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Conhece-te a ti mesma: a saúde íntima feminina

Sentir dor durante o sexo e não saber como cuidar da saúde íntima fazem parte da rotina de muitas mulheres. É urgente reverter tabus e abrir essa conversa

Por Ingrid Luisa (reportagem e texto) | Julia Jabur (ilustração) | Laura Luduvig (design)
Atualizado em 17 jun 2023, 21h30 - Publicado em 16 jun 2023, 14h24
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Observar a própria vulva ajuda no autoconhecimento e na saúde. (Ilustração: Julia Jabur/SAÚDE é Vital)
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Denise* tinha 19 anos quando teve sua primeira relação sexual. A jovem de São Paulo estudou em uma renomada escola particular, mas a sexualidade nunca havia sido abordada pelos professores — seus conhecimentos a respeito se resumiam às aulas sobre o sistema reprodutor.

Mesmo sem restrições dentro de casa, a estudante de letras sempre teve vergonha de tocar no assunto com a mãe e as amigas, e mesmo pesquisá-lo na internet. Tinha a convicção de que, na hora H, as coisas rolariam naturalmente. Mas não foi bem assim:

“O garoto me questionou como eu gostaria de ser tocada e sobre posições sexuais. Eu nem entendi o que ele estava falando, nunca tinha me masturbado antes. Foi bem constrangedor”, conta Denise, hoje com 22 anos. Resultado: doeu, não foi nada bom e demorou muito para ela querer transar novamente.

O relato da paulistana é emblemático: mostra que acesso a informação técnica não basta quando se trata de sexualidade feminina. E muitas mulheres ainda sofrem com a negligência e o tabu que rondam o assunto.

“Existe uma pressão contraditória: a sociedade diz que a mulher não pode se tocar ou transar até os 16, 18 anos. Mas, se ela tem 20 anos e não é ótima na cama, tendo uma vida sexual saudável e ativa, acaba sendo julgada”, analisa Márcia Oliveira, fisioterapeuta pélvica e terapeuta sexual de São Paulo. “É como se ela tivesse que aprender tudo muito rápido e sozinha”, completa a também autora do livro recém-lançado Da Dor ao Prazer (Agir).

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O autoconhecimento, que deveria ser estimulado desde a adolescência, também é determinante para entender o passo a passo da higiene íntima, as formas de contracepção e o que é normal ou não em relação à região genital e ao sexo.

Nesse sentido, é muito bem-vinda a parceria com o ginecologista. Só que até aí os entraves persistem. Segundo pesquisa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), mais de 13 milhões de brasileiras alegam ter vergonha de procurar o médico. Para piorar, há um desconhecimento do básico.

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Exemplo notório foi a fala da cantora Gabi Martins no programa Big Brother Brasil 20: ela afirmou ter colocado um absorvente íntimo para não fazer xixi durante uma prova do reality, confundindo os buracos existentes na vagina.

“Na consulta, é bem comum precisar mostrar a vulva da mulher no espelho, porque ela nunca se olhou”, conta a ginecologista Carolina Ambrogini, coordenadora do Ambulatório de Sexualidade Feminina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “E isso acontece com mulheres adultas e até mais jovens.”

Ainda que a conscientização tenha crescido, na esteira de um movimento de valorização e libertação feminina, há muito a melhorar.

Mas o próprio mercado já está atento às mudanças. Tanto é que entrou na moda o intimate beauty, tendência que engloba produtos e procedimentos para deixar a região genital mais “saudável e bonita”.

As projeções indicam que, em escala global, o setor de cuidados íntimos femininos ultrapassará os 37 bilhões de dólares em 2030. No entanto, em um cenário em que ainda reina o desconhecimento, antes mesmo de pensar em estética é essencial compreender melhor esse pedaço do corpo (e da vida).

