Sexo e coração: não se esqueça dele na hora agá
Novo estudo traz alerta para casos de morte súbita durante ou após o ato sexual entre homens jovens. Cardiologista comenta
Nosso intuito não é colocar nenhum homem em pânico, mas alertar para alguns cuidados, já que o coração pode penar em um momento que teria tudo para ser prazeroso. Pois um estudo recente vem mostrar que, embora não seja algo comum, mesmo homens jovens e sem problemas cardíacos aparentes podem ter uma parada e sofrer morte súbita durante ou após a atividade sexual.
Sim, você já deve ter assistido a alguma cena no cinema ou mesmo lido alguma notícia sobre alguém famoso que morreu na hora agá. A questão é que o sexo não deixa de ser um exercício físico que pode ser mais intenso e extenuante em algumas situações.
Isso desencadeia aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca e pode levar a arritmias e infarto em quem tem suscetibilidade.
O estudo, publicado no Journal of the American Medical Association (Jama), analisou 6 800 autópsias de pacientes que morreram subitamente e descobriu que 0,2% dessas mortes estavam associadas à atividade sexual e envolviam predominantemente homens jovens, em média de 38 anos.
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O achado mais importante da análise é que 53% dos pacientes que apresentaram morte súbita durante a prática sexual ou até uma hora após o ato possuíam coração estruturalmente normal.
O dado serve de alerta para a prevenção de ataques cardíacos. Além dos cuidados no estilo de vida, é importante fazer avaliações médicas periódicas, mesmo que não existam sintomas, a fim de detectar alguma alteração cardiológica que possa ser corrigida.
A atenção deve ser redobrada em indivíduos sedentários, com hipertensão ou diabetes e que apresentem história prévia de desmaios ou casos na família de morte súbita atribuídas a doenças cardíacas. Também não se deve menosprezar sintomas como falta de ar, dor no peito e sensação de coração acelerado.
Estar ciente disso é muito importante pois pessoas com doenças no coração correm maior risco de morte súbita, em especial aquelas com alterações no músculo cardíaco (miocardiopatias), infarto prévio, angina ou que fizeram cirurgia de revascularização do miocárdio (a popular ponte de safena).
Outro assunto que é um tabu entre os homens de meia idade e tem a ver com o coração é a disfunção erétil e a queda da libido. Não é raro vermos gente recorrendo às famosas “pílulas azuis” nessas situações.
Elas não fazem mal ao coração, mas, ao promover uma ereção mais prolongada e favorecer um ato sexual mais longo e vigoroso, podem inadvertidamente levar a um maior esforço do músculo cardíaco.
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Que fique claro: o que faz o sujeito morrer durante o sexo não é o comprimido para disfunção erétil, mas o esforço extenuante para o coração em alguém sem condicionamento físico adequado. Lembrando que a dificuldade para ter e manter ereção pode ter a ver com a doença cardiovascular.
A prevenção sempre é a melhor maneira de afastar esse tipo de complicação. Então, além de cuidar da alimentação e evitar o ganho de peso e o fumo, é fundamental controlar os níveis de pressão, colesterol e glicose. E não deixar de fazer exercícios físicos de forma regular.
Isso proporciona um condicionamento para a atividade sexual, tornando o ato em si mais seguro. Por fim, cabe destacar que o sexo tem um efeito protetor para o coração.
Fora ser um exercício de intensidade moderada, os hormônios liberados no momento ajudam a equilibrar as funções metabólicas e a saúde mental.
* Celso Musa é cardiologista dos Hospitais Samaritano Barra e Vitória, no Rio de Janeiro