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Dor de cabeça constante? Saiba quando pode ser algo grave

Este tipo de incômodo é comum, mas alguns sinais de alerta exigem atenção médica especializada para evitar complicações

Por Cesar Cimonari de Almeida, neurocirurgião, via Brazil Health*
Atualizado em 10 jun 2025, 11h46 - Publicado em 10 jun 2025, 11h43
foto de mulher com dor e as mãos na cabeça
Dor de cabeça está entre os cinco sintomas mais comuns da Covid longa.  (Foto: GI/Getty Images)
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Se você está lendo este texto e nunca sentiu uma dor de cabeça, provavelmente ainda é muito jovem ou faz parte de um grupo muito pequeno de pessoas. A cefaleia, termo que define as dores de cabeça em geral, é uma das queixas médicas mais comuns no mundo.

Na maioria dos casos, trata-se de algo benigno e temporário, relacionado ao estresse, tensão muscular ou mudanças do clima. No entanto, existe uma linha tênue entre a dor de cabeça “comum” e aquela que pode indicar problemas sérios, exigindo avaliação especializada de um neurocirurgião.

Embora a maioria das dores de cabeça, chamadas cefaleias primárias — como a tensional e a enxaqueca — não represente risco grave, alguns sintomas devem acender um sinal de alerta. Um dos principais é definido como a “pior dor de cabeça da vida” — uma dor súbita e intensa, diferente de qualquer coisa já experimentada — podendo indicar hemorragia cerebral ou ruptura de aneurisma.

Quando a dor de cabeça é preocupante?

Outros sinais incluem:

  • dores que surgem após traumatismo craniano, mesmo que leve;
  • Presença de febre alta, rigidez no pescoço e confusão mental, sugerindo infecções do sistema nervoso central;
  • Alterações visuais, como visão dupla ou perda de campo visual;
  • Fraqueza em membros;
  • Dificuldade para falar;
  • Perda de coordenação;
  • Alterações de personalidade.

Mudanças no padrão da dor são relevantes: se dores antes leves e ocasionais tornam-se frequentes, intensas ou diferentes, isso pode indicar uma condição subjacente.

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A dor que piora progressivamente, especialmente se acompanhada de náuseas matinais persistentes, pode indicar aumento da pressão intracraniana, relacionado a tumores cerebrais ou hipertensão intracraniana idiopática.

Diagnóstico e tratamento evoluíram muito

A medicina moderna oferece ferramentas diagnósticas precisas para investigar dores persistentes. A tomografia computadorizada (TC) e a ressonância magnética (RM) são pilares da investigação neurológica, permitindo visualizar o cérebro com detalhes. Técnicas como a RM funcional e a tractografia permitem avaliar o funcionamento cerebral em tempo real.

A angiografia por RM detecta problemas vasculares como aneurismas sem a necessidade de procedimentos invasivos. Outros exames especializados, como punção lombar ou estudos de pressão intracraniana, podem ser realizados com técnicas minimamente invasivas.

Quando o diagnóstico indica uma causa tratável, o tratamento pode envolver cirurgia, muitas vezes realizada em caráter emergencial nos casos graves. A neurocirurgia moderna favorece abordagens cada vez menos invasivas. Muitos problemas antes resolvidos com cirurgias extensas hoje podem ser tratados com técnicas mais assertivas.

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A cirurgia endoscópica permite acesso ao cérebro por pequenas incisões, utilizando câmeras de alta definição e instrumentos miniaturizados. Para tumores da hipófise, por exemplo, a cirurgia pode ser feita pelo nariz, sem abertura do crânio. Algumas doenças vasculares podem ser tratadas com cateterismo, cirurgia ou radiocirurgia.

Para hidrocefalia — acúmulo anormal de líquido no cérebro — e hipertensão intracraniana, os sistemas de derivação modernos são mais eficientes, com válvulas programáveis ajustáveis externamente, evitando novas cirurgias.

+Leia também: HPN: o que é o problema cerebral de Chico Buarque? Entenda

É importante entender que procurar um neurocirurgião não significa necessariamente a necessidade de cirurgia. Muitas vezes, a avaliação especializada tranquiliza o paciente e orienta o tratamento clínico adequado.

O diagnóstico precoce é vantajoso. Problemas identificados no início têm opções de tratamento mais simples. Já o atraso pode levar a complicações e tratamentos mais complexos. Mesmo nos casos de cefaleia primária, como enxaqueca, o tratamento preventivo pode melhorar significativamente a qualidade de vida.

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Em resumo, a dor de cabeça persistente não deve ser subestimada, especialmente com sintomas neurológicos ou mudanças no padrão habitual. A medicina atual oferece recursos diagnósticos precisos e tratamentos menos invasivos, tornando a investigação mais segura e eficaz.

No Brasil, grandes centros médicos contam com essas tecnologias, embora nem sempre sejam usadas adequadamente, seja por falhas na formação médica recente ou pela cultura do paciente, que tende a minimizar os sintomas. Em algumas situações, exames desnecessários podem trazer mais transtornos do que benefícios.

Quando a cirurgia é necessária, há variação entre os especialistas. Os melhores neurocirurgiões avaliam criteriosamente se a técnica minimamente invasiva é factível ou se o caso exige procedimentos maiores. Não há fórmula única: o tratamento é cada vez mais individualizado — a doença pode ser a mesma, mas os pacientes são únicos.

Quem apresenta dores de cabeça fora do padrão habitual deve procurar avaliação médica neurológica especializada. É melhor investigar e ter o diagnóstico correto do que conviver com a incerteza e o risco de complicações.

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*Cesar Cimonari de Almeida é neurocirurgião e membro da Brazil Health

(Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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