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dados sobre a saúde da mulher
Dados sobre saúde da mulher. Fontes: pesquisa Mosaico 2.0, 2016; Febrasgo e Datafolha, 2019; Saúde Sexual Da Mulher: Como Abordar a Disfunção Sexual Feminina no Consultório Ginecológico – Febrasgo, 2022 (Ilustração: Julia Jabur/SAÚDE é Vital)

Cuidados íntimos iniciais

Quando se pensa em conhecimentos e cuidados relacionados ao corpo, o ideal é aprender o beabá desde a infância.

Em casa e durante o acompanhamento com o pediatra, as meninas devem ser ensinadas a manter a higiene íntima e a ter noção de que carícias ali não devem ser feitas por outras pessoas, prevenindo abusos sexuais.

Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto avaliou um grupo de mulheres por 13 anos e constatou que aquelas que sofreram violência sexual na infância ou na vida adulta encaravam um risco maior de apresentar disfunções sexuais, baixa libido e sintomas de ansiedade e depressão em comparação com quem não passou por isso.

À medida que a garota cresce, é preciso definir o momento de levá-la à primeira consulta com o ginecologista. E esse timing pode variar.

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Se antes dos 8 anos ela já apresentar desenvolvimento de mamas ou pelos, o ideal é já conversar com o pediatra para procurar um gineco.

“A puberdade precoce pode prejudicar o crescimento da criança. Dependendo do caso, medicações podem ser indicadas para retardar um pouco esse processo”, pontua a médica Lia Cruz Damásio, professora de ginecologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI).

+Leia Também: 9 perguntas que as mulheres devem fazer ao ginecologista

Se essa não for a questão, e não houver nenhum outro tipo de alteração ligada à região genital, existem três boas oportunidades para iniciar as visitas ao especialista.

A primeira é por volta dos 10 anos, quando começarem as modificações hormonais que caracterizam a puberdade.

A segunda seria a época da menarca, a primeira menstruação: nessa fase, as consultas auxiliarão a entender o ciclo, o fluxo e se existem eventuais anormalidades.

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“É bom ficar de olho na frequência, na regularidade, no volume e em outros sintomas associados a esse período. Isso ajuda a conhecer o próprio corpo”, explica a professora da UFPI.

A terceira oportunidade, que já é considerada tardia, é antes da primeira relação sexual. O contato com o expert é importante para a paciente ser introduzida ao mundo dos contraceptivos e preservativos e tirar dúvidas sobre prazer e mesmo dor durante o sexo.

Como essa primeira experiência nem sempre é um mar de rosas, é útil a mulher estar blindada com informações corretas.

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Nessa etapa, outro momento crucial é o conhecimento da própria anatomia, que pode ser orientado pelo ginecologista.

É natural que existam diferenças no corpo de umas e outras, incluindo o formato e as dimensões dos seios, da barriga, do quadril e da vulva. Não existe padrão certo ou errado.

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Em seu livro, Márcia Oliveira traz um estudo que revelou que 73% das mulheres têm os pequenos lábios da vagina maiores que os grandes — no sentido de eles terem mais pele e até ficarem mais expostos.

Isso não só significa que a nomenclatura mais adequada seria lábios internos e externos como serve de alívio para quem achava que tinha alguma coisa errada por lá.

O tamanho do capuz vaginal varia, assim como a coloração e a simetria entre os lábios também. Cada vulva é, literalmente, única.

anatomia da vulva
Entenda a anatomia da vulva (Ilustração: Julia Jabur/SAÚDE é Vital)

Na trajetória do autoconhecimento, muitos especialistas advogam em prol de uma prática que não faz parte da rotina de quase metade das brasileiras: a masturbação.

Em 2016, a pesquisa Moisaco 2.0, encabeçada pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, mostrou que 20% das mulheres nunca se tocaram ou tentaram ter prazer sozinhas.

Uma realidade bem diferente da dos homens: mais de 80% deles se masturbam. Será que as coisas estão mudando?

“Apesar de haver uma tendência a se explorar mais a sexualidade, o que tenho visto no consultório é que a masturbação ainda é uma questão complexa para muitas mulheres”, relata Lia.

