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Caso Bruno Covas: o que trombose venosa e erisipela têm a ver com câncer

O prefeito de SP foi diagnosticado com tumor do trato digestivo após ir ao hospital por causa da erisipela, uma infecção de pele, e descobrir uma trombose

Por Theo Ruprecht
Atualizado em 23 dez 2020, 13h05 - Publicado em 29 out 2019, 12h30
bruno covas tumor erisipela trombose
O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, foi diagnosticado com um câncer de aparelho digestivo. (Foto: Leo Martins/VejaSP/SAÚDE é Vital)
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O diagnóstico de câncer do aparelho digestivo em Bruno Covas, prefeito de São Paulo de apenas 39 anos, surpreendeu a todos. Além da idade, chamou a atenção o fato de que ele chegou ao hospital inicialmente para tratar uma erisipela (um tipo de infecção de pele). Posteriormente, os médicos descobriram a presença de um quadro de trombose venosa — e então chegaram ao tumor. Há um elo entre esses quadros?

De modo curto e grosso: sim. “O câncer libera substâncias inflamatórias que, na circulação, favorecem a trombose venosa”, revela Marcos Belotto, gastrocirurgião do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Em resumo, essas moléculas congestionam o tráfego de sangue nas veias, contribuindo para a formação de coágulos. Os sintomas vão de dores na perna a embolia pulmonar.

E aqui chegamos à erisipela do prefeito Bruno Covas. Em determinadas situações, a trombose venosa gera um acúmulo de líquidos (edema) logo abaixo da pele. Essa alteração, por sua vez, dificulta o controle de certas bactérias que circulam pela região. Com isso, elas se multiplicam além da conta e começam a causar estragos.

Dor, inchaço, febre e mal-estar estão entre os sintomas da erisipela. Outro sinal é a celulite. “Sempre precisamos descobrir o que causou a erisipela e a trombose venosa”, afirma Belotto.

Se, ao notarem a infecção de pele, os doutores tivessem só receitado um antibiótico e despachado o prefeito, seu câncer poderia passar despercebido por mais algum tempo. Claro que nem sempre esses quadros são sinal de um tumor, mas eles exigem sempre uma investigação minuciosa.

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“A trombose venosa também pode ocorrer após ficarmos longos períodos sentados, pelo uso de anticoncepcionais, pelo tabagismo”, lista Belotto.

Aliás, há cânceres especialmente associados à trombose venosa. Mieloma múltiplo, tumor de pâncreas e os que atingem a junção entre esôfago e estômago (a cárdia, como dizem os médicos) estão entre eles, segundo Belotto. Esse último caso é justamente o de Bruno Covas.

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