Assine VEJA SAÚDE por R$2,00/semana
Imagem Blog

Com a Palavra

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Neste espaço exclusivo, especialistas, professores e ativistas dão sua visão sobre questões cruciais no universo da saúde
Continua após publicidade

“Bom dia, Verônica” e a triste realidade da violência doméstica no Brasil

Seriado expõe uma das chagas no dia a dia de muitas brasileiras. Psicóloga analisa o problema

Por Ana Carolina Nucci, psicóloga*
Atualizado em 16 mar 2022, 11h37 - Publicado em 16 mar 2022, 10h57

“Bom dia, Verônica” é uma série de TV lançada pela Netflix em 2019 cuja história gira em torno de uma secretária de polícia (a Verônica), que, ao perceber a falta de ação de seu chefe, decide investigar por conta própria crimes contra mulheres. Um dos casos é o de Janete, uma mulher que sofre violência física e psicológica praticada pelo marido, o policial Brandão.

Como acontece com a maioria das mulheres vítimas de violência, Janete sente medo do agressor, apanha, tem sua rotina fiscalizada, não tem acesso à internet e nem contato com a família.

Sem forças para se opor ao marido e já distanciada de si mesma, ela pede ajuda a Verônica após vê-la dando uma entrevista na televisão sobre o suicídio de uma jovem mulher.

A violência psicológica vivida por Janete mostra um longo processo de esquecimento de quem ela é, tornando-a vulnerável e facilitando a agressão. O agressor, por sua vez, a manipula para que isso aconteça, para que a vítima perca cada vez mais sua autonomia e identidade.

Além disso, o personagem ilustra características muito comuns nos agressores: um homem gentil e profissional exemplar que, na maior parte do tempo, agride a mulher com olhares e falas, de uma forma calma e pausada, e, em poucos momentos, explode ou parte para a agressão física. Isso ilustra a violência psicológica no dia a dia.

Compartilhe essa matéria via:

Infelizmente, o final de Janete não é diferente de muitos casos da vida real. Verônica não consegue salvá-la e a personagem morre queimada pelo próprio marido.

Continua após a publicidade

Apesar de ser uma ficção, podemos conviver mais perto do que imaginamos com “Janetes”, “Brandões” e mesmo o despreparo da polícia e da sociedade ao lidar com mulheres em situação de violência.

De acordo com os dados do projeto Justiceiras, criado para o acolhimento de vítimas de violência doméstica, em 2021 a quantidade de denúncias aumentou de 340 casos por mês para mais de 650.

Muitas vezes, na ausência da violência física, as pessoas não compreendem a agressão por meio das palavras ou dos abusos de poder, naturalizando a violência psicológica.

Por isso, é fundamental conhecer e atentar a qualquer sinal de violência no relacionamento, até porque nem sempre as vítimas conseguem identificar o problema sozinhas.

+ LEIA TAMBÉM: O que é um relacionamento abusivo? Livro ajuda a reconhecer sinais

Controle, ciúme excessivo, olhares intimidadores, agressões verbais, falas depreciativas em tons de “brincadeira”, desrespeito e abuso de poder sobre a decisão da parceira… Tudo isso é sinal de uma relação abusiva. Mas o que seria uma relacionamento saudável?

Continua após a publicidade

Uma relação saudável não se baseia só na ausência de conflitos. Cada casal tem seus desafios, já que somos seres humanos complexos por natureza.

A premissa básica, porém, é que o relacionamento envolva respeito, autonomia, carinho, atenção, confiança e liberdade

Repito: agressões e abusos, psicológicos ou físicos, não fazem parte de um relacionamento saudável. Se acontecer com você, ligue 180 e denuncie.

* Ana Carolina Nucci é psicóloga, idealizadora da comunidade Psicologar e organizadora do livro recém-lançado Mulheres no Cinema: Uma Análise do Feminino (Editora APMC)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

A saúde está mudando. O tempo todo.

Acompanhe por VEJA SAÚDE.

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.