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Exercício na gestação traz benefícios inclusive para o bebê

Novo estudo indica que mudanças induzidas pela atividade física ajudam a evitar doenças futuras na criança, entre elas o diabetes. Especialista comenta

Por Fernando Prado, ginecologista e obstetra*
16 Maio 2022, 09h53
Foto de mulher grávida fazendo exercício físico
Exercícios na gravidez têm efeitos positivos sobre a placenta. (Foto: GI/Getty Images)
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O exercício físico é fundamental durante todos os momentos da vida. Na gestação não poderia ser diferente. Ganha a mãe, ganha o bebê. E um novo estudo acaba de mostrar que a atividade física nessa fase melhora inclusive a saúde futura da criança, mesmo se a mulher estiver acima do peso.

A obesidade e o diabetes tipo 2 têm aumentado entre as mulheres. Mais de 30% daquelas em idade fértil nos países ocidentais e asiáticos são classificadas hoje como obesas. Enquanto isso, a projeção é que 630 milhões de pessoas adultas vivam com diabetes até 2045.

E isso reflete até na geração seguinte. Crianças nascidas de mães com obesidade ou diabetes encaram maior risco de desenvolver elas mesmas diabetes, mesmo tendo depois uma vida saudável. O crescimento da obesidade materna cria, assim, um ciclo preocupante, em que o risco de problemas metabólicos acaba sendo transmitido de geração em geração.

+ LEIA TAMBÉM: Diabetes em transformação, o que está mudando no tratamento

Uma das formas de prevenir ou controlar o excesso de peso é o exercício físico. Até mesmo na gestação. No novo estudo, pesquisadores da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, descobriram como uma substância liberada pela placenta após o exercício (a enzima SOD3) melhora a saúde do filho a ponto de anular os efeitos da obesidade materna e de dietas inadequadas.

Essa molécula é capaz de inibir anormalidades induzidas por hábitos da mãe no metabolismo da glicose do feto, diminuindo a probabilidade de a criança ter diabetes no futuro.

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De acordo com a publicação, quando a mãe consome uma dieta rica em gordura e fica acima do peso, ocorre uma mudança genética nos filhos que altera a expressão de genes que regem o uso adequado da glicose pelo organismo.

No entanto, esses efeitos nocivos ao bebê são revertidos quando a mãe faz exercícios regularmente. Experimentos com a manipulação genética da enzima SOD3 placentária revelaram que ela é indispensável para a “proteção materna” do feto.

Dadas a simplicidade e a relação custo-benefício do exercício, incentivar as gestantes a se movimentar diariamente é uma das melhores estratégias para frear as taxas alarmantes de obesidade e diabetes tipo 2, inclusive entre as crianças.

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As orientações para fazer atividade física nesse contexto são essenciais. O ideal é que sejam exercícios leves ou moderados que respeitem as limitações da gestante. Caminhada, trote, natação, hidroginástica, pilates e ioga estão entre as boas opções, assim como a musculação, com a única ponderação de não se abusar dos pesos.

O corpo da mãe agradece, e o do bebê também.

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* Fernando Prado é ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana, doutor pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e pelo Imperial College de Londres, na Inglaterra

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