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Alerta máximo para o diabetes

Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) analisa os dados do último atlas global sobre a doença. A situação preocupa

Por Domingos Malerbi, endocrinologista*
17 dez 2021, 10h10
diabetes
Número de pessoas com diabetes no Brasil é 80% maior agora do que no ano 2000.  (Ilustração: Mirada Estúdio Criativo/SAÚDE é Vital)
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A Federação Internacional de Diabetes (IDF, na sigla em inglês) divulgou há pouco o Atlas Diabetes 2021, com os mais recentes dados globais sobre a doença. Com números expressivos, o levantamento aponta o crescimento geométrico do problema na maioria dos países.

Mesmo com mais conhecimento e um arsenal terapêutico amplo e eficaz, a realidade que o documento coloca é a de um dos maiores desafios de saúde pública do planeta. Temos hoje 537 milhões de pessoas convivendo com o diabetes pelo mundo. Em apenas dois anos, houve um aumento de 74 milhões de casos. É preocupante!

Quando falamos nos gastos com os serviços de saúde, chegamos a 966 bilhões de dólares nos últimos 15 anos. No Brasil, de acordo com o atlas, são mais de 15,7 milhões de cidadãos com diabetes, o que representa um número 80% maior do que no ano 2000.

Desse total, ao menos 30% nem sabem que têm a doença. Encaramos, assim, um longo percurso para conscientizar e alertar a população sobre a prevenção e o acompanhamento médico regular.

Esses dados alarmantes são reflexo do estilo de vida atual: altos níveis de estresse, comportamento sedentário, alimentação calórica etc. Esses e outros fatores potencializam o surgimento do diabetes — e cada vez mais precocemente.

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+ LEIA TAMBÉM: Diabetes: inovações estão aí, mas precisamos resolver o básico

Lidar com esse cenário, que ainda tem projeções de crescimento para as próximas décadas, envolve diferentes aspectos, que vão desde a necessidade de maior eficiência nos diagnósticos até a sensibilização para a mudança de hábitos.

O jogo com o diabetes não é tão fácil. Não dispomos de fórmula mágica nem de cura, por enquanto. A grande meta, plausível e realista em alta margem, é o controle individualizado dos níveis de glicemia, o açúcar no sangue. Os efeitos e danos do descontrole ao longo da vida são inúmeros e conhecidos. Mas dá para virar o jogo e levar uma vida saudável.

Para sermos bem-sucedidos, precisamos instituir uma boa relação médico-paciente e o comprometimento com a adesão ao tratamento — que envolve novos hábitos e medicações. O enfrentamento depende de foco e perseverança, juntamente com a aceitação e o devido suporte familiar e social.

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Entrar num embate com o diagnóstico e se descuidar é perder a luta e enfrentar sérias consequências depois: perda de visão, amputação de membros, infarto e AVC são algumas delas. Evitar tudo isso é possível e viável, mas depende muito de cada um, assim como de um sistema de proteção à saúde coletiva bem organizado.

O diabetes exige determinação e um atestado vitalício de cuidado com a saúde. E, para termos êxito nessa empreitada, podemos e devemos nos informar adequadamente, recorrer a associações de pacientes e serviços de saúde, ir ao médico e buscar os melhores tratamentos.

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O controle da glicemia é o pivô nesse jogo. Inclusive porque o diabetes pode ser silencioso ou tão traiçoeiro como a Covid-19, que tanto nos assusta. Como os números do último atlas indicam, não dá para deixar o diabetes de fora das prioridades. Vencer o jogo depende do engajamento de cada um de nós e de persistência e responsabilidade frente à doença.

* Domingos Malerbi é endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD)

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