“Mas elas precisam ser estimuladas nesse sentido. Hoje há muita informação na internet, mas a maioria é superficial e não repercute na melhora da saúde e da qualidade de vida sexual”, analisa a especialista.

+Leia Também: A relação íntima entre sexualidade e saúde 

Higiene descomplicada

Outra disciplina prioritária no aprendizado feminino é a higiene íntima. Especialmente para as alunas brasileiras.

Vivemos em um país tropical, e o ambiente quente e úmido pode tornar a vulva um lugar propício para a proliferação de micro-organismos. É normal ter essas criaturas microscópicas ali, mas, quando elas saem da zona de equilíbrio, podem gerar problemas.

“Algumas pessoas têm muito suor na região íntima, porque, assim como as axilas, a virilha é cheia de glândulas sudoríparas. Se for esse o caso, é importante ventilar ao máximo a área”, explica Carolina Ambrogini.

Daí começam as recomendações básicas: evitar o uso de calcinhas apertadas no dia a dia, preferir as de algodão e dormir sem roupa íntima sempre que possível.

Seguindo a linha de cuidados, há os hidratantes para a vulva, cada vez mais comuns no mercado.

Algumas marcas já propagam que, assim como no rosto, deve-se fazer um skincare na pele lá embaixo a fim de deixá-la “hidratada e iluminada”.

Mas a comparação não é justa. O rosto está constantemente exposto a luz e calor vindos primordialmente do sol, por isso ele precisa de uma atenção maior na forma de hidratação regular e proteção solar. Já a vulva, bem, ela costuma ficar guardadinha.

Para a população geral, esses hidratantes íntimos não são necessários”, avalia Carolina.

“Mas, se existe uma questão de hipersensibilidade ou alergia, os produtos próprios para a região podem ajudar a formar uma camada protetora. Isso também se aplica a mulheres que fazem depilação total, bem comum no nosso país, o que deixa a pele da vulva exposta e até mais fina e sensível”, orienta a especialista da Unifesp.

+Leia Também: Higiene íntima sem tabu (para elas e para eles)

Com relação à limpeza no banho, o mais importante é não alterar o pH da flora vaginal, que é levemente ácido.

Como foi dito, toda mulher abriga uma comunidade de bactérias e fungos na vagina, que vive em harmonia em condições normais de temperatura e pressão.

Mas micro-organismos oportunistas se aproveitam de mudanças mínimas no pH local, frutos de uma higiene fraca ou excessiva, para se proliferar e causar doenças.

Por exemplo: basta o ambiente ficar mais ácido para a candidíase dar as caras. Ficou alcalino demais? Uma vaginose pode aparecer.

“O recomendado é usar um sabonete neutro, de preferência líquido. Não precisa obrigatoriamente ser o íntimo. E realizar uma boa limpeza entre as dobras dos lábios, onde podem acumular resíduos”, instrui a ginecologista Taís Calomeny, da clínica All 4Us, em São Paulo.

Lavar duas vezes ao dia, de manhã e antes de dormir, está de bom tamanho: mais que isso, já podemos sabotar, ainda que sem querer, as defesas do corpo.

Outro recado: a limpeza é sempre externa, nunca dentro do canal vaginal, que se autorregula naturalmente. Introduzir duchas ou sabonetes ali altera o pH e pode dar problemas.

+Leia Também: Por que a infecção urinária se repete em algumas mulheres?

Falando em atitudes não recomendadas, não dá para deixar de citar os perfumes íntimos. Apesar de estarem em voga, eles podem provocar alergias e mascarar doenças.

“A vagina tem um cheiro natural, próprio. Se a gente usa perfume, pode inclusive não perceber que há um odor errado, uma doença como uma vaginose se manifestando”, avisa Taís.

A ginecologista também afirma que fragrâncias íntimas, cremes e até lenços umedecidos com cheiro podem causar reações alérgicas e irritar a vulva.

