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Parada cardíaca x ataque cardíaco: eles não são a mesma coisa

Entenda as diferenças entre as duas condições, ambas emergências médicas que exigem atendimento imediato

Por Denise Hachul, cardiologista*
Atualizado em 19 ago 2024, 14h00 - Publicado em 15 ago 2024, 10h27
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  • Constituído basicamente por um músculo, semelhante aos que recobrem o esqueleto, o coração é dividido em quatro câmaras — dois átrios e dois ventrículos, que contém quatro válvulas. Ele é alimentado por uma rede de vasos sanguíneos, as chamadas artérias coronárias.

    O coração bombeia o sangue venoso, não oxigenado, para os pulmões, onde ocorre a troca do gás carbônico pelo oxigênio. Oxigenado, o sangue volta para o coração e é distribuído pelo corpo. O órgão ainda dispõe de um complexo sistema elétrico, que determina seu ritmo e frequência de contrações (ou batimentos) por minuto.

    Este sistema é formado por um grupo de células com características especiais, que geram impulsos elétricos, conhecido como marcapasso natural ou nó sinusal. Esse marcapasso recebe comandos cerebrais e estímulos ambientais, que modulam os batimentos de acordo com as necessidades do organismo naquele momento.

    Qualquer distúrbio na geração, na condução, ou na frequência dos batimentos cardíacos é chamado de arritmia. Para a maioria da população saudável, a frequência cardíaca varia de 60 a 100 batimentos por minuto durante atividades habituais diárias. Mas, esses limites podem ser ultrapassados sem que isso signifique um problema.

    Quando estamos dormindo, por exemplo, o coração bate mais devagar. Quando nos submetemos a exercícios físicos ou vivenciamos estresses emocionais, a frequência cardíaca tende a se elevar, para suprir as maiores necessidades de oxigênio do nosso corpo.

    + Leia tambémComo saber se tenho arritmia cardíaca?

    No entanto, bradicardias (diminuições do ritmo cardíaco) podem ocorrer em decorrência de defeitos do sistema elétrico do coração. Nesse caso, são um tipo de arritmia que pode provocar tonteiras e desmaios. Já as taquicardias, as acelerações ou irregularidades do ritmo cardíaco, fora deste contexto normal do exercício físico ou de fortes emoções, compõem outro subgrupo de arritmia.

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    Entre as várias arritmias existentes, muitas são benignas e podem ser controladas com medicamentos ou tratadas definitivamente com procedimentos minimamente invasivos. Entretanto, há arritmias potencialmente fatais.

    É nesse contexto que é importante diferenciar ataque cardíaco de parada cardíaca. Sim, eles não são a mesma coisa, mas ambos merecem muita atenção. O conhecimento sobre os quadros salva vidas:

    Ataque cardíaco

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    Conhecido em inglês como “heart attack”, o termo geralmente refere-se à ocorrência do infarto agudo do miocárdio.

    O que é

    O infarto é o resultado da interrupção do fluxo sanguíneo e, portanto, da oferta de oxigênio para uma determinada região do músculo cardíaco (miocárdio).

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    Sua pior consequência é a necrose (morte) do músculo, que se transforma em cicatriz, com perda da função de contração da área irrigada pela coronária obstruída. Isso ocorre quando o diagnóstico não é reconhecido e o tratamento não é instituído precocemente.

    A obstrução das artérias é lenta e progressiva durante a vida. Ocorre por depósito de cálcio e colesterol no interior das mesmas, diminuindo gradativamente seu diâmetro interno, até que essas placas se rompem, induzindo coagulação sanguínea em seu interior e causando entupimento total da artéria.

    + Leia tambémColesterol: esqueceram de mim?

    Fatores de risco

    Os principais fatores de risco para doença coronária relacionam-se à herança genética e aos maus hábitos de vida.

    São eles a presença de diabetes, hipertensão arterial, obesidade, tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada, altos níveis sanguíneos de colesterol e triglicérides e o estresse emocional exagerado.

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    Sintomas do infarto

    São eles:

    Nas mulheres, esses sinais tendem a ser subestimados, o que pode piorar o prognóstico delas.

