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Peeling de fenol: 5 passos para garantir a segurança do procedimento

Protocolos e cuidados asseguram que a intervenção traga mais benefícios do que riscos. Saiba como não cair em ciladas

Por Ingrid Luisa
Atualizado em 11 jun 2024, 10h31 - Publicado em 11 jun 2024, 09h47
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Pessoas jovens precisam de uma indicação bem precisa para realizar esse peeling. (Divulgação/Veja Saúde)
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A morte do empresário Henrique Silva Chagas após realizar um peeling de fenol no último dia 3 de junho assustou o Brasil.

Chamam a atenção os detalhes do caso. Em primeiro lugar, o procedimento foi feito por uma pessoa não habilitada em um local inadequado. A influenciadora conhecida como Natalia Becker, responsável pela sessão, não tem formação na área da saúde nem da estética, apenas realizou um curso online (sem aulas práticas) sobre o peeling de fenol.

Além da aplicação incorreta, ela não soube prevenir complicações e nem prestar os primeiros socorros diante do agravamento do quadro.

Apesar desse cenário grave, acredite, o peeling de fenol é um procedimento seguro, bastante estudado e consolidado dentro da medicina. Você pode ler um dossiê completo sobre ele nesta matéria de VEJA SAÚDE.

A seguir, preparamos um passo a passo para garantir que ele será feito da forma correta, sem colocar a vida de ninguém em risco.

+Leia Também: Entre a beleza e o perigo: os riscos dos procedimentos estéticos

1) Realize o peeling de fenol com um médico especialista

O fenol é uma substância altamente tóxica ao coração, rins e fígado. Seu mau uso pode provocar arritmia, infarto, falência de rins, intoxicação hepática e até a morte. Um monitoramento cardíaco e do corpo no geral é essencial durante o procedimento.

De acordo com a Lei do Ato Médico, apenas médicos podem realizar procedimentos invasivos, sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos.

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Segundo especialistas, se enquadra nesta lista toda intervenção que vá além da camada superficial da pele, a epiderme, e isso envolve peelings profundos (como o de fenol, que atinge a derme reticular, onde estão as rugas), preenchimentos injetáveis (botox, ácido hialurônico, bioestimuladores de colágeno), e cirurgias.

“É importante que seja um médico porque tanto o diagnóstico quanto o tratamento de complicações, hoje, no Brasil, só são ensinados nas escolas de medicina”, resume o dermatologista Felipe Ribeiro, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e coordenador científico da Sociedade Internacional de Peeling (Internacional Peeling Society – IPS).

“Só um médico pode solicitar exames e analisar se coração, rins e fígado desse paciente estão aptos para a realização da intervenção. Os riscos são conhecidos, mas são minimizados nas mãos de um médico capacitado para realizar a aplicação”, completa.

O especialista em peelings explica que alguns efeitos colaterais são até esperados. “Ao aplicar o peeling de fenol e ver a reação do paciente, eu já sei se ele vai ter uma arritmia. E a gente treina para resolver essa complicação que acontece, em média, em 7% dos casos”, exemplifica. 

Detalhe importante: os médicos habilitados para fazer peeling de fenol são dermatologistas ou cirurgiões plásticos.

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Antes de procurar pelo procedimento, vale pesquisar as qualificações do profissional: se ele possui título de especialista (confira nos sites da Sociedade Brasileira de Dermatologia ou da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica) e se possui histórico e prática com fenol.

+Leia Também: Peeling de fenol: mitos e verdades

Mas e os esteticistas, eles não podem realizar peelings?

De acordo com a Lei dos Esteticistas, eles estão autorizados a executar procedimentos estéticos faciais, corporais e capilares, utilizando como recursos de trabalho produtos cosméticos, técnicas e equipamentos com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Hoje, o fenol não é um produto cosmético, mas um medicamento, que é vendido em farmácias de manipulação apenas com receita médica. Ou seja, esteticistas não estão autorizados a realizar esse tipo de peeling.

+Leia Também: Decifre o skincare: saiba o que ele realmente faz por você

2) Tenha uma indicação precisa

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), peeling de fenol é principalmente indicado para tratar casos de envelhecimento facial severo, caracterizados por rugas profundas e textura da pele consideravelmente comprometida.

Geralmente, isso envolve pele maduras, de indivíduos com mais de 50 anos.

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Nas mãos de um profissional adequado, no entanto, essas indicações podem ir além: “Rugas, cicatrizes de acne profundas, manchas, alguns tipos de câncer de pele, quando a pessoa tem muita tendência a desenvolver lesões; dentre outros”, pontua Ribeiro.

Porém essa não é a única opção: lasers, microagulhamento, fios de sustentação e outras estratégias menos invasivas que o fenol também tratam algumas dessas questões.

