Relâmpago: Assine Digital Completo por 1,99

Adenomiose: o que é, quais são os sintomas, causas e tratamentos

Condição ginecológica pode aparecer junto com endometriose. Cólicas fortes, alterações menstruais e infertilidade são sinais do problema

Por Larissa Beani Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
22 abr 2025, 15h00
utero-adenomiose
Adenomiose ocorre quando o endométrio invade a musculatura do útero (Freepik/Divulgação)
Continua após publicidade

Cólicas intensas, dor pélvica, sangramento menstrual intenso e prolongado e infertilidade. Eis os principais sinais da adenomiose, uma condição ginecológica pouco conhecida, mas muito frequente entre mulheres em idade fértil.

Para entender o que é a doença, é preciso conhecer o útero. O órgão pode ser dividido em três camadas: a serosa, parte mais externa do órgão; o miométrio, parte intermediária que abrange a musculatura; e o endométrio, parte interna que é composta por um tecido que passa por muitas mudanças ao longo do ciclo menstrual e é descamado durante a menstruação.

“A adenomiose ocorre quando o endométrio infiltra a camada muscular do útero [o miométrio], causando problemas como aumento anormal do órgão, inflamações e sintomas dolorosos às mulheres”, explica Patrick Bellelis, ginecologista e doutor em ciências médicas pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Entenda como a condição pode estar associada a outros problemas de saúde, como ela se manifesta e quais são as suas formas de diagnóstico e tratamento.

Adenomiose ou endometriose?

Uma série de doenças podem estar associadas a alterações no endométrio. Entre elas, as mais comuns são a endometriose e a adenomiose.

“São condições distintas e independentes, mas, não raro, observamos elas ocorrerem simultaneamente em muitas mulheres”, afirma Bellelis, que também é professor do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês (SP) e do Instituto de Treinamento em Técnicas Minimamente Invasivas e Cirurgia Robótica do Hospital de Amor (SP).

Continua após a publicidade

+ Leia também: Endometriose: por que o diagnóstico demora tanto?

Estudos calculam que até 80% das mulheres diagnosticadas com endometriose convivem também com adenomiose. “Costumamos dizer que são ‘doenças irmãs’, pois é muito comum aparecerem em conjunto”, afirma o médico.

Ainda assim, tratam-se de condições diferentes. “A endometriose é caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao endométrio fora do útero (nos ovários, nas tubas uterinas, na bexiga, no intestino, entre outras partes do corpo, principalmente no abdômen). Já a adenomiose é marcada pela presença de endométrio na musculatura do útero”, diferencia Bellelis.

Ou seja, uma não é “evolução” da outra.

Sintomas de adenomiose

A doença pode ser assintomática ou, então, provocar sintomas dolorosos que prejudicam a qualidade de vida e fertilidade da mulher. Confira os principais:

  • Alterações no ciclo menstrual (como o aumento do fluxo e da duração do período menstrual);
  • Dor pélvica (cólicas menstruais intensas e dores fora do período menstrual, bem como sensação de pressão ou pontadas na região);
  • Dor na relação sexual (especialmente após o orgasmo, quando o útero se contrai);
  • Infertilidade.
Continua após a publicidade

A adenomiose pode prejudicar a implantação embrionária, mas hoje há formas de fazer a fertilização e contornar essa complicação da doença. Mulheres com menos de 35 anos devem procurar ajuda médica caso não consigam engravidar após 12 meses de tentativas.

A partir dos 35, deve-se suspeitar de infertilidade após seis meses sem sucesso.

+ Leia também: Cólica, sangramento e dificuldade para engravidar? Pode ser adenomiose

Causas e fatores de risco

As causas da adenomiose são desconhecidas, mas o desenvolvimento da doença está relacionado a diversos fatores de risco, como predisposição genética, histórico familiar, idade e presença de endometriose e miomas.

“Antes, considerava-se que a adenomiose era mais comum entre mulheres acima dos 40 anos e que tiveram muitos filhos, mas hoje já sabemos que o perfil da paciente é mais amplo, incluindo também as mais jovens e que nunca engravidaram”, afirma Bellelis.

Aquelas que possuem cicatrizes uterinas, como as de cesariana, também podem ter maior risco de desenvolver a doença.

Continua após a publicidade

Diagnóstico

“Uma boa consulta, anamnese e exame físico são essenciais”, defende o ginecologista. “Aqueles que realmente ouvem as queixas da paciente conseguem melhorar muito o raciocínio e a busca pelo diagnóstico correto.”

Além do exame clínico, exames de imagem também são necessários para fechar o diagnóstico. Os mais utilizados são a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética.

O ultrassom é um exame barato e de fácil acesso no sistema de saúde. “Quando feito com cautela e no tempo certo, é muito eficaz para rastrear a doença”, diz Bellelis. Já a ressonância magnética é um exame mais caro e que não está disponível em qualquer unidade de saúde. “Mas traz informações mais fidedignas sobre as lesões e tem maior acurácia.”

+ Leia também: Pesquisa indica que mulheres sentem mais dores que os homens

Tratamentos

O tratamento da adenomiose pode ser feito a base de medicamentos ou de forma cirúrgica.

O uso de pílulas contraceptivas ou de DIU hormonal é essencial, já que a doença é bastante influenciada pelas mudanças hormonais ocorridas ao longo do ciclo menstrual. A escolha por um anticoncepcional ou outro deve ser discutida com a paciente a partir de suas preferências e possíveis contraindicações.

Continua após a publicidade

Além disso, podem ser receitados anti-inflamatórios e analgésicos para controlar as dores e inflamações provocadas pela doença.

Os remédios são capazes de controlar os sintomas de adenomiose, mas não há nenhum que cure a condição.

O tratamento definitivo para este problema de saúde é a histerectomia, isto é, a retirada do útero. No entanto, a solução só deve ser considerada caso a paciente não queira mais ter filhos e não responda às medicações.

Outras abordagens estão sendo desenvolvidas para dar maior qualidade de vida às mulheres com adenomiose. Uma delas é a adenomiomectomia, ou seja, a retirada de lesões da doença que busca preservar o útero, permitindo que as mulheres continuem menstruando e possam gestar.

“Essas técnicas, porém, ainda são consideradas experimentais, mas espera-se que, em um futuro próximo, aquelas que querem ter filhos e não sentem benefício algum com os medicamentos possam ter mais essa opção”, esclarece Bellelis.

Continua após a publicidade

Para aquelas que querem engravidar e não conseguem, técnicas de reprodução assistida ajudam a superar a infertilidade.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

ECONOMIZE ATÉ 88% OFF

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 1,99/mês

Revista em Casa + Digital Completo

Receba Veja Saúde impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
A partir de 10,99/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$23,88, equivalente a R$ 1,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.