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Câncer sem tabu & com ciência

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O médico e CEO do A.C. Camargo Cancer Center, Victor Piana de Andrade, e outros experts da instituição desfazem os mitos e compartilham as descobertas e inovações na prevenção, no diagnóstico e no tratamento do câncer

Das dores às alegrias: a emocionante jornada do oncologista pediátrico

Entre desafios, vínculos e histórias de superação, médica revela o lado humano e inspirador do tratamento do câncer infantil

Por Viviane Sonaglio, oncologista pediátrico*
16 out 2025, 20h56
oncologia-pediatrica
Tratamento do câncer infantil envolve vínculos e aprendizados importantes para médicos e familiares  (Freepik/Reprodução)
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Não é incomum que nos perguntem o motivo pelo qual escolhemos a oncologia dentre tantas áreas da medicina. Geralmente essa pergunta vem atrelada à ideia da dor da finitude, um estigma que ainda acompanha o câncer.

Mas para mim a oncologia se trata de uma escolha de vida, não é só uma profissão, é uma missão. Quando falamos em oncologia pediátrica, o peso de um tratamento como o de câncer parece, a olho nu, ainda mais triste e difícil.

No entanto, quem convive nesse nosso meio sabe que o clima é exatamente o contrário: o andar da pediatria costuma ser o ambiente mais alegre do hospital.

A cada caso, desenvolvemos novos caminhos para tratar a doença de forma mais eficiente, mas com cada criança que atendemos, aprendemos sobre o que significa estar vivo. O nosso foco está concentrado em tudo que podemos fazer para que aquele paciente viva novas histórias e que a jornada oncológica represente apenas algumas páginas dentre tantas que ele vai escrever.

+Leia também: Pequenos heróis, grandes desafios: o combate ao câncer infantil no Brasil

O vínculo entre médico, criança e família

É desafiador? Com certeza, mas vai muito além do técnico. Não tem como lidar com criança e manter uma relação puramente profissional e protocolar. A criança quebra qualquer formalidade, ela te chama para brincar, ver um desenho, ouvir uma história.

Desconheço outra especialidade da oncologia onde o paciente corre pra te abraçar todo dia. É uma troca muito verdadeira, uma relação de confiança mútua, que envolve não apenas o paciente, mas a sua família.

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O oncologista passa a fazer parte da vida daquelas pessoas num momento de fragilidade, mas o que ele constrói nessa jornada contra o câncer pode uni-los para muito além do tratamento. Por isso, também é natural que pacientes voltem para acompanhamento anos depois, já curados, cheios de conquistas para nos contar. E eu sou movida por essas histórias.

As mães me procuram, mandam mensagens, fotos, vídeos, compartilhando novidades a cada nova fase. É como se quisessem que nós participássemos mesmo após a cura. Como é o caso da Maria, de quem recebi recentemente um recado lindo.

O filho dela passou por um tratamento de câncer ainda muito jovem, fizemos cirurgia, radioterapia e uma quimioterapia pesada. Hoje, cinco anos depois do fim desse tratamento, sou informada de que ele passou em Engenharia na Universidade Federal de Pernambuco, está dirigindo, estudando, realizando sonhos e mostrando pra gente o quanto valeu a pena cada esforço.

Aprendizados também nos momentos difíceis

Essa ligação não ocorre exclusivamente nos casos de sucesso, mas também quando os desfechos não são como gostaríamos. Nesses casos, a amizade pode ser ainda mais forte, conversamos da vida, nos apoiamos. E vez ou outra me perguntam: “É normal sentir saudade do hospital?”. Naquele momento relembro que, apesar da dor, aquele foi um tempo de vínculo, de cuidado verdadeiro.

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É claro que vivemos um misto de emoções todos os dias. Enfermeiros, técnicos, médicos, fisioterapeutas e outros profissionais da pediatria compartilham um cotidiano intenso, que vai muito além de oferecer suporte médico: é sobre lidar com medos, frustrações e as esperanças de famílias inteiras.

Esse ambiente acaba nos impondo uma grande sobrecarga psicológica. Dentre as inúmeras histórias que marcaram a minha carreira, não consigo me esquecer de uma menininha que atendi ainda bebê.

Um caso complicado, um prognóstico difícil de contar para a família, quando então ouvi daquela princesa: “vocês contaram para a mamãe do céu como fazer minha mamadeira?” Aquilo rasgou meu peito, mas aprendi com aquela família o significado de resiliência.

Por essa razão, para aprender a lidar com as suas emoções, dos pacientes e de seus familiares, precisamos desenvolver programas de acolhimento que promovam rodas de conversa, terapias em grupo, acompanhamento psicológico, além de práticas integrativas.

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O que é possível afirmar é que tudo o que experienciamos todos os dias naquele andar tem o poder de impactar nossas vidas pra sempre. Mas acima disso, a forma como decidimos servir àquelas pessoas, nos doando nos detalhes e entregando o melhor da ciência ao nosso alcance, também marca famílias inteiras por muito tempo. E é isso que nos move!

*Viviane Sonaglio é líder do Centro de Referência em Tumores Pediátricos e Head da Pediatria do A. C. Camargo Cancer Center

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