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Clima instável e volta à vida normal aumentam problemas respiratórios

Além de a pandemia de Covid-19 ainda não ter acabado, alergias e outros vírus, como o influenza, têm provocado sintomas como tosse, coriza e mal-estar

Por Chloé Pinheiro
17 out 2022, 14h10
desenho de vírus da gripe
Vírus influenza, causador da gripe, está circulando em padrão diferente do usual  (Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital)
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Diversas cidades e vários hospitais do país relataram nas últimas semanas aumento de atendimentos de pessoas com sintomas respiratórios. Tosse, espirros, congestão nasal, dores de cabeça e outros problemas podem ter causas diferentes, como gripe e Covid, e estão mesmo mais comuns nesse período. 

“Doenças respiratórias agudas são registradas o ano todo, mas como nesse ano tivemos mais dias frios em setembro e outubro, além do fim das medidas preventivas contra o coronavírus, estamos vendo mais casos do que o normal”, aponta o infectologista Evaldo Stanislau, do Hospital das Clínicas de São Paulo

Ocorre que itens como máscaras e o distanciamento social acabaram barrando outros patógenos “por tabela”. Agora, com o fim da obrigatoriedade de uso da proteção facial na maior parte do país e a volta das pessoas ao trabalho presencial, há muitos indivíduos suscetíveis e mais oportunidades para os vírus. 

O padrão de circulação do influenza, por exemplo, mudou. “O vírus está se transmitindo fora daquela sazonalidade mais restrita do inverno”, nota o pneumologista Rodolfo Bacellar Athayde, do Complexo Hospitalar Clementino Fraga, em João Pessoa (PB). 

Recentemente, a Fiocruz e o Instituto Todos pela Saúde apontaram para o aumento de registros do causador da gripe, em especial em São Paulo e no Distrito Federal. O subtipo mais predominante é o H3N2, o mesmo por trás do surto atípico que ocorreu no final de 2021. 

+ Leia também: Com vacinação em baixa, aumentam casos de Influenza em crianças

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A vacina já contempla essa versão do vírus, mas cabe dizer que a campanha de imunização deste ano não atingiu a meta. O mesmo ocorre com o Sars-CoV-2, que continua sendo o principal micro-organismo por trás da síndrome respiratória aguda grave (SRAG). A taxa de cobertura da segunda dose de reforço está estacionada em 65%.   

Infecção ou alergia? 

Em regiões com maior cobertura verde, a primavera costuma causar mais alergias respiratórias, como rinite e sinusite. Isso acontece por conta do pólen produzido pelas plantas no período.

Nos centros urbanos, isso até ocorre, mas outros fenômenos já conhecidos dos brasileiros são mais importantes para o surgimento de alergias, como as variações de temperatura com alta amplitude térmica (calorzão de dia e frio de noite) e os limites menos definidos entre as estações do ano.

“Em geral, podemos dizer que as alergias têm sintomas mais localizados nas vias aéreas e os quadros infecciosos repercutem de forma mais sistêmica, com cansaço, febre e dores”, comenta Athayde.

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Diferenciar uma alergia de uma infecção pode ser difícil, mas é necessário em quadros mais incômodos, pois o tratamento é diferente.

Tosse, congestão nasal, febre: como lidar com os sintomas

Cenários leves podem ser tratados em casa, com medicações que aliviem os sintomas. A congestão nasal, um dos problemas mais comuns, é aliviada com a lavagem do nariz com soro fisiológico, que pode ser realizada diariamente. 

“Em alguns casos, pode ser necessário usar anti-inflamatórios com corticóide, mas não recomendamos o uso de descongestionantes sem orientação médica, pois eles podem gerar efeito rebote”, avisa Athayde. 

Já a tosse, outra queixa sendo relatada com frequência, merece um olhar especial. Existem dois tipos: a seca e a produtiva, com catarro. “Tosses persistentes, independente da característica, precisam ser avaliadas pelo médico, em especial se acompanhada de febre e perda de peso, prostração e falta de ar”, ensina o pneumologista. 

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+ Leia também: Que tosse chata! Qual xarope eu tomo?

Em geral, a regra é procurar o hospital se o mal-estar for intenso e esses sintomas sistêmicos persistirem por mais de três dias.

E, independente disso, tomar medidas para proteger os outros assim que começar a “gripar”. “O ideal é fazer o uso de máscaras, aguardar o período da testagem para a Covid e, se possível, ficar em casa para evitar a transmissão de qualquer que seja o patógeno”, orienta Stanislau. 

Pandemia ainda não acabou  

O coronavírus segue sendo o principal causador de quadros severos e mortes por doenças respiratórias. De acordo com o último boletim Infogripe, da Fiocruz, quase 90% dos óbitos por SRAG no início de outubro foram provocados pelo Sars-CoV-2. 

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Embora os números absolutos estejam melhores, essa prevalência reforça que ainda estamos longe de nos livrar de vez da Covid-19. E é provável que os dados estejam subestimados. “As pessoas negligenciam os sintomas e deixaram de fazer os testes”, destaca Stanislau. 

O médico reforça que o momento é favorável, graças à vacinação, mas lembra que é preciso elevar a cobertura do reforço, pois a situação pode mudar.

“Estamos em uma fase de entressafra de variantes. Nos países europeus e nos Estados Unidos, contudo, já vemos novas mutantes levando a aumento de casos. É uma espécie de spoiler pra nós”, conclui o infectologista.  

Para se proteger, mantenha as vacinas em dia, observe seus sintomas e reforce medidas de proteção em situações de alto risco, como aglomerações e ambientes fechados. Essa última dica vale especialmente para pessoas com maior risco de ter versões graves de doenças respiratórias, como idosos, indivíduos não vacinados, portadores de doenças crônicas e crianças pequenas.

 

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