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Melanina: e se esse pigmento que dá cor e protege a pele virasse um creme?

Uma versão de melanina sintética é apresentada em estudo. Trabalho notou cura de danos que ocorrem ao longo do dia quando a pele é exposta à luz solar

Por Ana Maria Pellegrini, dermatologista*
12 jan 2024, 15h47
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Melanina sintética e biomimética foi apresentada em um estudo publicado na Nature (Foto: Fábio Castelo/Veja Saúde)
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Um dos grandes destaques da indústria farmacêutica é a possibilidade de atuar com ingredientes biomiméticos, isto é, que simulam ações que ocorrem no nosso corpo. E o mais recente destaque é a melanina sintética e biomimética, apresentada em um trabalho publicado na Nature.

Mas por que escolheram a melanina? Ela é conhecida como o pigmento que dá cor à pele, aos olhos e aos cabelos. A melanina também age como um filtro natural que absorve e dispersa a luz solar – ou seja, ela protege a pele.

É por isso que nossa pele mancha: o escurecimento após a exposição solar é uma reação para fotoproteger o material genético (DNA) celular.

+ Leia também: Protetor solar em cápsula funciona?

Voltando ao creme daquele estudo, os pesquisadores notaram uma dupla ação: de potencialização da proteção solar e de reparação dos danos.

A melanina sintética apresentada imita a melanina natural da pele humana. Ela pode ser aplicada em uma pele ferida, acelerando a cicatrização, e na pele aparentemente íntegra, para proteger ou reparar danos internos.

A tecnologia funciona eliminando os radicais livres, produzidos por lesões na pele, como queimaduras solares, além de acalmar o sistema imunológico. Ao diminuir a inflamação destrutiva nessa superfície, o corpo pode começar a curar em vez de ficar ainda mais inflamado.

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Em contrapartida, se não for controlada, a atividade dos radicais livres danifica as células e, em última análise, pode resultar em envelhecimento da pele e câncer na região.

+ Leia também: Insolação: o que causa e quais são os cuidados para evitá-la

Quando criaram as nanopartículas sintéticas de melanina, os cientistas modificaram a estrutura da melanina para ter maior capacidade de eliminação de radicais livres.

Ou seja, ela foi criada como uma super melanina: mais forte, biocompatível, degradável, não tóxica e transparente quando aplicada na pele.

Muitas pessoas não notam os danos solares, mas eles ocorrem também internamente. Ao expor sua pele todos os dias ao sol, você sofre um bombardeio constante e de baixo grau de luz ultravioleta. Isso piora durante os horários de pico do meio-dia e no verão. Sabemos que a pele exposta ao sol envelhece mais que a pele protegida por roupas e filtro solar.

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Esses danos são cumulativos. Todos esses insultos silenciosos à pele levam à formação de radicais livres que causam inflamação e quebram o colágeno. Essa é uma das razões pelas quais a pele mais velha parece muito diferente da mais jovem.

+ Leia também: Saiba como se cuidar contra o câncer de pele

Além disso, a exposição crônica pode furar esse bloqueio da melanina natural da pele, danificando o DNA celular – o que é um risco, pois aumenta a chance de cancerização do paciente.

A melanina sintética ainda seria útil para cicatrização, tratamento de bolhas e feridas abertas e para pacientes em tratamentos oncológicos de radioterapia.

Com os resultados do estudo, podemos dizer que, se a melanina de fato parar em um creme disponível para a população, ganharemos uma arma fantástica para a proteção da pele.

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*Ana Maria Pellegrini é médica especialista em Dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), com especialização também em Medicina Estética e Medicina do Trabalho. É membro da SBD e foi presidente da distrital norte-fluminense da mesma instituição, além de ser a responsável técnica da clínica PELLE e de comandar o podcast Questão de Pelle.

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