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COP30: conheça as iniciativas brasileiras que conectam saúde e clima

Plataformas de dados, saúde mental, plano de ação, carta aberta e marcha marcam a presença brasileira na COP30

Por Layla Shasta
11 nov 2025, 17h51 •
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Pauta da saúde tem ganhado espaço nas últimas edições da COP (Tânia Rêgo/Agência Brasil/Reprodução)
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  • A COP30, conferência anual da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre mudanças climáticas, já começou em Belém (PA). O evento vai até o dia 21 de novembro e, pela terceira vez na história, a saúde humana vai ganhar um espaço oficial na sua programação.

    O assunto será destaque no Dia da Saúde, marcado para esta quinta-feira (13), quando especialistas, instituições e governos debaterão como a crise climática pode afetar o bem-estar das populações e quais caminhos seguir.

    Mas, antes mesmo do seu dia oficial, a temática já tem dado as caras em muitas ações que irão receber um destaque especial na conferência.

    O que o Brasil vai mostrar ao mundo

    Como anfitrião da conferência, o Brasil, que já enfrenta problemas de saúde pública decorrentes das mudanças climáticas, deve aproveitar o momento para mostrar suas experiências e propor novas soluções. O principal destaque é o lançamento do Plano de Ação em Saúde de Belém, elaborado pelo Ministério da Saúde para fortalecer a preparação dos países diante dos impactos ambientais.

    Além da iniciativa do governo federal, instituições de referência nacional participam da COP levando estudos, dados e propostas voltadas à adaptação e à prevenção de problemas de saúde ocasionados pelas mudanças no clima.

    O objetivo é fortalecer a capacidade de resposta do sistema diante de emergências climáticas, como enchentes, secas e ondas de calor.

    Plano de ação

    A ideia do Plano de Ação em Saúde de Belém foi apresentada pela primeira vez na COP29, e, desde então, o documento tem sido elaborado por meio de reuniões com financiadores, representantes da sociedade civil, da academia e outros governos. O texto trará três linhas de ação prioritárias:

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    • Vigilância e monitoramento, para identificar melhor os impactos das mudanças climáticas. Isso também ajuda a estabelecer relações de causa e efeito.
    • Preparação dos sistemas de saúde e dos profissionais com informações baseadas em evidência.
    • Pesquisa e inovação, para impulsionar a busca por soluções eficazes de mitigação e vigilância.

    Na COP30, os países discutirão o plano e aderirão ou não às medidas propostas.

    +Leia também:  COP30: o plano brasileiro para reduzir impacto da crise climática na saúde

    Tecnologia a serviço do planeta

    As instituições privadas também chegam ao evento com propostas importantes. O Einstein Hospital Israelita, por exemplo, apresentará o MAIS (sigla para “Meio Ambiente e Impacto na Saúde”), uma plataforma inédita que integra indicadores climáticos, de saúde e socioeconômicos em uma única interface.

    A ferramenta, ainda em desenvolvimento, busca traduzir em dados concretos como as mudanças do clima estão afetando a saúde dos brasileiros e deve ser disponibilizada para uso amplo até 2027.

    O sistema cruza informações públicas sobre temperatura, umidade, poluição do ar e ondas de calor com registros de doenças, internações e mortalidade. O levantamento cobre os 5.570 municípios brasileiros, com uma série histórica de três anos (2022 a 2024) e mais de 100 milhões de registros processados.

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    “Esses dados hoje estão dispersos em planilhas que não se conversam. A plataforma vai integrá-los e permitir visualizar tendências locais e temporais da saúde da população frente aos extremos climáticos”, explica o médico Sidney Klajner, presidente do Einstein.

    Com isso, será possível identificar padrões e correlações concretas entre variáveis ambientais e desfechos de saúde. “Por exemplo, se a mortalidade cardiovascular em uma região aumenta durante um extremo de temperatura — algo já descrito em estudos científicos —, poderemos comprovar [essa correlação] na realidade”, diz Klajner.

    Assim, segundo o diretor, o projeto se alinha aos três eixos do Plano de Ação de Belém e a expectativa é de que ajude a antecipar riscos e orientar políticas de adaptação do sistema de saúde aos impactos climáticos, oferecendo aos gestores públicos e pesquisadores uma ferramenta para planejar respostas mais rápidas e eficazes. 

