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O Futuro do Diabetes

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Carlos Eduardo Barra Couri é endocrinologista, pesquisador da USP de Ribeirão Preto e criador do Endodebate e do Diacordis. Aqui ele mapeia os cuidados e os avanços para o controle do diabetes

Remédios manipulados para obesidade: o risco oculto da decisão da Anvisa

Proibição de semaglutida e liraglutida manipuladas é avanço, mas contradição na regulamentação da tirzepatida preocupa

Por Carlos Eduardo Barra Couri
28 ago 2025, 12h00
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Semaglutida é princípio ativo de medicamentos como Ozempic e Wegovy (Foto: David Petrus Ibars/Getty Images)
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No dia 25 de agosto de 2025, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou o Despacho nº 97, seguido da Nota Técnica nº 200/2025, buscando organizar as regras de manipulação de medicamentos antiobesidade no Brasil, como tirzepatida, semaglutida e liraglutida.

Estes medicamentos são peptídeos, moléculas complexas que simulam hormônios do corpo humano e cuja produção exige tecnologia avançada e controle rigoroso.

Apresar de tardia, achamos acertada a decisão da agência de reconhecer que a manipulação em massa destes compostos é insegura. O documento afirma de forma clara que a manipulação de peptídeos é “muito complexa e arriscada”, exigindo “análises sofisticadas para garantir que o medicamento seja seguro e eficaz”.

Outro ponto positivo foi o esforço para fortalecer os procedimentos de importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA), trazendo mais rigor ao controle sanitário.

+Leia também: Milagre ou receita de risco? Discutindo a manipulação de semaglutida e tirzepatida

A contradição que oferece riscos à sociedade

Apesar desses avanços, a nota técnica traz uma contradição preocupante:

Embora reconheça a insegurança da manipulação dos peptídeos – que pertencem todos à mesma classe terapêutica – a Anvisa estabeleceu regras diferentes para sua importação, dependendo da forma de fabricação:

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  • Peptídeos biológicos, como liraglutida e semaglutida: apenas empresas com medicamento registrado na Anvisa podem importar – garantindo padrões de qualidade adequados;
  • Peptídeos sintéticos, como a tirzepatida: a nova orientação abre brechas para importações que podem abastecer farmácias de manipulação, comprometendo a segurança dos pacientes.

Na prática, isso cria uma lacuna regulatória que mantém a tirzepatida (Mounjaro) manipulável, ainda que a própria Agência reconheça sua complexidade.

Mesmo quando produzida de forma sintética, a tirzepatida é uma molécula grande de estrutura extremamente complexa. Sua produção consistente exige:

  • Controle rigoroso em toda a cadeia (produção, transporte e armazenamento);
  • Tecnologias avançadas de fabricação;
  • Testes especializados de pureza, potência e estabilidade;
  • Garantia de ausência de contaminação, especialmente por se tratar de medicamento injetável.
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Essas exigências estão muito além da infraestrutura das farmácias de manipulação no Brasil. Ainda assim, segundo o laboratório Lilly do Brasil, já foram importados cerca de 28 kg de tirzepatida não original, quantidade suficiente para fabricar mais de 5,8 milhões de unidades de 5 mg manipuladas — sem os testes de eficácia e segurança que só a indústria consegue assegurar.

A manipulação no Brasil, em grande parte, não é feita para personalizar tratamentos, mas sim para criar um mercado paralelo de medicamentos em larga escala. E o cenário é ainda mais grave quando consideramos que alguns médicos vendem medicamentos manipulados diretamente aos pacientes — prática antiética e proibida conforme normas do Conselho Federal de Medicina.

Esperamos que medidas regulatórias fechem a lacuna entre peptídeos “biológicos” e “sintéticos”, proibindo a manipulação em larga escala da tirzepatida e garantindo proteção real aos pacientes.

Ninguém deveria ter permissão para fabricar em escala industrial ou comercializar medicamentos não testados, sem comprovação de eficácia e sem garantias de segurança.

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E principalmente: pessoas não deveriam se expor ao risco de colocar esses produtos em seus corpos.

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