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Virosfera

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O mundo também é dos vírus. E o virologista e especialista em coronavírus Paulo Eduardo Brandão, professor da Universidade de São Paulo (USP), guia nosso olhar sobre esses e outros micróbios que circulam por aí.

Admirável vírus novo: pode a IA criar formas de vida?

Pesquisa causa furor ao sugerir que a inteligência artificial pode criar patógenos. Veja o que realmente diz a ciência sobre o assunto

Por Paulo Eduardo Brandão
25 set 2025, 04h00 •
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A inteligência artificial está ampliando sua atuação na bioinformática  (Richard Drury/Getty Images)
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  • Um artigo científico publicado na semana passada está causando certo furor tanto na comunidade científica quanto fora dela.

    Na verdade, não é propriamente uma publicação, mas o que chamamos de pré-print: antes de mandar um estudo para uma revisão séria por outros cientistas — o processo conhecido como revisão por pares — é possível enviar um rascunho para sites de editoras científicas, permitindo uma prévia do que virá (talvez) a ser aceito como um artigo formal.

    O que está causando tanto furor é que, à primeira vista, parece que a inteligência artificial (IA) conseguiu criar uma nova forma de vida. Mas vamos entender com mais detalhes o que foi feito, o que isto representa e o que não.

    O estudo com o bacteriófago ΦX174

    Os autores, em sua maioria da Stanford University, nos EUA, trabalharam com um bacteriófago, um tipo de vírus que “come” bactérias. O modelo usado foi o bacteriófago ΦX174, que tem um genoma de 5.400 “letras” (cerca de 1/6 do tamanho do genoma dos coronavírus).

    A partir desse modelo e de sequências de bacteriófagos disponíveis publicamente, entrou em cena a IA, que ajudou a desenhar 300 variações do genoma do ΦX174.

    Desenhar genomas não é novidade, mas a diferença está no ganho de eficiência: manualmente, seria incrivelmente difícil combinar genoma modelo com características bioquímicas, viabilidade biológica, biotecnologia e amplitude de bactérias a serem infectadas.

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    Esse processo, feito à mão, é demorado e pouco produtivo.

    Da teoria ao laboratório

    A etapa seguinte envolveu métodos já dominados pela engenharia genética: pedaços dos genomas foram sintetizados (há máquinas que fazem isso), ligados por reações químicas em tubos de ensaio e depois inseridos em bactérias chamadas Escherichia coli — comuns no intestino humano. Os vírus resultantes foram então coletados e armazenados.

    Dos 300 possíveis novos vírus desenhados, 16 tiveram sucesso. Parece pouco? Na verdade, é um número expressivo: montar artificialmente genomas funcionais é desafiador, já que vários genes precisam trabalhar de forma coordenada dentro da bactéria hospedeira. A IA acelerou imensamente a fase de arquitetura genômica em computador, antes da transição para a etapa de engenharia prática.

    O que o avanço representa

    Esse resultado abre caminho para criar bacteriófagos sob medida, capazes de controlar infecções bacterianas, especialmente as resistentes a antibióticos. Um vírus calibrado pode destruir essas bactérias de maneira muito mais eficiente.

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    Além disso, a pesquisa sugere que poderemos aplicar IA no futuro para desenhar organismos mais complexos, como bactérias, protozoários e, quem sabe, até animais e plantas.

    Nestes últimos casos, ainda há grandes barreiras, principalmente na etapa laboratorial de engenharia genética. Mas, teoricamente, não há um limite — seria apenas uma questão de aprimorar a engenharia.

    O que a pesquisa não significa

    É importante esclarecer: a IA não criou vida. O que ocorreu foi que seres humanos usaram o laboratório para colocar em prática as sugestões da inteligência artificial.

    A IA pode, no futuro, ser capaz de criar vida? Talvez. Mas, por enquanto, ainda temos vantagem: somos nós que pensamos nas consequências, nos mecanismos de pesos e contrapesos e na própria ética. Ainda somos imensamente melhores que a IA nesses pontos.

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