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Do calor extremo à poluição: os 7 alertas do Lancet sobre a crise climática no Brasil

As transformações do clima e do ambiente estão por trás de centenas de milhares de mortes no Brasil

Por Chloé Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
29 out 2025, 04h00 •
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A maior exposição ao calor é um dos alertas de novo relatório sobre os impactos das mudanças climáticas na saúde  (Anadolu / Colaborador/Getty Images)
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  • No Brasil, o custo da inação frente às mudanças climáticas e a crise ambiental já está sendo pago em centenas de milhares de vidas nos últimos anos. É o que revela o novo relatório do projeto Lancet Countdown, lançado nesta quarta-feira (29).

    O trabalho traz uma série de dados preocupantes, como os que apontam uma exposição cada vez maior dos brasileiros ao calor extremo.

    As mortes causadas por altas temperaturas aumentaram 4 vezes entre 2012 e 2021, e os brasileiros estão vivendo, em média, 15 dias por ano de ondas de calor. A maioria dessas elevações anormais de temperatura (94%) só acontece devido às mudanças climáticas.

    Estima-se que, em um ano, mais de 6 bilhões de horas de trabalho tenham sido perdidas, somando todos os trabalhadores que não puderam exercer suas atividades devido ao calor intenso.

    “O calor extremo impactou o setor econômico, principalmente atividades que exigem esforço físico e trabalho especialmente entre 12h e 16h”, aponta Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Agricultura e construção civil foram os setores mais afetados.

    O relatório também destaca o aumento de áreas de transmissão de doenças infecciosas, mortes relacionadas à poluição do ar e outros indicadores. Entre eles, o de que a relação entre clima e saúde é pouco abordada pela imprensa – ocupa menos de 10% do total de notícias sobre a crise atual.

    Espera-se, com a chegada da COP30, que ocorre em novembro em Belém (PA), a pauta ganhe mais espaço. “É uma grande oportunidade que temos de pautar esse tema urgente”, aponta Maciel, que é a indicada do governo como Enviada Especial do setor Saúde no encontro.

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    A seguir, confira 7 dados referentes ao Brasil que ilustram que estamos correndo contra o tempo.

    +Leia também: Tudo está conectado: como a crise climática já atinge a nossa saúde

    350 horas de risco de estresse térmico ao ano

    Em 2024, os brasileiros ficaram expostos, em média, a 352 horas a mais por ano ao risco de estresse térmico durante a prática de exercícios físicos, em comparação com o período de 1990 a 1999.

    Mortes por calor aumentaram em 4 vezes

    Entre 2012 e 2021, cerca de 3,6 mil pessoas faleceram anualmente por causas relacionadas ao calor. O número é 4,4 vezes maior do que em 1990.

    Outros estudos publicados nos últimos anos destacam o aumento do impacto do calor na saúde.

    Brasil mais favorável à dengue

    A adequação climática para a transmissão da doença aumentou 30% em comparação entre os anos 1950 e os anos 2010-2020.

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    O dado ajuda a entender porque estamos vendo epidemias piores de dengue e seu estabelecimento em regiões outrora mais frias, onde o mosquito era pouco visto.

    +Leia também: Com mudanças climáticas, doenças causadas por mosquitos avançam pelo mundo

    Mais de 70% do território nacional vivenciou a seca extrema

    A quantidade de terra suscetível a pelo menos um mês de seca extrema aumentou 10 vezes, de 5,6% entre 1951 e 1960 para 72% entre 2020 e 2024.

    A seca ameaça a distribuição de água potável e, portanto, eleva o risco de transmissão de doenças. Também facilita os incêndios florestais, que dispersam mais poluentes no ar. Em algumas regiões, ela ainda atrapalha o acesso a saúde e alimentação.

    63 mil mortes provocadas pela poluição

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    Essa é a conta de óbitos diretamente atribuídos à poluição do ar em 2022. A maior parte deles causada pelo uso de combustíveis fósseis.

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    Mas a alta concentração de material particulado (PM2,5) oriundo das queimadas causou mais de 30 mil mortes entre 2020 e 2024. “Só em 2024 o Brasil lançou um painel de monitoramento. Ainda faltam políticas públicas para mitigação”, comenta Maciel.

    As perdas econômicas causadas pela mortalidade precoce devido à poluição equivalem a 2,4% do Produto Interno Bruto (PIB).

    Mais de 200 mil mortes ligadas ao sistema agroalimentar

    No Brasil, o setor agropecuário é o principal emissor de gases que aquecem o planeta. As emissões oriundas do consumo de carne e laticínios subiram 7,3% entre 2000 e 2022.

    Além do dano da poluição, o avanço das monoculturas e o crescimento na ingesta de proteína animal têm impactos na dieta da população – e, consequentemente, na saúde.

    Em 2022, 140 mil mortes foram associadas ao consumo insuficiente de vegetais. E outras 70 mil atribuídas ao excesso de carne vermelha e carne processada.

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    +Leia também: “Só restam 60 anos até que os solos para cultivo desapareçam”

    Redução do desmatamento não é o suficiente

    Como destaque positivo, o documento aponta para uma queda na destruição das florestas no Brasil entre 2022 e 2023, depois de dois anos de alta. A perda de árvores diminuiu 15% no período analisado mais recentemente.

    Mesmo assim, só em 2023, 2,6 milhões de hectares de árvores sumiram do mapa, ou mais de 17 vezes a área da cidade de São Paulo.

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