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Câncer de intestino cresce entre jovens e muda regras de rastreamento

Casos aumentam no Brasil e no mundo entre pessoas com menos de 50 anos; hábitos de vida e mudanças no microbioma podem influenciar

Por Samara Theodoro Pacheco, oncologista, via Brazil Health*
6 dez 2025, 04h00 • Atualizado em 8 dez 2025, 14h45
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Câncer colorretal, como o que vitimou Preta Gil, está em alta entre os mais jovens  (RyanKing999/Getty Images)
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  • O que antes era visto como uma doença predominantemente de idosos agora cresce de forma considerável entre adultos jovens. Dados recentes mostram que a incidência de câncer colorretal em pessoas com menos de 50 anos tem aumentado de maneira consistente nas últimas décadas.

    Estudos confirmam essa mudança no perfil epidemiológico. Uma pesquisa publicada na revista The Lancet evidenciou o crescimento das taxas de câncer de intestino em jovens de 27 países, indicando que esse fenômeno não se restringe aos países desenvolvidos.

    Uma análise envolvendo 42 países revelou aumento médio anual de 1,45% de câncer colorretal em indivíduos de 20 a 49 anos, tendência observada em mais de 75% dos países avaliados. Dados nacionais seguem a mesma direção: segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o Brasil registrou cerca de 45 mil novos casos anuais nos últimos dois anos, com crescimento proporcionalmente maior em adultos jovens.

    Esse cenário contrasta com a prática clínica de poucos anos atrás. Os protocolos de rastreamento começavam aos 50 anos, e queixas como sangramento ou alteração do hábito intestinal em pacientes de 30 ou 40 anos muitas vezes eram atribuídas a causas benignas. Hoje, essa postura já não se sustenta.

    Possíveis causas do avanço da doença

    Apesar do consenso sobre a tendência de aumento, suas causas permanecem em investigação. Fatores como sedentarismo, obesidade e dietas ricas em alimentos ultraprocessados exercem influência, mas não explicam integralmente o fenômeno global. Avanços recentes em genômica e microbiologia trouxeram novas pistas, especialmente relacionadas ao papel do microbioma intestinal.

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    Um estudo recentemente publicado na Nature (2025) destaca a evidência crescente de que determinadas cepas de Escherichia coli produtoras da toxina colibactina podem contribuir para a carcinogênese precoce. A análise molecular revela que a colibactina induz danos no DNA com alterações mutacionais características nos tumores.

    O trabalho reforça a hipótese de que tumores de pacientes diagnosticados antes dos 40 anos apresentam cerca de três vezes mais probabilidade de carregar esse padrão mutacional do que tumores de indivíduos acima dos 70 anos.

    Embora entre 30% e 40% dos adultos saudáveis apresentem bactérias produtoras de colibactina em seu microbioma, apenas uma fração desenvolverá câncer colorretal, indicando que a toxina, por si só, não é suficiente para desencadear a doença.

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    Evidências sugerem que sua ação ocorre em sinergia com disbiose, obesidade e diversos fatores ambientais e comportamentais, como alterações no microbioma pelo uso recorrente de antibióticos, sedentarismo, dieta rica em ultraprocessados, excesso de açúcar e dieta pobre em fibras, além de possível exposição a microplásticos.

    Esse conjunto de influências, mais do que a genética isolada, pode antecipar o risco e favorecer o surgimento de tumores colorretais em gerações mais jovens.

    +Leia também: Por que os casos de câncer em jovens não param de crescer?

    Sintomas e rastreamento atualizado

    Diante desse cenário, faz-se necessário maior atenção a sintomas como sangramento retal, mudança persistente do hábito intestinal, dor abdominal e perda de peso — sinais frequentemente subestimados em jovens.

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    Sociedades nacionais e internacionais de saúde já antecipam o início do rastreamento para 45 anos na população geral, enquanto se discute a necessidade de estratégias ainda mais personalizadas para os grupos de maior risco.

    O aumento do câncer de intestino entre jovens representa um desafio emergente para a oncologia. A integração de evidências epidemiológicas, genômicas e ambientais será crucial para aprimorar políticas de prevenção, estratégias de rastreamento e abordagens terapêuticas, permitindo conter uma tendência que, se ignorada, pode redefinir o panorama global da doença nos próximos anos.

    * Samara Theodoro Pacheco é oncologista clínica

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    (Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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