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Hipertensão descontrolada em qualquer idade acelera o declínio cognitivo

Pesquisa brasileira indica que negligenciar a pressão alta pode prejudicar funções como memória, concentração e raciocínio

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 21 dez 2020, 10h15 - Publicado em 16 dez 2020, 17h58
Desenho de coração e de um cérebro ao lado
A hipertensão não afeta só o coração. Ela também pode comprometer a cognição. (Ilustração: Veja Saúde/SAÚDE é Vital)
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Cerca de 36 milhões de pessoas sofrem com a pressão alta no Brasil. De acordo com a Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), a hipertensão atinge 60% dos idosos, e indiretamente é responsável por metade dos óbitos provenientes de doenças cardiovasculares, cerca de 200 mil anualmente. Mas se engana quem acha que ela faz mal só para o coração. Segundo um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a hipertensão pode acelerar o declínio cognitivo, comprometendo memória, concentração e raciocínio.

Pesquisas anteriores já tinham associado a pressão alta em idosos a esse problema. O pulo do gato do levantamento brasileiro é indicar que a hipertensão descontrolada em qualquer momento da vida deixaria a mente dos pacientes menos afiada conforme o tempo passa.

Mas o que pressão sanguínea tem a ver com funções cognitivas? Acredite, tudo. Quanto maior a pressão sob as artérias do organismo, maior a dificuldade de esses vasos transportarem sangue, o que afeta a oxigenação do organismo todo. Com o passar dos anos, as células que mais precisam de oxigênio, como as do cérebro, sentem o déficit. Daí os abalos na cognição surgem mais rapidamente.

A pesquisa mineira utilizou como base de dados o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto – ELSA Brasil, que inclui 15 mil brasileiros de seis regiões do país. Os experts se concentraram nas informações de cerca de 7 mil pessoas, com uma média de 59 anos, que fizeram testes relacionados ao desempenho cognitivo (análise de memória, fluência verbal e funções como atenção, concentração e raciocínio).

Esses exames ocorreram em dois momentos: no início do ELSA e quatro anos depois, numa visita de acompanhamento. Entre os voluntários, 22% apresentavam pré-hipertensão (níveis alterados, mas que ainda não configuram a doença em si) e 46,8% eram hipertensos mesmo.

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Cruzando todos os dados, os pesquisadores descobriram que possuir hipertensão ou pré-hipertensão no início do estudo estava associado a declínios no escore cognitivo anos depois. Eles notaram também que a pressão alta não tratada em qualquer idade estava ligada à piora da memória, do raciocínio e por aí vai. Independentemente de quanto tempo o problema foi negligenciado, diga-se de passagem.

“Nossos resultados destacam a importância de diagnosticar e controlar a hipertensão em qualquer idade para prevenir ou desacelerar o declínio cognitivo”, disse a médica Sandhi Barreto, autora do estudo e professora da UFMG, em comunicado. “Eles também reforçam a necessidade de manter níveis de pressão arterial mais baixos ao longo da vida, uma vez que mesmo a pré-hipertensão foi associada a uma piora cognitiva”, completa.

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