Sim, é normal a região vaginal exalar um cheiro. Assim como é absolutamente normal ter secreção ali. E isso varia conforme a fase do ciclo menstrual. “Calcinha seca só em criança”, brinca Carolina.

Por falar em menstruação, é prudente não usar absorvente o tempo todo, mesmo as versões pequenas, porque eles aquecem a vulva e podem desestabilizá-la. Se usar protetores diários, opte pelos respiráveis.

básico da higiene íntima da mulher
101 da higiene íntima (Ilustração: Julia Jabur/SAÚDE é Vital)

Para além desses cuidados, é decisivo aprender a se prevenir das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

E, aqui, a lição é clara: tem que usar camisinha. Além de evitar uma gravidez indesejada, ela arma uma barreira física contra a maioria dos micróbios (de sífilis a gonorreia).

Limita, ainda que não seja 100% nessa tarefa, até o papilomavírus humano (HPV). Esse vírus, transmitido pelos contatos íntimos, está em praticamente 90% da população e é a principal causa de câncer de colo de útero.

Mas tem vacina contra ele! Atualmente, o SUS oferece a crianças de 9 a 14 anos o imunizante tetravalente, que engloba os tipos virais mais associados a tumores. É um recurso fenomenal, mas cuja cobertura ainda é baixa no país (mesmo sendo de graça). Culpa da desinformação.

Vacinar não vai estimular alguém a ter vida sexual. Isso é mito”, assegura Lia. “Pelo contrário, as adolescentes vacinadas recebem mais orientação e tendem a iniciar as relações sexuais mais tarde e de forma mais segura”, esclarece a professora.

+Leia Também: Vacina do HPV: “a melhor cura para o câncer é não ter o câncer”

A onipresença do HPV também nos lembra que é preciso fazer exames periódicos no ginecologista para saber se está tudo em paz no útero.

É que o câncer de colo tem evolução lenta, aparece anos depois da infecção em si, por isso é uma doença evitável através do rastreamento anual feito com métodos como o papanicolau e a testagem para o vírus.

Tem algo errado

Alterações no pH vaginal e ISTs geram encrencas

Candidíase
Um fungo que vive na flora se prolifera em ambiente desregulado. Produz corrimento branco, coceira, ardor e dor na relação sexual.

Vaginose
Também causada pelo desequilíbrio do pH local, é marcada pelo crescimento de bactérias. O principal sintoma é o corrimento com odor fedido.

Tricomoníase
Infecção sexualmente transmissível causada por um protozoário, leva a corrimento verde ou amarelado, cheiro, coceira e irritação.

Herpes genital
Causada pelo vírus do herpes simples (HSV), também é uma IST e provoca lesões no formato de verrugas na região genital e anal.

HPV
O vírus é transmitido sexualmente e pode causar lesões no colo do útero. Mas, se os danos forem descobertos no início, o tumor pode ser evitado.

+Leia Também: O toque faz diferença numa relação

Sexo bom é saúde

Mas é fato: não existe saúde íntima sem saúde sexual — e vice-versa.

Dentro das disfunções sexuais, as mais conhecidas são as relativas à falta de vontade de fazer sexo (transtorno do desejo sexual hipoativo), a dificuldade de ter orgasmo (anorgasmia) ou o vaginismo (uma contração involuntária dos músculos locais).

Mas existem diversas condições que, em comum, atrapalham a busca pelo prazer e resultam em dores numa relação a dois.

“A objetificação feminina, a religião, o shape, a performance sexual, tudo isso impacta a saúde sexual feminina. Mas existe algo físico que dói, algum problema que não é invenção da mulher, e precisamos dar voz a essas disfunções”, reflete Márcia.

O estudo dessa temática é relativamente novo. Débora Pádua foi uma dentre tantas mulheres que sentiam desconforto ao transar, a ponto de isso virar um problemão em sua vida. Mas, no final da década de 1990, pouco se sabia e se falava a respeito. Ela teve de se virar sozinha.

