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CFM libera o uso de ozonioterapia para tratamento de feridas e dores

Prática é controversa e criticada por falta de evidências científicas robustas sobre seus benefícios em humanos

Por Chloé Pinheiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 ago 2025, 22h37 - Publicado em 28 ago 2025, 21h47
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Aplicação do ozônio contra dores na lombar esbarra em falta de evidências (Freepik/Reprodução)
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O Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou nesta quinta-feira (28) o uso da ozonioterapia no tratamento de vários tipos de feridas e de dores musculoesqueléticas. Nesse último caso, a liberação vale para a osteoatrite de joelho e a hérnia de disco.

A prática envolve a aplicação do gás ozônio de de diversas maneiras, sob a alegação de tratar uma miríade de doenças, mesmo com evidências científicas muito limitadas e controversas. Foram liberadas pela entidade forma tópica (diretamente na pele), ou via injeções para as dores.

Até então, ela era considerada experimental pela entidade que regula a prática médica. “Isso limitava o uso a protocolos de pesquisa, ou seja, o gás não podia ser aplicado em clínicas ou vendido aos pacientes”, comenta o ortopedista Carlos Eduardo Viterbo, que faz divulgação científica em suas redes sociais.

“Ocorre, que, desde então, nenhum trabalho novo robusto apontou benefícios que justificassem essa mudança de postura”, destaca o médico.

 Polêmica antiga

A ozonioterapia tenta há décadas se promover como tratamento médico.

Mas sempre esbarra na falta de comprovação científica de seus benefícios em humanos. Apesar disso, é oferecida por vários profissionais de saúde no Brasil, com aprovação de seus conselhos de classe e amparo de uma lei sancionada por Lula em 2023 (duramente criticada na época).

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Na pandemia, chegou a ser aventada, como tratamento contra a covid-19, ainda que também sem estudos para isso. Em 2019, a FDA (espécie de Anvisa dos Estados Unidos) emitiu um comunicado alertando que “o ozônio é um gás tóxico sem nenhuma aplicação médica conhecida como terapia específica, adjuvante ou preventiva”.

+Leia também: Homem morre em sessão de ozonioterapia no Paraná; saiba mais sobre o caso

 O que o CFM diz sobre a ozonioterapia

A entidade liberou a terapia em dois contextos. No tratamento de feridas infecciosas agudas e lesões associadas a problemas circulatórios: úlceras de pé diabético, úlceras arteriais isquêmicas e úlceras venosas crônicas.

Para estas condições, o gás deve ser aplicado em forma de óleos, pomadas ou bolsa plástica hermética método em que a região afetada fica envolta em um saco por onde circula o ozônio.

Outro uso autorizado é contra dores musculoesqueléticas causadas pela osteoatrtite de joelho e por hérnias de disco. Nestas duas situações, a administração só pode ser feita via injeções na região afetada.

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O órgão destaca que evidências de estudos in vitro e pré-clínicos dão plausibilidade biológica para o uso no tratamento de feridas. Só que esse tipo de pesquisa é preliminar, e seu resultado não pode ser automaticamente transferido para humanos. O texto completo cita que a aplicação mais bem estudada é na úlcera de pé diabético.

Como justificativa científica para o uso nas dores musculoesqueléticas, a resolução cita uma revisão publicada pela Cochrane (entidade reconhecida pela qualidade de suas análises) para dizer que há evidências de que o ozônio reduz a dor da osteoartrite de joelho. O documento, porém, não traz essa referência bibliográfica e não há revisão alguma sobre o assunto disponível no site da Cochrane.

A Cochrane, na verdade, possui uma revisão sobre o uso contra dor lombar, onde conclui que há evidências insuficientes para indicá-la, e uma sobre úlceras de pé diabético, onde destaca a falta de pesquisas robustas atestando benefícios.

Sobre a dor lombar da hérnia de disco, o CFM reconhece que “a qualidade metodológica foi geralmente moderada, com amostras pequenas em alguns casos”, e que há risco de viés nos estudos incluídos em revisões sistemáticas, além de limitações metodológicas que impedem pesquisas mais robustas.

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Viterbo corrobora a questão da precariedade de evidências nas aplicações musculoesqueléticas. “Não existe nenhum trabalho bom em ortopedia com ozônio, e isso não mudou nos últimos anos”, resume o especialista.

Riscos da ozonioterapia

O texto do CFM destaca como riscos das injeções de ozonioterapia na lombar lesões radiculares, infecção e eventos neurológicos graves, além de relatos de complicações como septicemia e abscessos.

No caso da aplicação indevida em uma lesão cancerígena, o tumor pode crescer, portanto, haver progressão do câncer.

A FDA, órgão norte-americano, pontua em seu documento sobre o assunto que concentrações elevadas de ozônio têm efeito tóxico, podendo atuar no sistema nervoso central, no coração e na visão.

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