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Vem aí a pílula rosa

O tão sonhado “Viagra feminino”, indicado a mulheres com falta de libido, foi aprovado nos Estados Unidos. Entenda como ele funciona – e o que mais pode ajudar quando o desejo some

Por Alexandre de Santi (colaborador)
Atualizado em 28 out 2016, 03h04 - Publicado em 8 set 2015, 14h43
Getty Images
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Em 1998, médicos americanos foram autorizados a receitar o primeiro remédio para tratar a disfunção erétil. Começava a era da pílula azul, que espantou o fantasma da impotência entre milhões de homens e se tornou um sucesso mundo afora. Quase duas décadas depois, expectativa parecida ronda a ala feminina. O FDA, agência que regula a venda de medicações nos Estados Unidos, aprovou a comercialização da flibanserina, comprimido que combate a falta de libido. Pelo visto a era da pílula rosa está para começar.

O remédio, que é rosa de verdade, tem ação bem diferente do medicamento masculino. Ele interfere no sistema nervoso para aplacar o chamado transtorno de desejo sexual hipoativo (TDSH) em mulheres que ainda não chegaram à menopausa. Embora a novidade seja alardeada como o “Viagra feminino”, experts pedem um pouco de cautela. “Ela abre uma nova possibilidade e, se bem indicada, terá seu espaço. Mas não vai resolver o problema da mulher de uma hora para outra”, opina a psiquiatra Camila Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Universidade de São Paulo (USP).

Uma das razões para o ceticismo de alguns é a natureza dos entraves sexuais no organismo feminino. Diferentemente dos homens, nas mulheres não há um bloqueio biológico único à vontade de transar. A falta de tesão tem origens múltiplas: psicológicas, hormonais e sociais (pense em um casamento escorrendo pelo ralo). “Até doenças ginecológicas, como a endometriose, podem derrubar a libido” lembra a médica Flávia Fairbanks, da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo. E nesses casos, a flibanserina não surtiria efeito.

A pílula rosa, originalmente um antidepressivo, auxiliaria a reverter a situação interferindo em neurotransmissores. Só que seu efeito não é instantâneo (outra diferença em relação ao comprimido dos homens). As mudanças aparecem após quatro semanas de uso contínuo.

Mexer com a bioquímica cerebral foi, inclusive, um dos motivos por trás da demora para o produto entrar no mercado. Em 2010, o mesmo FDA vetou o composto, pois considerou que os riscos do medicamento eram maiores do que os benefícios – 13% das participantes tiveram que abandonar os testes por causa de efeitos colaterais como fadiga, sonolência e náuseas. Apesar dos avanços recentes, a eficácia da pílula continua em debate. Do outro lado, há depoimentos emocionados das voluntárias americanas que usaram o remédio e disseram que ele fez diferença em sua vida. A aprovação abre caminho para sua entrada no Brasil.

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