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A importância da reabilitação no pós-AVC

O acidente vascular cerebral é a doença mais incapacitante do mundo. Os sobreviventes geralmente precisam de tratamento para enfrentar as sequelas

Por Abril Branded Content
20 nov 2020, 11h00
Atualmente, no Brasil, existe uma lacuna na jornada do paciente entre a alta hospitalar da unidade de AVC e o tratamento para a reabilitação, prejudicando a qualidade de vida (ABC/iStock)
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O acidente vascular cerebral (AVC) é a segunda maior causa de morte no Brasil. É o que mostram os dados do Ministério da Saúde. No país, são mais de 400 000 casos por ano e 100 000 óbitos, sendo que, a cada cinco minutos, ocorre uma morte por AVC. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o derrame – como é popularmente conhecido – também é a doença mais incapacitante do mundo.

Há dois tipos mais comuns de AVC, como explica a professora adjunta da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto dra. Regina Chueire. “A maior parte dos acidentes vasculares cerebrais são classificados como isquêmicos, quando acontece a obstrução de vasos que fornecem sangue ao cérebro. Há também os hemorrágicos, causados quando ocorre uma ruptura de um vaso por aneurisma ou hipertensão, acarretando sangramento no cérebro.”

Quando ocorre um AVC, cerca de 1,9 milhão de neurônios morre por minuto. A rapidez no atendimento ao paciente é primordial para que os danos à saúde sejam reduzidos.

Para evitar ainda mais casos, é extremamente importante reforçar a conscientização sobre os fatores de risco, como diabetes, hipertensão e estresse. Mais do que isso, é essencial o debate, também, sobre a reabilitação e seus impactos positivos no pós-AVC. “Certamente, trata-se de uma parte fundamental do tratamento para recuperar a autonomia dos pacientes e possibilitar mais qualidade de vida”, diz.

Uma vida de sequelas

Não há como identificar quais sequelas terá uma pessoa que sofreu um AVC. Esse diagnóstico depende do tipo e da extensão da lesão, além da área do cérebro que foi afetada. Entre os danos mais comuns estão: alterações na fala; agnosia visual – déficit neurológico que não permite ao cérebro reconhecer objetos pela visão; déficit de memória; e falta de sensibilidade e alterações motoras, em que o organismo pode desenvolver um aumento desproporcional da contração muscular de forma involuntária, chamada de espasticidade, que pode deixar as mãos sempre fechadas, a perna mais rígida para caminhar ou ombros contraídos, por exemplo, causando desconforto e dor. Cerca de 40% a 60% dos pacientes sofrerão com essa condição, que costuma aparecer entre três e 18 meses pós-AVC.

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De acordo com a dra. Regina, a espasticidade impacta diretamente a qualidade de vida dos pacientes, afetando a mobilidade, a funcionalidade, o conforto, a autoimagem, o humor e até o sono. “Os pacientes sofrem consequências físicas e emocionais no dia a dia. Além de terem um gasto energético muito maior por conta das complicações motoras, apresentam o risco de quedas, fadiga, além ter afetada diretamente a vida financeira, considerando os tratamentos e a comum necessidade de um cuidador ou enfermeiro”, explica.

De acordo com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), criada para disponibilizar assistência terapêutica e a incorporação de tecnologia de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a maioria dos sobreviventes de AVC precisa de reabilitação após sequelas neurológicas – aproximadamente 70% dos pacientes não retornam ao trabalho e 30% precisam de apoio para caminhar.

A lacuna entre a alta e a reabilitação

Os tratamentos também variam de acordo com a gravidade das sequelas. Entre os mais comuns estão fisioterapia, sessões de fonoaudiologia, terapia ocupacional e tratamento medicamentoso. Atualmente, no Brasil, existe uma lacuna na jornada do paciente entre a alta hospitalar da unidade de AVC e o tratamento para a reabilitação, prejudicando a qualidade de vida. “Mais do que incentivar a continuidade do tratamento dos pacientes após a alta hospitalar, é necessário criar uma estratégia de reabilitação. É isso que trará mais autonomia e qualidade de vida a quem sofreu um AVC”, diz a dra. Regina.

Os gastos públicos também são afetados pela doença. Na fase ambulatorial, os valores com pacientes que sofreram um acidente vascular cerebral variam e são elevados quando é preciso ser realizado tratamento por um longo período de tempo, por exemplo. Mas as contas sofrem ainda mais com os casos de pessoas que perderam a sua produtividade econômica devido à doença.

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