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Um terço dos diagnosticados com asma não tem a doença

Você tem asma? Tem certeza? Um estudo canadense mostra que muita gente está usando bombinha à toa – e que o diagnóstico tem deixado muito a desejar

Por Ana Carolina Leonardi (da Superinteressante)
Atualizado em 11 fev 2019, 16h06 - Publicado em 26 jan 2017, 11h33
asma
Estudo mostra que vários pacientes diagnosticados com asma não têm a doença hoje em dia (Ilustração: Pedro Hamdan/)
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A inflamação reversível dos brônquios, que chamamos de asma, é uma das doenças que mais afetam as crianças no Brasil. Ela é considerada uma doença crônica, mas os casos de remissão espontânea são comuns: a asma fica para trás junto com a infância. Mas, na fase adulta, os asmáticos não parecem ter a mesma sorte: quanto maior a idade, menor a taxa de remissão.

Mesmo assim, uma pesquisa feita no Canadá, com mais de 600 adultos com asma diagnosticados nos últimos 5 anos, mostrou que um terço desses pacientes não tem asma. E desse resultado surgem duas hipóteses: ou a remissão de asma em adultos é mais comum do que se pensava, ou há algo de errado nos diagnósticos.

Os cientistas reuniram asmáticos diagnosticados recentemente e que não faziam uso contínuo de corticoides nem fumavam há mais de 10 anos. Todos os participantes passaram por uma série de testes que desafiavam a capacidade dos pulmões. O exame principal era a espirometria, teste que mede quanto volume de ar uma pessoa consegue expirar em um segundo só.

Depois disso, eles tomavam remédio para asma e o espirômetro avaliava se a performance deles melhorou. Se a respiração ficava pelo menos 12% mais eficiente, era sinal de que os brônquios estavam com dificuldades – e, acompanhado de sintomas como a tosse, o resultado era um forte indicativo de asma.

Quem teve um resultado negativo na espirometria ainda passou por outros testes para descartar completamente a asma. Mesmo para quem tinha resultados saudáveis em todos os exames, os pesquisadores foram devagar. Pediram que reduzissem a medicação para a doença – as famosas “bombinhas” – pela metade. Se não houvesse piora de sintomas em 3 semanas, diminuíam novamente a dose. Fizeram isso durante um ano.

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Ao fim do ano, 33% dos participantes foram declarados não-asmáticos. A maioria deles (27% do total) simplesmente não apresentava problemas respiratórios, mesmo com a retirada completa da bombinha. Outros tinham casos simples de alergia. Em 12 casos (2%) porém, o erro de diagnóstico foi mais complexo: eles tinham, na realidade, problemas cardiorrespiratórios graves, que estavam sendo mascarados pelo tratamento de asma.

A maioria dos testados (67%) teve o diagnóstico confirmado, mas os pesquisadores encontraram um problema: 49% de todos os voluntários, asmáticos ou não, tinham recebido seu diagnóstico original sem nunca ter passado por uma espirometria. A decisão de que tinham asma foi baseada apenas na observação de sintomas. Para os pesquisadores, é o equivalente a dizer que alguém tem diabetes sem fazer teste de glicemia, ou engessar um braço sem pedir antes um raio-x.

Mesmo assim, os pesquisadores não têm, por enquanto, interesse em culpar os médicos pelo “excesso” de asmáticos. “É impossível dizer quantos pacientes foram diagnosticados de forma errada originalmente ou se apenas deixaram de ter um quadro de asma ativo”, explicou o professor Shawn Aaron, da Universidade de Ottawa, em comunicado à imprensa. “O que sabemos é que todos [os 33%] puderam parar de tomar remédios de que não precisavam – que não apenas são caros como podem causar efeitos colaterais”.

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Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Superinteressante

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