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Parkinson: nova tecnologia controla 70% dos tremores de forma imediata

Terapia recém-chegada ao Brasil envolve um procedimento não invasivo realizado em cerca de duas horas

Por Sidney Klajner
6 Maio 2025, 18h00
parkinson
Tremores são um sintoma conhecido do Parkinson (Foto: Alex Silva/A2 Estúdio)
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Em 1963, Helena (o nome é fictício, mas o caso é real) tinha apenas 17 anos quando foi diagnosticada com tremor essencial, um distúrbio neurológico de fundo genético que afeta principalmente os membros superiores e pode ser altamente incapacitante.

Desde então, foram 45 anos de medicamentos e outros recursos para tentar controlar os sintomas. Em abril, Helena foi uma das primeiras pacientes do Brasil a passar por um tratamento inovador, não invasivo, e mal acreditou nos resultados após o procedimento, que durou cerca de duas horas: os tremores praticamente desapareceram.

A tecnologia, que o Einstein trouxe de maneira pioneira para o Brasil, chama-se HIFU (do inglês High-Intensity Focused Ultrasound) e é utilizada para tratar os tremores de pacientes com Parkinson e tremor essencial.

Basicamente, ela permite a aplicação de ondas de ultrassom de alta intensidade concentradas em um local específico do cérebro. A energia gerada promove a ablação (destruição de tecido por calor) da área associada aos tremores – um ponto milimétrico, atingido com precisão.

Do começo ao fim, o procedimento é guiado por imagens de ressonância magnética. O paciente fica acordado o tempo todo e realiza testes neurológicos, como traçar uma linha entre dois pontos ou tocar o nariz, que ajudam a definir exatamente o ponto responsável pelo tremor, sem o risco de afetar outras estruturas do cérebro.

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Só então é aplicado o feixe concentrado de ondas exatamente neste ponto.

O HIFU já é usado há anos no tratamento de algumas doenças, como tumores de próstata. Mas, até então, em órgãos e áreas às quais as ondas de ultrassom chegam sem problemas. Não é o caso do cérebro, protegido pela ossatura da calota craniana, uma barreira natural aos impulsos.

Ocorre que o dispositivo de HIFU desenvolvido pela empresa israelense Insightec consegue ultrapassá-la. Trata-se de um capacete que utiliza mais de mil feixes de ultrassom que são focalizados em um alvo milimétrico e preciso do cérebro. Estudos da Insightec mostram que, após uma única sessão, o tremor melhora em torno de 70%.

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O procedimento é unilateral. Se o paciente tiver tremores bilaterais, será necessária uma nova sessão, após nove meses, para tratar o lado oposto.

+ Leia também: Dia do Parkinson: tratamento inovador busca aprovação da Anvisa

Implantar uma tecnologia como essa exige mais que o investimento na aquisição do dispositivo. Para que ela seja realmente benéfica aos pacientes, são necessários outros recursos, como equipamentos de tomografia e ressonância de alta resolução para os exames preliminares e uso durante as sessões e, sobretudo, uma equipe de especialistas (neurologistas, neurocirurgiões, radiologistas etc.) com sólidos conhecimentos e experiência para avaliar caso a caso a indicação do procedimento, fazer o planejamento e a execução propriamente dita.

Estima-se que, no Brasil, cerca de 4 milhões de pessoas tenham tremor essencial e 200 mil, Parkinson. O tratamento dos tremores provocados por esses distúrbios é feito, em sua maioria, com medicamentos e, conforme o quadro, pode ser indicada a técnica DBS (Deep Brain Stimulation/Estimulação Cerebral Profunda), um procedimento em que são implantados eletrodos em áreas específicas do cérebro que produzem pulsos que ajudam a regular padrões anormais da atividade elétrica cerebral.

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Para quem não responde bem às medicações, aos procedimentos até hoje disponíveis ou não pode ou não deseja submeter-se a uma cirurgia cerebral invasiva, o HIFU surge como uma promissora alternativa para tratar esses distúrbios do movimento e devolver capacidade funcional e qualidade de vida aos pacientes.

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