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Jogar sal para matar caramujos não evita transmissão de doenças

Algumas espécies de moluscos podem ser hospedeiras de micro-organismos e parasitas que transmitem doenças. Aprenda a lidar de maneira efetiva com elas

Por Clarice Sena
26 jul 2024, 17h30
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Espécie invasora no país, caramujo gigante africano é o principal vetor da meningite eosinofílica, mas qualquer molusco pode ser hospedeiro do verme (Marcos Simanovic/Wikimedia Commons/Reprodução)
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Pequenos animais como caramujos, caracóis e lesmas podem facilmente ser encontrados em jardins e hortas urbanas. Algumas dessas espécies são transmissores de doenças infecciosas que, em alguns casos, podem até levar a óbito.

Apenas a presença desses moluscos não representa perigo: o risco está no contato direto com o muco potencialmente infectado que liberam, podendo levar a complicações de saúde após manusear os animais ou encostar em superfícies contaminadas por eles.

Existe uma sabedoria popular que diz para jogar sal para eliminar os animais se necessário. Mas essa tática não é recomendada: o muco que fica depois da morte pode transmitir doenças se tiver larvas ou ovos de vermes. 

Veja, a seguir, como realmente manejar os caramujos e quais são as condições de saúde ligadas a eles:

+ Leia também: Cientistas propõem rebatizar doença conhecida como molusco contagioso

1. Esquistossomose

Essa infecção é transmitida pelo caramujo e está presente de forma intensa em pelo menos 19 estados no Brasil. Por isso, é considerada um problema endêmico de saúde no país.

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A transmissão acontece quando o ser humano entra em contato com a água contaminada pelas larvas do Schistosoma mansoni liberadas pelos caramujos. Dentro do organismo, elas evoluem causando sintomas como diarreia, sangue nas fezes, emagrecimento e aumento do fígado.

Com a evolução da infecção, há um aumento significativo do volume do abdômen, o que pode levar a hemorragias internas e a óbito.

+Leia também: Vacina contra esquistossomose estará disponível no SUS em 2025

2. Fasciolose hepática

Uma doença infecciosa causada pelo parasita Fasciola hepatica. Ele precisa de um hospedeiro intermediário para completar seu ciclo de vida e pode ser transmitido pelo contato com caramujos que depositam as larvas na água e em verduras, além de também poder contaminar a carne de ovinos, caprinos, bovinos, búfalos e suínos. 

Na fase aguda da infecção, os pacientes podem ser acometidos por dor abdominal, febre, vômito, diarreia, urticária e icterícia. Na fase crônica, os sinais mais evidentes são relacionados a obstrução biliar intermitente e inflamação. O diagnóstico pode ser feito por exames laboratoriais. 

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3. Meningite eosinofílica

Essa infecção ocorre pela ingestão acidental de alimentos contaminados pelo muco liberado por caracóis, caramujos, lesmas e outros hospedeiros infectados pelo verme Angiostrongylus cantonensis.

Os sintomas podem durar de poucos dias a meses e os mais comuns são dor de cabeça forte, febre alta, sensação de formigamento e queimação na pele.

Diferente de outras formas da meningite, esta nem sempre causa rigidez na nuca. Problemas musculares, de coordenação motora e perda de visão também podem ser causados pela infecção. O diagnóstico pode ser feito com exame do líquor extraído por punção lombar.

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+Leia também: Meningite eosinofílica: verme é encontrado em caramujo no RJ

Como se proteger das doenças causadas por moluscos?

Essas infecções geralmente ocorrem em áreas com saneamento precário e falta de água potável, mas também é possível se infectar por meio da ingestão de verduras com larvas deixadas por eles. Por isso, é importante sempre fazer a higienização correta dos alimentos antes do preparo.

Para impedir que estes animais apareçam no seu jardim ou na sua horta, evite o acúmulo de folhas, vegetação e entulhos que possam servir de abrigo, e mantenha a vegetação podada ou rala. Áreas com umidade ou limo devem ser limpas com água sanitária. Ao manusear a terra, sempre use luvas.

Se acontecer o contato direto com algum molusco e suas secreções, lave bem as mãos com água e sabão. Em vez do sal, a melhor alternativa é retirá-lo do local utilizando luvas, sacos plásticos ou objetos descartáveis.

Caso queira fazer uma barreira química para o controle da vegetação, iscas à base de fosfato férrico (FePO4) são uma opção segura do ponto de vista ambiental. Ao encontrar um grande número de lesmas ou caracóis, entre em contato com a Unidade de Vigilância em Saúde mais próxima para maiores informações.

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