça seu compromisso com a qualidade e a transparência, mantendo toda a informação nutricional de seus produtos disponível nas embalagens. 

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