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Colostomia e ileostomia: para quem são indicadas e os cuidados necessários

A cantora Preta Gil está fazendo uso de uma bolsa que desvia o trânsito intestinal para fora do corpo. Especialista explica a importância do procedimento

Por Hélio Antônio Silva, coloproctologista*
5 out 2023, 10h09
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Preta Gil usa bolsa que desvia o trânsito intestinal para fora do corpo (Foto: Twitter/Reprodução)
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Recentemente, a cantora Preta Gil anunciou em suas redes sociais que está fazendo uso de uma bolsa de ileostomia após remover cirurgicamente um tumor no intestino.

A postagem pode ter causado dúvidas e curiosidade em algumas pessoas sobre a finalidade da bolsa acoplada ao abdômen. Afinal, para que serve aquele acessório? E é possível levar uma vida normal com ele?

Colostomia e ileostomia são procedimentos cirúrgicos que envolvem a criação de uma abertura artificial no abdômen, conhecida como estoma, para desviar o trânsito intestinal para fora do corpo.

Eles são realizados em diferentes porções do órgão e situações clínicas. E podem ser temporários ou definitivos, dependendo das necessidades de cada um.

+ Leia também: Quem deve fazer o exame de colonoscopia?

Quem precisa de uma?

A colostomia é uma cirurgia que envolve a ligação de uma parte do cólon (intestino grosso) à parede abdominal, criando um estoma (abertura) através do qual as fezes são eliminadas. Essa cirurgia é indicada em diversas situações, incluindo:

1. Doenças Inflamatórias Intestinais (DII): pacientes com colite ulcerativa ou doença de Crohn podem precisar de uma colostomia quando o tratamento medicamentoso não é eficaz ou na presença de complicações graves.

2. Câncer colorretal: em casos de câncer do reto muito próximos ao ânus ou tumores avançados de cólon ou reto, uma colostomia pode ser necessária para desviar o trânsito intestinal e permitir a remoção do tumor.

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3. Trauma abdominal: lesões graves no abdômen, como ferimentos de bala ou acidentes de carro, podem exigir uma colostomia temporária para facilitar a cicatrização.

+ Leia também: Câncer colorretal: como garantir qualidade de vida a quem fez cirurgia

Já a ileostomia é semelhante à colostomia, mas envolve o desvio do íleo, a parte final do intestino delgado. As principais indicações para ileostomia incluem:

1. Doença de Crohn: indivíduos com esta condição podem precisar da intervenção na mesma situação que leva a à colostomia: quando o os remédios não controlam os sintomas ou em casos de obstrução intestinal.

2. Câncer de íleo ou jejuno: tumores no intestino delgado podem exigir a remoção de parte do íleo.

3. Colectomia total: em alguns quadros de colite ulcerativa grave ou polipose adenomatosa familiar, é necessária a remoção de todo o cólon, o que resulta em uma ileostomia permanente.

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Bolsas de colostomia podem ser usadas após uma cirurgia contra um câncer no intestino (Ilustração: Jonatan Sarmento/SAÚDE é Vital)

Definitivas ou temporárias?

Tanto a colostomia quanto a ileostomia podem ser temporárias ou definitivas.

As temporárias são criadas com a intenção de serem revertidas após um tempo. Isso ocorre frequentemente em casos de trauma ou inflamação aguda, ou de cirurgia para câncer de reto quando o desvio do trânsito intestinal é necessário para permitir a recuperação da região.

As definitivas, como o nome indica, não podem ser revertidas.

Geralmente, são indicadas quando a remoção de uma parte significativa do órgão torna impossível a conexão com o restante do trato gastrointestinal. Isso é comum em casos de câncer avançado ou doenças crônicas graves.

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+ Leia também: Por que os exames de rastreamento são importantes no combate ao câncer

Cuidados

Aqui estão algumas medidas essenciais:

1. Higiene: manter a área ao redor do estoma limpa e seca é fundamental para prevenir irritações e infecções. Use água morna e sabão neutro.

2. Troca regular: as bolsas devem ser trocadas regularmente, conforme necessário. Isso evita vazamentos e desconforto.

3. Monitoramento: verifique o estoma quanto a sinais de irritação, sangramento ou mudanças na aparência. Consulte o médico se notar algo incomum.

4. Alimentação: siga as orientações dietéticas do profissional de saúde para evitar problemas digestivos. Em casos de ileostomia, a ingestão de alimentos ricos em fibras pode ajudar a engrossar as fezes, que são mais líquidas.

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5. Apoio psicológico: algumas pessoas podem passar por dificuldades emocionais após a cirurgia. Busque apoio de grupos de pacientes ou profissionais de saúde mental, se necessário.

Temos uma ótima opção na DII Brasil, organização não governamental que apoia pacientes portadores de doenças inflamatórias intestinais e oferece um suporte importante para quem tem estomas.

+ Leia também: Entenda o que é o câncer colorretal, diagnosticado em Preta Gil

A importância das bolsas

Por fim, vale enfatizar que a colostomia e a ileostomia são procedimentos cirúrgicos importantes, que podem melhorar a qualidade de vida de indivíduos com diversas condições de saúde.

A escolha entre colostomia e ileostomia, bem como a decisão de torná-las temporárias ou definitivas, depende da situação clínica de cada um.

Com os cuidados adequados, é possível viver de forma saudável e satisfatória com um estoma, conforme constatamos com o testemunho da Preta Gil e de tantos outros estomizados.

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É essencial que os pacientes recebam suporte e orientação adequados de profissionais de saúde para enfrentar os desafios associados a essas cirurgias.

* Hélio Antônio Silva é coloproctologista, diretor de comunicação da Sociedade Brasileira de Coloproctologia e vice-presidente da Sociedade Mineira de Coloproctologia

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