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Boca Livre

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Esse é o blog de Patricia Julianelli, jornalista especialista em nutrição, esporte e qualidade de vida, além de apaixonada por comida e corrida de rua. Ela é autora do livro "Boca Livre - Comida e Boa Forma com Prazer e sem Neura" e apresentadora do quadro "Saúde em Movimento", da rádio CBN

Educação do paladar é coisa séria e deveria ser ensinada nas escolas

O termo "paladar infantil" precisa ser ressignificado com urgência em nome da saúde das crianças

Por Patricia Julianelli
1 set 2025, 19h55
paladar-infantil
Pesquisadores alertam para a importância a longo prazo de uma dieta nutritiva na infância e na adolescência (Foto: AmeliaFox/iStock)
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Precisamos ressignificar o termo paladar infantil. Que ele deixe de ser sinônimo de salgadinhos, frituras, doces e refrigerante. E passe a significar paladar em formação. Infância é página em branco e, portanto, a hora certa para experimentar e diversificar. Provar o azedinho do iogurte, o doce da manga e até o amargo do jiló.

Se a criança começa essa jornada pelo doce que vem embalado – e não o da fruta madura – tem mais chance dar preferência a ele pelo resto da vida. Por isso, o ideal é que ela passeie por diferentes gostos e texturas desde cedo.

Por que a educação do paladar é uma matéria importante?

Aliás, educação do paladar é assunto tão sério que deveria ser disciplina obrigatória. Ao lado de ciências, português, matemática e história. Imagina que maravilha a criança aprender desde cedo o superpoder de cada grupo alimentar? Entender que a proteína deveria estar presente em todas as refeições?

Para a coisa funcionar, seria necessário um pacto que envolva escolas, indústria alimentícia e órgãos reguladores. Porque ninguém vive numa bolha. As embalagens chamativas e coloridas estão por todo o lado, estendendo a mão para o mundo dos ultraprocessados.

Mas há avanços sendo feitos, mesmo que em uma velocidade menor do que desejaríamos. E vou dar aqui um exemplo. Estive recentemente na sede da Danone, na França, e a empresa está empenhada na chamada “jornada de redução do açúcar”.

Como se trata de um gigante da indústria alimentícia, interessa a todos nós. O foco principal da iniciativa? Justamente os produtos destinados ao público infantil. E, claro, um produto icônico como o Danoninho não poderia ficar de fora.

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A partir de agosto de 2025, ele passa a ter 10% de açúcar adicionado. Ou seja: a cada 100g de produto, 10g de açúcar. A taxa vai de encontro à recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS): o açúcar não deve ultrapassar 10% do total de calorias ingeridas por crianças e adolescentes.

No começo dos anos 1990, o Danoninho tinha 25% de açúcar. Foram seis reduções ao longo desse tempo até chegarem aos 10%. Em uma entrevista coletiva na Danone, nós jornalistas questionamos: “Mas porque levou tanto tempo?”

+Leia também: Bons hábitos alimentares, uma herança de pais para filho

Como diminuir o açúcar de produtos industrializados

Além da tecnologia envolvida – não basta simplesmente reduzir ou tirar um ingrediente –, é preciso lembrar que os consumidores (especialmente as crianças) não gostam de mudanças abruptas e que o Danoninho é um produto comercial. “Hoje, se reduzirmos ainda mais o açúcar, ninguém compra”, foi a explicação que recebemos.

E faz sentido: fui checar e o principal concorrente dele, o Chambinho, tem 16.7g de açúcar por 100g de produto. Enquanto o Danoninho tem 10g. Então, se baixarem mais, provavelmente as crianças vão pedir pela marca mais “docinha”.

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No Danoninho, o açúcar reduzido jamais foi substituído por adoçante, nem parcialmente. Na minha opinião, uma decisão mais que acertada. Do contrário, seria trocar seis por meia dúzia. O paladar da criança seguiria acostumado com o doce – talvez, até mais doce, com a adição do adoçante.

O que mais vem por aí? A meta da Danone para o final de 2025 é que 95% do portfólio infantil mundial tenha menos de 10% de açúcar.

Mas, além do açúcar, o mercado também clama pela redução dos aditivos artificiais. Sabe aquela lista de conservantes, espessantes, aromatizantes e tantos “antes” com nomes impronunciáveis? São eles mesmo.

Não se pode ignorar a questão da segurança alimentar, claro, e muitos estão lá para isso. E mais tempo de prateleira, uma consistência mais convidativa, entre outros. Mas de novo a pergunta: “Por que tantos aditivos?”

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Tecnologia e inteligência artificial na indústria alimentícia

A indústria sabe que queremos listas de ingredientes mais enxutas e naturais. E tem se mexido para chegar lá. A Danone, por exemplo, no seu centro de pesquisa na Universidade Paris-Saclay, mantém uma espécie de biblioteca de fermentos.

Com um acervo de 12 mil bactérias, criam iogurtes com diferentes texturas, sabores e níveis de doçura, diminuindo a necessidade de recorrer a aditivos artificiais. Você sabia que só de mudar o tipo de fermento você pode ter um iogurte mais denso ou cremoso?

E olha que bacana: nesse centro, existe um estômago artificial. É uma máquina transparente, repleta de câmaras e tubos, que simula o processo digestivo de uma criança, de um adulto e de um idoso. A ideia é levar o estilo de vida e a saúde intestinal em consideração também.

A empresa vem investindo em um “censo” da microbiota intestinal. A ideia é preparar o terreno para a inteligência artificial. Afinal, de que adianta usar o algoritmo sem uma bela “base de dados” sobre o nosso corpo, morada de trilhões de micro-organismos.

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Outras marcas também estão evoluindo na busca por um portfólio mais natural. Mas vale lembrar: em boa parte deles, também há produtos com dois ingredientes – como o iogurte natural, que só tem leite e fermento – e outros com uma lista mais extensa e nomes estranhos.

O poder de decisão é nosso. Mas só faremos escolhas conscientes com informação e dedicação. Tornando a comida um assunto sério. Pesquisando sobre o tema, lendo, conversando com especialistas. Assim, podemos decidir quais alimentos e produtos serão a base da nossa alimentação, e quais serão para os momentos de, digamos assim, indulgência.

Os primeiros anos de vida podem definir um padrão de alimentação que a criança vai carregar pela vida. E nós podemos tornar essas escolhas mais fáceis, lembrando que a educação do paladar começa em casa.

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