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O que vai mudar no controle de diabetes, obesidade, colesterol alto e osteoporose

Evento discute principais novidades da ciência contra as doenças crônicas que mais impactam a saúde dos brasileiros e como incorporá-las ao SUS

Por Redação Saúde
5 ago 2025, 13h52
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Diabetes descompensado é responsável por milhares de mortes ao ano no Brasil (Freepik/Reprodução)
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Em mais uma edição do ENDODEBATE, endocrinologistas e médicos de diversas especialidades de todo o Brasil se reuniram para discutir os avanços mais recentes no tratamento de condições endócrinas como obesidade, diabetes, osteoporose e colesterol.

O encontro anual, acompanhado pela VEJA SAÚDE, destacou não apenas novos medicamentos, mas também trouxe à tona um desafio central: como levar inovações da ciência para a prática clínica, especialmente dentro do Sistema Único de Saúde (SUS)?

O futuro das canetas antiobesidade e antidiabetes

Entre os principais destaques está a combinação de cagrilintida e semaglutida, conhecida como CagriSema. Em um estudo de fase 3, pacientes com sobrepeso ou obesidade e diabetes tipo 2 apresentaram redução média de 13,7% no peso corporal — mais de quatro vezes a perda observada no grupo placebo.

Para pessoas sem diabetes, a redução chegou a impressionantes 20,4%. Além disso, houve melhora expressiva nos níveis de glicose, reforçando o potencial da terapia para tratar simultaneamente obesidade e diabetes.

Outro avanço promissor é o uso de semaglutida em dose elevada (7,2 mg semanal), que resultou em perda média de 20,7% do peso corporal em comparação aos 17,5% da dose atualmente disponível (2,4 mg). Um terço dos participantes perdeu mais de 20% do peso sem aumento significativo de efeitos colaterais.

Também chama atenção a combinação de semaglutida com bimagrumabe, anticorpo monoclonal que preserva e até aumenta a massa muscular durante a perda de gordura.

Essa associação proporcionou maior redução de peso e gordura visceral, mantendo ou aumentando o músculo e garantindo excelente controle glicêmico. O bimagrumabe sozinho já mostrou capacidade de reduzir gordura em 20,5% e aumentar a massa magra em 3,6%.

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Outro desenvolvimento em andamento é o MariTide (Maridebart cafraglutídeo), uma injeção mensal que, em ensaios de fase 2, promoveu perdas de 16% a 20% do peso corporal, inclusive em pacientes com diabetes tipo 2. A aplicação esporádica pode melhorar a adesão ao tratamento, e os efeitos colaterais se mostraram leves e temporários.

Para quem prefere tratamentos orais, surge o orforglipron, agonista de GLP-1 em comprimido, administrado diariamente e o primeiro sem necessidade de jejum. Em pessoas com diabetes tipo 2, reduziu significativamente a glicose e proporcionou perda média de peso de 8% em 40 semanas.

+Leia também: Ozempic é só o começo: os remédios que prometem mudar o tratamento da obesidade

Colesterol: o presente e o futuro do tratamento

Mesmo após 40 anos de evidências científicas comprovando a eficácia das estatinas na redução de infartos, AVCs e mortes cardiovasculares, ainda há resistência ao uso correto dessas medicações. Muitos pacientes que deveriam utilizá-las não o fazem, ou usam doses inadequadas, comprometendo os resultados.

Para casos de intolerância ou quando as estatinas não atingem as metas de LDL, novas opções estão surgindo. Uma delas é o Inclisiran, medicamento injetável aplicado a cada seis meses que reduz o colesterol ruim em até 50%. Já disponível no Brasil, deve ser administrado por profissionais de saúde e promete maior adesão ao tratamento.

Outra novidade é a combinação oral de ácido bempedóico com ezetimiba, comprimido de uso diário que reduz o LDL em cerca de 40%. A chegada às farmácias brasileiras está prevista para breve.

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“Ambas as terapias não estão associadas a dores musculares, um efeito adverso que pode acontecer com as estatinas”, destaca o endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, da USP de Ribeirão Preto, organizador do ENDODEBATE.

+Leia também: Colesterol: maioria das pessoas não controla direito e desconhece o risco

Fraturas ocultas e osteoporose

Muitas fraturas na coluna ocorrem silenciosamente, sem dor ou sintomas evidentes, dificultando o diagnóstico precoce. Mulheres após a menopausa, idosos, pessoas com histórico de fraturas ou uso prolongado de corticoides estão entre os grupos de maior risco.

Exames como a radiografia da coluna e a densitometria óssea com avaliação de fraturas vertebrais (VFA) são fundamentais para identificar essas lesões invisíveis.

A detecção precoce permite intervenções mais eficazes e tratamentos que reduzem significativamente o risco de novas fraturas, preservando a qualidade de vida.

Desafios do acesso no SUS e na farmácia popular

Um dos pontos centrais do ENDODEBATE foi a discussão sobre como tornar acessíveis as terapias mais modernas e eficazes. “A farmacoeconomia foi destacada como ferramenta essencial para mostrar que, muitas vezes, um tratamento mais caro a curto prazo pode gerar grande economia no futuro”, comenta Couri.

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Exemplos recentes reforçam essa visão. A dapagliflozina (Forxiga), inicialmente aprovada para diabetes tipo 2, reduziu internações por insuficiência cardíaca e mortes cardiovasculares em pacientes com e sem diabetes. Hoje, é também um dos pilares do tratamento da doença renal crônica, evitando ou retardando a diálise, e já está disponível tanto no SUS quanto na farmácia popular.

Outro caso é o da teduglutida, injetável via subcutânea e indicado para síndrome do intestino curto, que permite que pacientes dependentes de nutrição venosa retomem a alimentação oral e tenham alta hospitalar, apesar do alto custo. Este medicamento, ao contrário da dapagliflozina, não está disponível na rede pública.

A participação ativa da sociedade na Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) é fundamental para agilizar a chegada dessas inovações ao sistema público. Quando pacientes, familiares e profissionais de saúde se manifestam, ajudam a tornar o processo mais transparente, democrático e alinhado às reais necessidades da população.

Em suma, mostrou-se que a ciência está avançando rapidamente na busca por terapias mais eficazes e acessíveis para condições endocrinológicas.

Mas a verdadeira transformação na saúde não depende apenas de novos medicamentos — é preciso garantir que essas descobertas cheguem à vida real de milhões de brasileiros. O desafio é coletivo: de pesquisadores, médicos, gestores, pacientes e da sociedade como um todo. Afinal, inovação só cumpre seu propósito quando se traduz em qualidade de vida para quem mais precisa.

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