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O uso de anticoncepcionais pode aumentar o risco de câncer de mama?

Para encerrar o Outubro Rosa, especialista comenta a relação entre métodos contraceptivos e os tumores nos seios

Por Ricardo Bruno, ginecologista*
31 out 2023, 18h06
Relação entre a pílula e o câncer de mama é estudada há anos, mas nunca foi confirmada  (VEJA SAÚDE/SAÚDE é Vital)
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Afinal, usar anticoncepcional eleva o risco de ter câncer de mama? Tenho certeza que, em algum momento, você já escutou algo relacionado a esse assunto. Inclusive, este é um temor muito comum entre as pacientes que me procuram.

A preocupação tem sentido, visto que o câncer de mama é um dos que mais mata no Brasil. E a dúvida não é apenas das mulheres, mas da comunidade médica.

Ela tem como origem a composição da maioria dos métodos contraceptivos, que costumam ser desenvolvidos com uma combinação de progestagênio e estrogênio. Esses hormônios estão relacionados ao estímulo das células que poderiam ter ligação com o desenvolvimento da doença.

Porém, a informação nunca foi confirmada por pesquisas robustas, que sejam aceitas como válidas pela ciência médica.

Diversos estudos buscaram entender esse possível elo, como um trabalho realizado com 1,8 milhão de mulheres da Dinamarca com idades entre 15 e 49 anos, sem histórico de câncer.

Durante cerca de 10 anos, foram identificados 11.517 casos de câncer de mama no grupo, sendo um caso a mais do que o esperado para cada 7.690 usuárias de anticoncepcionais hormonais. Quando comparados com dados de mulheres que nunca fizeram uso das pílulas, o risco relativo de ter a doença foi 20% superior em relação às não usuárias.

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+ Leia também: Há um anticoncepcional ideal para cada mulher?

O tema é delicado, tanto que ainda não há um consenso, mesmo que tente-se estabelecer essa relação há anos. O estudo dinamarquês, por exemplo, não levou em consideração outros fatores de risco, que podem até terem sido desencadeados ao longo da investigação.

Lembrando que também não há estudos que comprovem o contrário, ou seja, que o anticoncepcional não eleva o risco de câncer de mama.

Mulheres que não desejam a utilização de nenhum tipo de hormônio podem usar alternativas com total segurança e eficácia, como é o caso do dispositivo intrauterino (DIU) de cobre ou o de cobre com prata.

Trata-se de um método de longa duração e, com ele, não há o risco de esquecimento, como nas pílulas, que precisam ser tomadas todos os dias.

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E para quem já tem ou teve câncer de mama?

Em caso de histórico pessoal ou de familiar de primeiro grau com a doença, o uso de anticoncepcionais hormonais, sejam eles DIUs, pílulas ou implantes deve ser discutido com muito cuidado junto ao ginecologista.

O ginecologista deve sempre ser informado pela paciente sobre esse histórico e, em casos onde ele exista, orientá-la sobre os melhores e mais seguros métodos. Nesse cenário, o mais indicado costuma ser o DIU de cobre ou o de cobre com prata.

Um contraponto importante de ser mencionado é que existem estudos robustos mostrando que os anticoncepcionais são os maiores protetores para o câncer de ovário.

+ Leia também: Câncer de mama: conheça os direitos de pacientes com a doença

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Prevenindo e flagrando o câncer de mama

A mulher precisa se consultar uma vez por ano com um ginecologista. O autoexame não exclui a ida ao médico, pois, normalmente, com ele, só é possível detectar tumores maiores e mais superficiais, enquanto a apalpação de um profissional pode achar tumores menores e mais profundos.

A questão do autoexame é controversa, inclusive entre as sociedades e os formadores de opinião, já que existe o risco da paciente não detectar os tumores, retardando assim um possível diagnóstico precoce da doença.

Outro ponto importante a se destacar é que, de acordo com o Ministério da Saúde, a prevalência maior do câncer de mama está em mulheres acima de 50 anos ou que estejam no pós-menopausa. Já segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, a faixa etária cai para os 40 anos.

Então é importante que, quando a mulher chegue a essa idade, seja feita regularmente a mamografia.

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Além disso, precisamos lembrar que os principais fatores de risco da doença não se restringem a idade avançada, mas também ao estilo e qualidade de vida. Ter uma boa dieta, não fumar, fazer exercícios… Tudo isso pode ajudar a prevenir qualquer tipo de câncer, inclusive o de mama!

*Dr. Ricardo Bruno, Mestre e Doutor em Medicina (pela Universidade Federal do Rio de Janeiro), Chefe do Serviço de Reprodução Humana do Instituto de Ginecologia da UFRJ e Diretor Médico da Exeltis Brasil.

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