A hanseníase é considerada uma doença infecciosa, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, e que pode acometer qualquer indivíduo. Se não for tratada rapidamente, atinge os nervos e prejudica os movimentos – às vezes de forma irreversível.
Para ter ideia, há pacientes que ficam com os dedos das mãos contraídos em forma de garras, o que dificulta a movimentação e as atividades do cotidiano.
Por conta desse tipo de dano, a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) sempre reforça o alerta para os sintomas, que são:
- Não ter sensibilidade às alterações térmicas ou dolorosas (por exemplo: não sentir a pele queimar no fogão ou em outra fonte de calor)
- Manchas no corpo – em geral, podem ser avermelhadas, amarronzadas ou mais claras que o tom de pele. Caroços e inchaços podem aparecer em quadros avançados
- Os pacientes podem sentir ainda leves choques e impressão de picadas nas lesões, nas mãos e/ou pés
Neste Janeiro Roxo, e durante todo o ano, a SBD reforça que o preconceito é desnecessário e prejudicial, já que atrasa e dificulta o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento.
Vale destacar que, se a descoberta da doença ocorrer logo após os primeiros sinais, o tratamento pode ser simples, à base de remédios antibióticos.
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Histórico de estigmas
O nome da doença vem do norueguês Gerhard Armauer Hansen, médico e pesquisador de saúde pública. Foi ele quem identificou o bacilo causador da hanseníase que, séculos atrás, já gerava preconceito, segregação e o isolamento dos pacientes. A condição era chamada de lepra, em tom pejorativo.
A hanseníase deixa de ser transmissível se o paciente iniciar o tratamento e terminá-lo. Além da marcante perda de sensibilidade diante de calor e frio, a doença provoca dor, fraqueza muscular e até prejuízos na visão. O Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase é lembrado no último domingo do mês de janeiro.
A hanseníase no mundo
Em 2020, a Organização Mundial da Saúde identificou 127 396 casos novos da doença no planeta. Desses, 17 979 foram notificados no Brasil.
O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde sobre a doença, publicado neste ano, trouxe dados preliminares de 2021, que apontaram que o Brasil diagnosticou 15 155 casos novos de hanseníase.
Ou seja, houve uma queda representativa de diagnósticos. Tal situação pode estar relacionada à pandemia, já que houve fechamento dos serviços e, consequentemente, um menor acesso a consultas e exames.
Diante desse cenário, e por ser uma doença cujo diagnóstico precoce favorece o tratamento e evita danos maiores, é de suma importância orientar as pessoas sobre os sintomas, além de dar acesso ao tratamento – ele é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
É fundamental frisar que o estigma é resultado de ignorância, desconhecimento e atraso.
Lutemos munidos de informação e campanhas educativas, para que a doença e o preconceito saiam de cena e permitam uma vida saudável a quem teve a doença ou recebe seu diagnóstico.
*Egon Daxbacher é dermatologista do Departamento de Hanseníase da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)