Antes de mais nada, você sabe o que é disforia? Originária do grego, a palavra significa “dificuldade de suportar”. Na medicina, esse é o termo utilizado para descrever um estado emocional de insatisfação extrema, mal-estar, tristeza ou irritabilidade.
Embora a mais conhecida seja a de gênero, ela pode se manifestar de diferentes formas, incluindo a disforia de imagem e de personalidade. A condição pode afetar pessoas de qualquer idade e costuma vir acompanhada de transtornos psicológicos, como depressão e ansiedade.
O que é disforia de gênero?
A disforia de gênero surge a partir do desconforto com a própria aparência ou identidade social. Em outras palavras, trata-se de uma forte insatisfação com uma imagem que não é condizente com o gênero com o qual o indivíduo se identifica.
Esse mal-estar se caracteriza por uma mistura de sentimentos, que provoca melancolia, pessimismo, alterações de humor, isolamento e distúrbios alimentares, entre outras questões.
A condição costuma afetar principalmente a comunidade transexual. Contudo, ela não está associada à transição em si, mas sim aos períodos anteriores e posteriores de adaptação.
A disforia está relacionada, sobretudo, à maneira como cada pessoa se relaciona consigo mesmo e com o ambiente social, cultural e histórico do qual participa. Portanto, não são todas as pessoas transexuais que passam por essa experiência.
Herança de uma medicina ultrapassada
Para muitos especialistas, a ideia de disforia vem se tornando cada vez mais antiquada. A justificativa para isso está na forma como o termo costuma simplificar as vivências transexuais.
Na maioria das vezes, ele desconsidera determinantes sociais e culturais da composição de gênero, que podem afetar qualquer indivíduo. A pressão para se encaixar nos padrões estéticos, por exemplo, pode causar mais sofrimento e insatisfação do que a questão de gênero.
Quem pode ter disforia?
Embora seja mais frequente na comunidade transexual, essa condição pode ocorrer em qualquer pessoa de diversas maneiras. Quando associada às pressões estéticas e comportamentais, a disforia pode acometer qualquer um que não se encaixe nos padrões impostos pela sociedade.
Neste sentido, a condição é uma consequência e até mesmo um agravante para distúrbios de imagem e identidade. Essa angústia psicológica pode se manifestar em diferentes momentos da vida, como após mudanças significativas na aparência, grande perda ou ganho de peso, ou a passagem pelo puerpério.
Como tratar a disforia?
Apesar de não ser uma doença, a condição pode ser gerenciada com mudanças de hábitos e apoio emocional. Sendo assim, o tratamento para a disforia – seja de gênero, de imagem ou de personalidade – envolve uma abordagem multidisciplinar.
Neste cenário, o acompanhamento psicológico, somado ao suporte da família e dos amigos, é primordial para a reestruturação da autoconfiança. Em alguns casos, pode ser importante mudar a rotina, limitando atividades que causem inseguranças, como o uso excessivo de redes sociais.
As cirurgias de afirmação de gênero, como a feminização facial, a tireoplastia, a mamoplastia de aumento e a redesignação sexual, podem ser indicadas em alguns contextos.