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Quem tem problema cardíaco pode se exercitar?

Não só pode como deve! O mito de que a atividade física é contraindicada a pessoas com problemas no coração não se fundamenta em evidências científicas

Por Gustavo Monnerat, fisiologista*
29 Maio 2021, 18h35
ilustração de idoso malhando
Musculação e outras modalidades supervisionadas ajudam a melhorar a qualidade de vida de pessoas com problemas no coração. (Ilustração: Matheus Costa/SAÚDE é Vital)
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Estima-se que no Brasil existam mais de 14 milhões de cardiopatas, pessoas que convivem com doenças cardíacas. Com o aumento da expectativa de vida da população, a previsão é que esse número cresça, acarretando ainda mais danos pessoais, sociais e econômicos.

Uma crença foi construída e ganhou força ao longo de décadas fazendo muitos acreditarem que o esforço excessivo seria o causador de problemas no coração. A partir desse conceito errôneo, aconselhava-se que os pacientes com doenças cardíacas deveriam repousar para recuperar suas forças. No entanto, os estudos mais recentes apontam justamente o contrário, e a reabilitação cardíaca hoje é uma realidade.

Doenças do coração podem ser extremamente limitantes fisicamente. Alguns cardiopatas chegam ao ponto de não conseguir realizar atividades básicas diárias, como pentear o próprio cabelo ou tomar banho, sentem constantemente fraqueza muscular, cansaço e falta de ar.

Por outro lado, o que se observa em centros de reabilitação é que, com estímulos físicos e acompanhamento adequado, isso pode ser revertido e prevenido, tornando funcionais os pacientes que outrora dependiam de cuidados constantes.

É comum acreditar que portadores de problemas no coração só podem fazer atividades físicas leves, como caminhadas e alongamentos. Isso é um dos principais erros e um dos fatores limitadores do ganho de capacidade física e qualidade de vida.

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Pesquisas desenvolvidas em centros especializados e hospitais universitários mostram que o ganho de força através da musculação é uma ferramenta-chave para a saúde e o bem-estar dessa população. Quebrando vários paradigmas, cientistas mostram que, além da musculação, treinamentos intervalados de alta intensidade podem ser seguros e altamente eficientes em cardiopatas.

Agora, é muito importante ressaltar que não é uma questão de simplesmente pegar o tênis e subir numa esteira. Antes de começar as atividades ou se matricular em uma academia, quem tem um problema no coração precisa ter seu risco avaliado por um médico. Inclusive porque algumas situações, como arritmias e alterações nas válvulas cardíacas, podem restringir a prática esportiva.

Ser cardiopata não é sinônimo de ter baixo condicionamento físico para sempre: é possível, saudável e recomendável praticar atividade física de maior intensidade e recuperar a qualidade de vida. Contudo, a supervisão e o acompanhamento qualificados são imperativos para a segurança do processo — e, não à toa, configuram um mercado em ascensão para os profissionais da saúde.

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A avaliação por um fisiologista para a personalização do treinamento é fundamental para potencializar os resultados e minimizar os riscos. A maior contraindicação é ficar parado.

* Gustavo Monnerat é profissional de educação física, PhD em fisiologia do exercício e fisiologista do Clube de Regatas Flamengo

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