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Pesquisa aponta cinco grandes tendências na alimentação dos brasileiros

Análise das buscas, dos conteúdos e dos posts no ecossistema digital indica ingredientes e comportamentos alimentares que devem se manter em alta

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 1 ago 2022, 16h01 - Publicado em 10 nov 2020, 12h32
tendências na dieta
Alimentação baseada em vegetais e uso de suplementos estão entre as tendências apontadas por nova pesquisa.  (Ilustração: VEJA SAÚDE/SAÚDE é Vital)
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Depois de se debruçar sobre mais de 83 mil posts e quase 20 mil matérias publicadas na internet, uma pesquisa realizada pelo BHB Foods e Suplementos, plataforma da consultoria Equilibrium Latam, e pela Decode, braço de inteligência de dados do grupo BTG Pactual, ilumina cinco grandes tendências na alimentação de parcela expressiva dos brasileiros. A análise, concluída em outubro deste ano, contempla conteúdos e menções feitos em redes sociais como Instagram e sites como Google News e YouTube.

O levantamento aponta movimentos entre os consumidores e a indústria alimentícia cada vez mais enraizados no país e que prometem crescer nos próximos anos. São eles: a ascensão da dieta plant-based, a procura por produtos clean label, a preferência pela proteína como ingrediente, o equilíbrio entre alimentação saudável e momentos indulgentes e o uso de suplementos.

O movimento plant-based

O termo em inglês faz referência a um cardápio mais baseado em vegetais. É uma das tendências em expansão lá fora e ganha força no Brasil. Abriga sob seu guarda-chuva adeptos do vegetarianismo e do veganismo, que vetam produtos de origem animal, mas também os flexitarianos, que procuram reduzir o consumo de carne e priorizar os vegetais.

Só no YouTube, segundo a pesquisa, o volume de visualizações de vídeos sobre dietas plant-based cresceu três vezes nos últimos sete anos — são mais de 900 mil views em 2020. “A sociedade está cada vez mais convencida de que, além de olhar para a própria saúde, precisa pensar na sustentabilidade. Muitas pessoas percebem que não é só a sua dieta que está em jogo, mas todo um sistema para alimentar o planeta“, avalia a nutricionista Carolina Godoy, diretora de transformação digital da Equilibrium Latam.

É dentro dessa proposta que, atentos inclusive às recomendações de estudos e especialistas, mais brasileiros passam a limitar o espaço da carne e de outros alimentos de origem animal, e abrir o prato e a despensa a frutas, legumes, verduras e produtos feitos com vegetais.

O estudo mostra que o interesse pelo veganismo decolou 941% nos últimos oito anos e cresceu a busca no Google por receitas como bolo vegano. O vegetarianismo também está na onda, com buscas se elevando em 20%. Nas redes sociais, o tema ainda vem cercado de dúvidas e emoções como revolta e satisfação. “Também precisamos lembrar que ser vegetariano não significa automaticamente ter uma alimentação mais saudável. Tem gente que muda o padrão alimentar, mas acaba ingerindo muito açúcar ou gordura”, pondera Carolina.

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O apelo do clean label

Mais uma expressão gringa que tomou conta dos consumidores e da indústria de alimentos. Ao pé da letra, quer dizer “rótulo limpo”. “Ainda não há uma definição exata do que isso representa do ponto de vista regulatório. A ideia geral é a de um produto com menos ingredientes, sem aditivos como corantes e conservantes“, conta a diretora da Equilibrium.

O clean label traduz um sentimento em alta nos mercados: a busca por alimentos mais naturais e menos manipulados. Faz sentido: estudos associam o consumo excessivo de alimentos industrializados (sobretudo os ultraprocessados) a maior risco de obesidade, diabetes e outras doenças crônicas.

Eis uma tendência inclusive nos consultórios dos nutricionistas. “Fizemos uma pesquisa com esses profissionais e descobrimos que o aspecto mais determinante para a prescrição dos alimentos é a sua lista de ingredientes”, revela Carolina. É a máxima do quanto menos, melhor.

Segundo o trabalho da Decode e do BHB, o Brasil já é a terceira nação no ranking das que mais buscam por “clean label” na internet.

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Dá-lhe, proteína!

Não é de hoje que, entre os macronutrientes ela é a queridinha do público, deixando carboidrato e gordura a ver navios. As pessoas ligam o ingrediente a mais saciedade e músculos, pra começo de conversa. “A proteína já é culturalmente absorvida como algo que ajuda a ter saúde e boa forma”, nota a nutricionista.

No Google, mostra o levantamento, abundam buscas que remetem a esse universo: dieta à base de proteína, proteína de soja, ovo, whey protein… Mas o volume de visualizações de vídeos sobre o assunto no YouTube caiu 90% nos últimos quatro anos. Sinal, acredita Carolina, de que o tema já não é novidade para o brasileiro.

Ainda assim, a indústria não para de lançar produtos estampando na embalagem a quantidade ou o incremento de proteína. Barrinha, achocolatado, sopa… Praticamente tudo pode ser enriquecido com a vedete dos macronutrientes.

A pesquisa constata que as pessoas também caçam fontes proteicas alternativas, o que pode ter a ver justamente com o movimento plant-based. Com menos gente comendo produtos de origem animal, ganham evidência receitas à base de leguminosas, conhecidas no setor pelo termo “pulses” (lentilha, ervilha, grão-de-bico e companhia).

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A doce indulgência

Outra tendência examinada pelo estudo é a dos chamados alimentos indulgentes. A corrente também tem nome em inglês mais famosinho: comfort food. A ideia aqui é recorrer ao alimento como uma fonte de prazer. Vale uma bomba de chocolate, um hambúrguer ou aquela receita caprichada de lasanha da vovó.

“Com a pandemia, observamos um aumento na procura por receitas saudáveis mas também de pratos mais gourmets”, diz Carolina. O desafio aqui é conciliar um cardápio balanceado com esses momentos abertos a alimentos gostosos, mas um tanto desequilibrados do ponto de vista nutricional.

No fundo, é questão de bom-senso. E, pelo que sugere o levantamento da Decode e do BHB, o brasileiro está cada vez mais antenado a isso: nos últimos três anos, cresceu a preocupação com produtos ultraprocessados e seus malefícios à saúde.

O boom dos suplementos

A venda desses produtos se ampliou na pandemia, com muita gente comprando vitaminas e afins em prol da imunidade. O estudo, porém, focou em outra categoria que já vinha em ascensão e não deve parar: a dos suplementos esportivos.

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Creatina, BCAA, maltodextrina, albumina e whey protein são os produtos líderes de audiência no meio digital — vídeos sobre eles somam quase 19 milhões de visualizações no YouTube entre 2012 e 2020. A maioria das pessoas quer saber na internet como usá-los (dose, horário, perfomance etc). E praticamente 60% está atrás deles para ganhar massa muscular. Entre os produtos que fazem sucesso no segmento fitness, chama a atenção a busca por snacks proteicos.

Embora a tendência possa refletir preocupação com o corpo, não deixa de despertar a atenção dos profissionais de saúde. “Muita gente vai atrás desses conteúdos e produtos sem procurar um nutricionista”, afirma a diretora da Equilibrium. A questão é que exagerar na dose ou ignorar a presença de doenças prévias pode levar a reveses — daí a sugestão de sempre falar com um especialista primeiro e não dar ouvidos a qualquer influencer por aí.

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