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Câncer em Pauta

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Especialistas da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (Sboc) discutem a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do câncer no nosso país

Desafios para melhorar o cenário do câncer de mama no Brasil

A conscientização sobre essa doença melhorou com o Outubro Rosa, mas o país ainda está distante de cumprir recomendações básicas de prevenção e tratamento

Por Sergio Simon, oncologista*
Atualizado em 31 out 2019, 09h47 - Publicado em 30 out 2019, 18h29
diagnostico e prevencao cancer de mama
Quando o câncer de mama é flagrado precocemente, a chance de cura é alta. (Ilustração/SAÚDE é Vital)
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Desde o início da década de 1990, a campanha Outubro Rosa promove a conscientização sobre o câncer de mama. Tivemos inúmeros avanços desde então: hoje, quando diagnosticada precocemente, a chance de cura da doença é de aproximadamente 95%.

Mas ainda precisamos quebrar vários tabus e vencer alguns desafios no nosso país. Para sintetizar as discussões que aconteceram ao longo do mês, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) reuniu as principais informações e recomendações sobre câncer de mama abaixo.

A maneira mais eficaz de detectar essa doença é por meio da mamografia, capaz de identificar lesões pequenas e até mesmo não palpáveis. Apesar de todos os alertas e informações disponíveis, só 24% das mulheres brasileiras realizam o exame conforme a indicação médica (anualmente ou a cada dois anos), seja por questões individuais ou pela baixa disponibilidade de mamógrafos na rede pública.

Resultado: 70% dos casos de câncer de mama no sistema público no Brasil ainda são detectados em estágio avançado, de acordo com levantamento feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em 2018.

Outro fator preocupante são os atrasos no início do tratamento das pacientes, que podem chegar até 200 dias, segundo dados divulgados pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A demora no diagnóstico e no início de tratamento no sistema público compromete as taxas de cura e o tempo de sobrevida da mulher.

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Para que seja possível reduzir a mortalidade por câncer de mama no país como um todo, é necessário ter uma aderência ao exame de rastreamento de pelo menos 70% da população elegível. Me refiro às mulheres entre 50 e 69 anos, de acordo com a recomendação do Ministério da Saúde, ou a partir dos 40 anos, sem limite superior, segundo a SBOC e a Sociedade Brasileira de Mastologia.

A boa notícia é que alimentação, controle do peso e atividade física reduzem em até 28% o risco de a mulher desenvolver esse tipo de tumor. Não tem jeito: os exames de prevenção e uma rotina saudável são as melhores formas de preservar a saúde como um todo.

Além disso, segundo estudo publicado pela revista científica The Lancet, o ato de amamentar diminui a probabilidade de sofrer com o câncer de mama em 4,3% a cada 12 meses de duração da amamentação.

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São muitos os desafios para melhorar o cenário brasileiro dessa enfermidade, mas os avanços virão com mudanças nos hábitos da população, nas políticas públicas do governo e no engajamento da sociedade civil.

Em relação às políticas de acesso a medicamentos, a SBOC vem exercendo um papel muito importante, contribuindo com melhorias significativas para o tratamento de pacientes. Em 2017, ela foi uma das responsáveis pela incorporação de dois remédios fundamentais para mulheres com tumores de mama avançados — que representam a maioria dos casos no país.

Continuaremos buscando, o ano todo, meios de reverter o cenário atual de diagnóstico avançado e início de tratamento tardio, a fim de garantir melhores tratamentos para proporcionar maior chance de cura e qualidade de vida para todos os pacientes com câncer.

*Por Dr. Sergio Simon, presidente da gestão 2017-2019 da SBOC

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