    Parada cardíaca

    A parada cardíaca é diferente do infarto, mas ele também pode ter como resultado a parada.

    O que é

    A condição é definida como a perda da função de bombeamento do coração, com interrupção do aporte de sangue e oxigênio para o cérebro e todo o organismo. Depois de quatro minutos sem oxigenação adequada, o cérebro pode sofrer sequelas irreversíveis.

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    Causa

    Ela é causada, na maioria das vezes, em decorrência do infarto. A interrupção do fluxo de sangue causa alterações bioquímicas nas células do músculo cardíaco e danos ao sistema elétrico do órgão pela falta de oxigênio, deflagrando arritmias potencialmente fatais. São as chamadas fibrilações ventriculares, responsáveis por 80% das mortes súbitas na população.

    Na fibrilação ventricular, a atividade elétrica do músculo cardíaco é caótica: perde-se o sincronismo entre átrios e ventrículos. As contrações tornam-se ineficientes e o sangue não é mais impulsionado para frente. A perda da consciência, ou desmaio, ocorre em até 7 segundos após a interrupção do fluxo sanguíneo para o cérebro.

    Cicatrizes de infartos antigos, também podem provocar arritmias perigosas, pois, entremeadas ao músculo normal, tornam a condução elétrica heterogênea.

    Se um indivíduo não for atendido imediatamente, com manobras de reanimação cardiopulmonar (massagem cardíaca e uso do desfibrilador externo automático), a parada cardíaca pode ser irreversível, causando a morte súbita, principal causa de morte na população em geral.

    + Leia também: Infartos em jovens aumentam há décadas, e não por causa de vacinas

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    O que fazer diante de uma parada cardíaca

    Quando um indivíduo apresenta sinais e sintomas de infarto, deve ser encaminhado imediatamente ao hospital, preferencialmente por meio de transporte adequado: ambulância ou resgate.

    Um eletrocardiograma confirma o diagnóstico, o paciente é medicado e deve ser submetido a um cateterismo cardíaco, que avalia a situação das artérias.

    Constatada a interrupção total ou quase total da circulação, deve-se proceder a uma angioplastia (desobstrução da artéria com um cateter-balão inflável) e ao implante de stent intracoronário (dispositivo colocado no interior da artéria, que a sustenta). Essas condutas restabelecem a circulação sanguínea e evitam a morte das células cardíacas.

    Esses procedimentos devem ser realizados logo após o início dos sintomas. Passadas 4 horas, dificilmente o músculo será recuperado integralmente.

    Como fazer a reanimação cardiopulmonar

    Em caso de parada cardíaca, manobras de reanimação cardiopulmonar devem ser realizadas imediatamente.

    Essas manobras compreendem compressões torácicas (massagem cardíaca) na porção inferior do osso esterno, numa frequência de pelo menos 100 batimentos por minuto, de acordo com técnicas normatizadas, para que a circulação do sangue seja eficiente.

    Enquanto um indivíduo inicia os movimentos, outra pessoa deve chamar imediatamente um hospital ou o resgate e solicitar um desfibrilador externo automático.

    O ideal é que hajam duas ou mais pessoas, revezando-se para que não se cansem. Porém,  se o socorrista estiver sozinho, deve realizar as compressões torácicas por dois minutos consecutivos, antes de ligar para o resgate. Por lei, todos os ambientes com grande circulação de pessoas, como aeroportos, parques, empresas, escolas e shopping centers devem dispor de um desfibrilador.

    Em cada minuto sem atendimento adequado, perde-se em 10% a chance de sobrevivência de um indivíduo que sofre uma parada cardíaca.

    Portanto, não somente profissionais de saúde devem ser instruídos sobre como agir em situações de emergência. A maioria das ocorrências médicas acontece em ambiente domiciliar ou de trabalho. Quanto maior o número de pessoas capacitadas, maior será a eficiência no atendimento de vítimas de infarto do miocárdio e de parada cardíaca. E muitas mortes serão evitadas.

    *Denise Hachul é médica cardiologista, professora do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Incor – HCFMUSP) 

    (Este texto foi produzido em uma parceria exclusiva entre VEJA SAÚDE e Brazil Health)

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