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Como trazer mais qualidade de vida e autonomia a quem tem Parkinson

Três médicos de especialidades diferentes contam o que deve ser levado em conta para tratar a doença e preservar o bem-estar dos pacientes

Por Ana Paula Bogdan, René Gleizer e Marcelo Altona, médicos*
18 abr 2022, 10h37
parkinson e envelhecimento
Parkinson pode causar dificuldades de locomoção; tratamento ajuda a controlar sintomas.  (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Com o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população, cresce também a incidência de problemas de saúde crônicos e neurológicos, como é o caso da doença de Parkinson.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que, em 2020, o brasileiro já estava vivendo, em média, 76,8 anos. Em 2041, a projeção é alcançar os 80. Teremos um maior número de idosos e a necessidade de lidar com o maior risco de doenças com o avançar da idade.

O Parkinson é considerado a segunda doença neurodegenerativa mais prevalente no mundo. Afeta cerca de 6,3 milhões pessoas. No Brasil, ainda que não tenhamos dados oficiais, calcula-se que existam mais de 200 mil indivíduos com o distúrbio, um número que pode ser ainda maior.

A condição atinge tanto homens quanto mulheres, sendo um pouco mais frequente no gênero masculino. A causa é multifatorial: engloba de predisposição genética a fatores ambientais. Pesquisas sugerem que situações como ingestão excessiva de alimentos de origem animal, contato com pesticidas ou presença prévia de diabetes e sobrepeso estão associados à enfermidade.

A maioria dos casos é de natureza esporádica. Não tem tanta relação com herança familiar. Porém, quando o diagnóstico é realizado antes dos 50 anos, aumenta a probabilidade de estar ligado a fatores genéticos. Em geral, os primeiros sintomas do Parkinson aparecem após os 60 anos.

+ LEIA TAMBÉM: Pesquisa avalia impacto de medicamento no equilíbrio de pessoas com Parkinson

O que acontece com o corpo?

Trata-se de uma doença degenerativa e crônica do sistema nervoso central, caracterizada por perda progressiva na função dos neurônios que produzem dopamina, um importante neurotransmissor. Isso impacta o indivíduo de forma sistêmica, principalmente sua coordenação motora.

Entre os sintomas de início, a depender do estágio da doença, estão tremores em repouso, movimentos desiguais e rígidos, falta de equilíbrio, entre outros, podendo ocorrer também dificuldades e problemas para urinar e evacuar.

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Falando do trato urinário, os pacientes se queixam de levantar-se durante a noite para ir ao banheiro, do aumento (ou redução) da frequência durante o dia, bem como de urgência miccional e da incontinência urinária.

Essas manifestações podem aparecer mais tardiamente, mas não devem ser negligenciadas nem confundidas com outros quadros, como o aumento da próstata.

Avanços no tratamento

Sabemos que as inovações científicas na medicina têm íntima relação com o aumento da expectativa e da qualidade de vida. Desde a implementação de vacinas e antibióticos, passando por remédios para doenças crônicas e novas abordagens cirúrgicas, melhoramos muito as condições dos pacientes.

A tecnologia aplicada ao diagnóstico precoce e o estímulo a bons hábitos de vida potencializaram os êxitos nesse sentido.

Quanto ao Parkinson, apesar de a doença não ter cura e progredir na maioria das vezes, temos hoje tratamentos eficazes que ajudam a aliviar os sintomas motores e urinários e a garantir mais bem-estar ao paciente.

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A resposta a um medicamento (prolopa, ou seus agonistas) inclusive auxilia, junto à observação dos sinais clínicos, o diagnóstico definitivo.

+ Leia também: Parkinson: estudo mede tempo de ação de remédio que controla equilíbrio

No tratamento, a meta é reduzir a rigidez, controlar os tremores e melhorar a lentidão na execução de movimentos. Também visamos atuar sobre a fadiga, a constipação intestinal, as dores, problemas com o sono e transtornos como ansiedade e depressão.

Com o tempo, os pacientes relatam marcha mais lenta, dificuldade para escrever, diminuição do volume da voz e, nas fases mais avançadas, comprometimento cognitivo. O tratamento tem a missão de retardar ou, se possível, evitar esses desfechos.

Pensando no trato urinário, hoje contamos com técnicas como aplicação de toxina botulínica na bexiga ou neuromodulação para os casos que não respondem às intervenções de primeira linha.

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Além das medicações para o controle do Parkinson, o cuidado multidisciplinar é fundamental. Ele inclui fisioterapia, terapia ocupacional e fonoaudiologia.

Como se trata de uma doença crônica, as consultas regulares e frequentes ao neurologista e ao geriatra são importantes para planejar o tratamento e avaliar a resposta (e os efeitos colaterais) dos medicamentos.

O principal objetivo do tratamento é minimizar a incapacidade física e cognitiva e manter a pessoa com a maior autonomia possível.

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A importância do diagnóstico precoce

O diagnóstico do Parkinson ainda é predominantemente clínico. Sua identificação depende de o médico entender o histórico, os sinais e sintomas do paciente e somar essas informações ao exame físico. Quanto mais cedo a doença for detectada, melhor.

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Isso pressupõe uma intervenção mais precoce, que permite ao paciente continuar realizando suas tarefas laborais e suas atividades de lazer. O acompanhamento médico e especializado faz diferença, ainda mais se lembrarmos que, com o envelhecimento, é possível conviver com um acúmulo de doenças.

Por fim, cabe ressaltar que quem tem Parkinson pode usufruir dos benefícios que a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência nº 13.146, de 6 de julho de 2015, desde que haja avaliação da deficiência realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar.

Continue sua rotina de acompanhamento médico e, com o envelhecimento, fique atento a eventuais sinais dessa doença. Felizmente, se pudermos diagnosticar e tratar quanto antes, mais sucesso teremos com o plano terapêutico.

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Ana Paula Bogdan é urologista, coordenadora do departamento de Uroneuro da Sociedade Brasileira de Urologia de São Paulo; René Gleizer é neurologista e médico do Departamento de Pacientes Graves do Hospital Israelita Albert Einstein (SP); Marcelo Altona é geriatra e médico assistente do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP

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