    Fiocruz marca presença e destaca crise

    A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) também fará a apresentação de uma futura plataforma que conecta dados de saúde, sociais, ambientais e climáticos. É a Plataforma Cidacs-Clima, desenvolvida pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).

    O sistema vai reunir informações de satélite, registros terrestres e dados sobre eventos climáticos extremos, ajudando a investigar como políticas públicas e sociais podem mitigar os efeitos das adversidades climáticas.

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    Além disso, a instituição já divulgou no evento uma Carta Aberta com 11 recomendações para a COP30, que destaca: “a crise climática é, antes de tudo, uma crise de saúde”. O documento defende que a saúde seja tratada como eixo orientador da ação climática global, e não apenas como consequência dos impactos ambientais.

    Outro ponto alto é o lançamento da Rede Saúde e Clima Brasil, uma parceria entre o Ministério da Saúde, a Fiocruz e outras instituições. A iniciativa conecta pesquisadores, gestores e comunidades locais para fortalecer a ação coletiva diante das mudanças climáticas.

    +Leia também: Saúde precisa estar na agenda climática dos governos

    Saúde mental para vítimas de desastres

    O Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), tem como carro-chefe a apresentação do Projeto Recomeçar, criado para cuidar da saúde mental de comunidades afetadas pelas enchentes de 2024 no estado. A iniciativa também é desenvolvida em parceria com o Ministério da Saúde, por meio do PROADI-SUS, e tem a meta de atender cerca de 10 mil pessoas na sua primeira fase.

    O programa adota o protocolo “Enfrentando Problemas+”, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), uma intervenção psicológica baseada em técnicas validadas internacionalmente para pessoas expostas a situações adversas. São até sete encontros com ferramentas práticas para lidar com o estresse, a ansiedade e o sofrimento emocional.

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    Com duração prevista até dezembro de 2026, o Recomeçar também servirá como base para um estudo científico sobre os resultados do programa. A ideia é que o projeto permita o preparo do sistema de saúde diante de cenários climáticos extremos. O Superintendente de Riscos, Qualidade e Responsabilidade Social do hospital, Admilson Reis da Silva, destaca a importância da medida.

    “Quando falamos em mudanças climáticas, estamos tratando de um fenômeno transversal, que afeta aspectos sociais, econômicos e de saúde. Tudo isso provoca uma mudança profunda na vida das pessoas e aumenta a demanda e o estresse sobre o sistema de saúde”, diz Silva.

    A expectativa, segundo Silva, é de que o modelo forneça subsídios ao Ministério da Saúde para o desenvolvimento de protocolos de resposta a emergências. “A gente torce para que tragédias assim não se repitam, mas sabemos que elas podem acontecer novamente”, completa.

    Médicos marcham pelo clima

    Nesta terça-feira (11), médicos, cientistas, povos tradicionais e estudantes vão às ruas de Belém (PA) com uma Marcha Global Saúde e Clima, organizada pelo Movimento Médicos pelo Clima e o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA). A ideia é chamar atenção para o papel da saúde nas conversas sobre a crise climática.

    Entre as entidades médicas e científicas que já aderiram estão a Fiocruz, o Médicos Sem Fronteiras (MSF), o Movimento Saúde Sustentável, a Global Climate and Health Alliance, o Red Clima y Salud, o 350.org Brasil e a Avaaz. Sob o lema “Cuidar da saúde é cuidar do clima”, a marcha defende um novo paradigma de que proteger o planeta é, em última instância, proteger a vida humana.

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    “Essa é uma discussão recente na COP, por isso estamos convocando essa marcha: para chamar a atenção para o fato de que não dá para discutir clima sem falar sobre adaptações dos sistemas de saúde”, reflete a líder do movimento, Brenda Kauanne.

    Saúde é historicamente negligenciada

    Hoje, menos de 2% dos financiamentos globais para medidas climáticas são destinados a projetos de saúde. Enquanto isso, as políticas públicas e compromissos internacionais avançam lentamente.

    Foi apenas na COP28, há dois anos, que se instituiu o chamado Dia da Saúde dentro da conferência, destinado a promover conversas entre países e a elaboração de possíveis acordos para mitigar os efeitos das mudanças climáticas na população. Até então, porém, as discussões foram tímidas e pouco resultaram em ações concretas.

    A partir da COP29 o evento passou a ser uma data permanente na conferência. Agora, na COP30, o Brasil quer dar um passo além, apresentando iniciativas e projetos que deixem um legado mais consistente.

     

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