Casos de monkeypox em cães: que cuidados devemos tomar?
Animais devem ficar isolados, pois muito provavelmente se recuperarão, assim como seus donos
A confirmação do diagnóstico de monkeypox (ou varíola símia) em dois cachorros cujos tutores também estavam doentes reforça o alerta sobre os cuidados de animais domésticos clinicamente suspeitos ou que tenham contato com pessoas contaminadas pelo vírus.
O primeiro caso confirmado ocorreu na França e foi publicado na revista científica The Lancet, evidenciando a possibilidade da transmissão do vírus dos humanos para os animais. O segundo caso ocorreu aqui no Brasil, em Minas Gerais, e foi confirmado pelo Ministério da Saúde no final de agosto.
A varíola símia é uma zoonose silvestre (doença transmitida por animais) que ocorria, geralmente, em regiões de florestas africanas causada pelo vírus monkeypox. Com o aumento da transmissão global, até o dia 12 de setembro, foram registrados mais de 58 mil casos da doença em humanos no mundo, sendo que mais de 6.000 deles estão no Brasil, segundo dados publicados pelo Ministério da Saúde.
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São Paulo é o estado com maior número de casos, seguido do Rio de Janeiro e Minas Gerais. No surto atual, a transmissão tem acontecido entre os humanos e, na maioria das vezes, após contato sexual.
No caso da contaminação do cachorro na França, a equipe de pesquisadores realizou o sequenciamento genético das amostras colhidas dos donos e do cão. E os resultados mostraram que os vírus eram idênticos, sem nenhuma mutação, o que praticamente confirma essa transmissão do monkeypox dos humanos para o animal.
Mas o que muda na prática após a confirmação dos casos em cachorros?
Segundo a médica Emy Akiyama Gouveia, infectologista do Hospital Israelita Albert Einstein, esses casos só reforçam a mensagem de que a doença pode também atingir os pets, especialmente os mamíferos mais comuns, que é o caso de cães, gatos e pequenos roedores. E que os cuidados com esses animais de estimação devem ser os mesmos de como se houvesse uma outra pessoa doente em casa.
“Era só uma questão de tempo até termos a confirmação de casos em animais domésticos. Já se sabia dessa possibilidade de transmissão de monkeypox para os pets desde o início da epidemia, inclusive com alerta das vigilâncias epidemiológicas. A recomendação sempre foi de caso a pessoa confirmar o diagnóstico, tentar se isolar do seu pet para que ele não adquira o vírus”, afirmou Emy.
Entre os cuidados a serem tomados para evitar a contaminação do animal:
- Higienização frequente das mãos do tutor com água e sabonete;
- Não deixar o cachorro ou gato entrar em contato com a roupa de cama (não dormir junto);
- Evitar que os pets tenham contato com as crostas que podem estar no ambiente;
- Não abraçar, beijar ou receber lambidas do pet nesse período de isolamento;
- Manter o ambiente sempre limpo;
- Não mandar o animalzinho para tomar banho no petshop enquanto houver alguém doente em casa para evitar a transmissão do vírus para outros animais;
- Em caso de suspeita de contaminação do animal, avisar as autoridades de saúde e o médico veterinário para que os cuidados sejam tomados.
“O ideal seria fazer o isolamento desse animal. Mas, como sabemos que isso nem sempre é possível, basta reforçarmos os cuidados”, disse Emy.
Após a confirmação do caso em um cachorro no Brasil, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica onde orienta os cuidados que devem ser tomados quando houver suspeita de contaminação dos pets, considerando que milhões de brasileiros possuem animais de companhia.
A nota ressalta que não se deve higienizar os animais com produtos químicos (como álcool), nem sacrificar os bichinhos. Diz ainda que os dados são muito incipientes e que podem ser atualizados se houver alguma mudança nos procedimentos. Procurado, o Ministério da Saúde informou que não há mais casos confirmados em animais no país, nem casos suspeitos.
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“A mensagem mais importante é a de que não devemos abandonar os nossos animais de estimação e muito menos sacrificá-los por causa do monkeypox. É a mesma coisa que ocorreu na época da Covid-19. O cachorro pode ou não desenvolver sintomas, mas ele vai se curar e, pronto, resolveu o problema”, ressaltou a infectologista.
“Do ponto de vista da evolução clínica dos pets, como são poucos e raros os casos relatados até agora, ainda não se sabe o que poderá acontecer. Mas, muito provavelmente, houve outros casos que passaram despercebidos porque o animal se recuperou”, finalizou.
Esse texto foi publicado originalmente na Agência Einstein.