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Aleitamento materno pode fragmentar o sono do bebê?

Muitas vezes, ele não é o culpado pelos despertares noturnos. E deixar de amamentar ou partir para fórmulas não é indicado para melhorar as noites de sono

Por Ana Jannuzzi, médica*
10 Maio 2022, 09h02
foto preto e branca de mãe amamentando bebê
Despertares noturnos não são motivo para deixar de amamentar o bebê.  (Foto: GI/Getty Images)
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As noites mal dormidas nos primeiros meses de vida do bebê estão no topo das reclamações dos pais de primeira viagem. Mas é necessário esclarecer que o aleitamento materno pode não ser o motivo por trás do sono fragmentado.

Inclusive, a amamentação de forma exclusiva até os seis meses de vida e, de maneira complementar à alimentação, até os 2 anos de idade é uma recomendação da comunidade médica e dos órgãos reguladores de saúde, como o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No entanto, quando o assunto é a relação direta entre a amamentação e o sono infantil, existe um déficit de pesquisas e consensos a respeito. E sobram conselhos sem base científica.

O primeiro ponto a explicar é que nem sempre os despertares noturnos do bebê estão relacionados à fome. Muitas famílias acabam introduzindo a fórmula por acreditarem que o uso delas ajudará a criança a dormir a noite toda. Mas isso não é verdade.

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Isso porque existem muitos outros motivos pelos quais o bebê acorda na madrugada. Inclusive, não há evidências sólidas de que as fórmulas diminuam os despertares noturnos. Poucos estudos mostraram essa associação, e outros encontraram resultados discrepantes.

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Há, porém, evidências suficientes para não introduzirmos o uso de fórmulas, salvo em situações realmente necessárias. A introdução do produto sem indicação pediátrica aumenta até o risco de desmame precoce.

O que podemos afirmar é que o sono dos bebês e das crianças é naturalmente fragmentado, quando comparado ao sono dos adultos. Há uma explicação biológica para isso: eles ainda não desenvolveram a sensação de segurança e a capacidade de se protegerem sozinhos. Sendo assim, a presença de um adulto de confiança por perto se torna essencial.

Os bebês se ressentem dessa distância despertando, chorando até que o adulto apareça no quarto, aproximando-se da mãe na cama… Todos esses comportamentos fazem parte de um desenvolvimento normal. Quando a criança crescer, vai adquirir mecanismos de autoproteção e compreender o mundo ao seu redor e, com o tempo, os despertares ficam menos frequentes.

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Agora, quando o bebê desperta demais, é preciso analisar o que pode estar por trás. Seriam sonecas inadequadas para a idade ao longo do dia? Um ambiente inadequado para dormir?

São saltos de desenvolvimento, em que a criança fica mais ativa? É o nascimento dos dentes? A angústia de separação da família? Todos esses, e tantos outros, são motivos para os despertares. Então a situação pode e deve ser investigada junto ao médico.

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Em resumo, a amamentação noturna vai ocorrer durante os primeiros meses de vida do bebê. Contudo, o momento em que cada criança vai finalmente dormir a noite toda, sem precisar de ajuda para retomar o sono, vai variar.

Algumas crianças já dormem a noite toda com quatro meses, outras ainda acordam para mamar com um ano e quatro meses, por exemplo.

Muitas vezes, os bebês despertam durante a noite por outros motivos que não a fome, mas voltam a dormir mamando porque se sentem protegidos e a mãe e o pequeno se habituam a esse ritual. E isso não é um problema, desde que esteja funcionando para todos.

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* Ana Jannuzzi é médica com pós-graduação em pediatria, autora do livro O Ano de Ouro (clique para comprar) e criadora de cursos online sobre saúde materno-infantil. Ministra o curso “Sono e Rotina” para famílias e a capacitação para profissionais, em parceria com a Faculdade de Brasília

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