Após isso, fazendo faculdade de fisioterapia, ela decidiu focar em um campo até então recente, a fisioterapia uroginecológica. “Era o que existia na época, mas não tinha nada a ver com sexualidade”, recorda.

Ali, Débora praticamente ajudava só mulheres com incontinência urinária. Mas as pacientes começaram a fazer perguntas bem familiares a ela, particularmente sobre dor na relação sexual.

Com o intuito de ampará-las e não deixá-las no escuro, como ela tinha ficado, a fisioterapeuta começou a estudar sexualidade e as disfunções sexuais.

Em 2013, depois de anos de experiência atendendo pacientes com vaginismo, uma das principais razões do desconforto na região, ela criou o blog Vaginismo Tem Cura Sim! “Foram mais de 3 mil acessos nos primeiros meses, com muita gente me perguntando onde eu atendia”, relata.

Em 2014, devido à demanda, ela passou a trabalhar exclusivamente com problemas sexuais e, na sequência, fundou a primeira clínica especializada no assunto no Brasil.

Quase dez anos depois, ainda luta para trazer mais visibilidade e conscientização sobre essas condições dolorosas física e mentalmente. “Nem sempre o médico se importa com a dor que a paciente expõe. Muitas vezes, acha que é só falta de excitação ou de desejo. Que ela não foi estimulada corretamente ou que não sabe se estimular. Mas ela realmente pode ter uma disfunção”, afirma. Disfunção que tem tratamento.

O vaginismo, por exemplo, pode ser controlado sob a orientação do gineco, do físio e do psicólogo.

+Leia Também: O que causa dor durante o sexo?

O nome técnico de qualquer dor genital que ocorre durante o sexo é dispareunia. Há dois tipos principais: a de penetração e a de profundidade.

A primeira é sentida na entrada do canal vaginal, e pode ser causada por irritações, vaginoses, candidíase, dermatites, fissuras… Se isso faz parte do seu cotidiano, já sabe: procure um médico.

Se for descartada qualquer causa do gênero, a investigação é mais complexa, e pode chegar ao já citado vaginismo, cujo tratamento envolve um trabalho com o assoalho pélvico, o conjunto de músculos que dão suporte a órgãos como a bexiga e ajuda a sustentar o espaço genital.

Com melhor controle sobre essa estrutura, algo viabilizado por sessões de fisioterapia, não só é possível afastar ou minimizar os incômodos durante o sexo como evitar a incontinência urinária lá na frente.

“Somos uma sociedade que involuiu para viver sentada, seja no trabalho, seja no lazer, e essa rotina sedentária leva a um enfraquecimento e a uma perda de percepção ainda maior dessa região”, aponta Márcia.

Já as disfunções de profundidade, que doem no fundo do canal vaginal, denunciam doenças pélvicas como endometriose, miomas ou infecções e lesões no colo do útero.

Seja qual for, uma coisa é certa: há opções de tratamento, que vão de medicamentos a cirurgias, a depender do diagnóstico.

mapa da despaurenia
Alterações em diversas partes do corpo podem resultar em dor na relação sexual. (Ilustração: Julia Jabur/SAÚDE é Vital)

Um slogan precisa ficar exposto na cabeça das mulheres: não é normal sentir dor na relação.

Se a experiência negativa vira rotina, abre-se um círculo vicioso. “Não sentir dor é muito importante porque a sexualidade feminina segue um ciclo que depende dos episódios anteriores. Se for ruim, doloroso, a mulher ficará menos receptiva ao sexo”, justifica a psicóloga Heloisa Fleury, membro da Associação Brasileira de Estudos em Medicina e Saúde Sexual (ABEMSS).

Sim, a saúde íntima feminina é complexa, envolve história, informação, superação e prazer. As dores são sempre reais e não devem ser escondidas. Afinal, com informação e o devido apoio, elas não vão durar para sempre.

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