Lembrando que quem determina o melhor procedimento a ser feito é o profissional, não o paciente. Talvez o seu problema já se resolva com algo mais simples.

+Leia Também: De botox a lifting: desvende os procedimentos estéticos 

3) Tenha certeza de que você pode fazer o peeling de fenol

Como explicamos, um médico especialista sempre irá solicitar exames que garantam que seu corpo está apto a realizar o procedimento com segurança.

Qualquer questão cardíaca, renal ou hepática já impossibilita a aplicação. Mesmo uma arritmia leve, ou qualquer pequena alteração nesses órgãos.

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Pessoas com doenças autoimunes, como lúpus, artrite reumatóide; ou crônicas, como diabetes, hipertensão, não devem fazer.

Peles mais escuras também são uma questão: o fenol tem um efeito clareador, então pode haver uma mudança de tom após a realização. Por conta disso, o fenol é mais indicado para peles claras, mas, como no Brasil temos uma gama muito variada de tons de pele, vale averiguar com o médico.

+Leia Também: As seis tendências que se consolidam na estética

4) Não acredite em promessas de fenol simples

Nomenclaturas como fenol light, fenol de cróton e várias outras insinuando um “fenol mais leve” inundaram as redes sociais, mas não se iluda: todo fenol seguro é invasivo e exige muito cuidado.

O peeling de fenol foi inventado pelos médicos Thomas Baker e Howard Gordon, que lançaram a fórmula Baker-Gordon em 1962. Ela foi a primeira a misturar uma solução de fenol diluída em água, óleo de Cróton e sabão líquido, base utilizada até hoje.

Mas essa fórmula evoluiu.

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Hoje, existem 5 fórmulas estudadas e seguras de fenol modificado, todas mudando a concentração do óleo de cróton, que é quem estimula mesmo o colágeno”, explica Ribeiro.

O especialista também alerta que, ilegalmente, algumas pessoas vendem fórmulas “mais leves” de fenol, mas elas não têm comprovação científica, e não existem protocolos de segurança e eficácia para elas. Por isso, desconfie sempre de promessas mágicas e com resultados muito rápidos.

Hoje o fenol nem sempre é usado no rosto inteiro. Muitos especialistas trabalham com aplicação localizada, apenas em algumas áreas mais marcadas, como a região dos olhos, por exemplo. Essa modalidade envolve um pós bem menos incômodo, mas todo e qualquer peeling de fenol é invasivo e não é nada “leve”.

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5) Saiba o que esperar do procedimento e da recuperação

Muitas pessoas se chocaram com o que ocorreu com Henrique antes da aplicação do produto: a pele do seu rosto foi toda cortada para se aplicar a pomada anestésica.

Eu trabalho com peelings há muitos anos e coordeno o comitê científico-educacional da Sociedade Internacional de Peeling no mundo inteiro. Eu nunca vi uma preparação de pele dessa maneira. Não é o que a gente faz e nem ensina para alunos médicos. Está completamente errado”, afirma o dermatologista Felipe Ribeiro.

Com a pele cortada, o fenol circula em maior quantidade e mais rápido pela corrente sanguínea, o que é muito perigoso.

O ideal é que a pele esteja íntegra, sem cortes, e que o produto seja dispensado de forma lenta e monitorizada, para se avaliar as reações do paciente.

Segundo a SBD, o tempo estimado de duração da aplicação do peeling de fenol é de 2 a 3 horas. A recomendação geral é que se aplique em áreas chamadas de unidades anatômicas (como bochecha, testa, queixo) e se espere um tempo considerável (em média 20 minutos) para aplicar o produto em outra região.

A Sociedade afirma que, neste tempo de espera, o fenol é metabolizado, o que evita que ocorra uma reação tóxica por excesso de produto circulando na corrente sanguínea.

Quando a gente faz com fórmulas corretas, da maneira correta, lentamente, a tendência é não ocorrer alteração cardíaca nenhuma. Mas tudo deve ser monitorado para a segurança do paciente”, completa Ribeiro.

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Após um peeling de fenol, é normal o paciente inchar e a pele ficar com uma crosta marrom, semelhante a uma queimadura, descamando e repuxando bastante. As imagens desse processo, aliás, ficaram famosas nas redes sociais.

Normalmente, depois de um mês a pele já está com um aspecto mais agradável. Mas esse período varia individualmente, e pode se prolongar mais. Como o estímulo para a produção de colágeno leva tempo para se concretizar, o resultado final mesmo aparece depois de quatro meses.

Alguns estudos afirmam que o resultado de um bom peeling de fenol não é alcançado por nenhum outro peeling ou mesmo tecnologia. Mas isso não é consenso na literatura, principalmente por conta dos cuidados e riscos do procedimento.

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