Pesquisadores americanos estudam uma estratégia para os bebês beberen leite numa boa
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Ter reações alérgicas ao beliscar uma porção de camarão ou um punhado de amendoim é desagradável para qualquer um. Imagine, então, o quanto é difícil lidar com o problema quando ele se manifesta nos pequenos em plena fase de crescimento. Estima-se que, no mundo todo, de 6 a 8% dos meninos e meninas com até 3 anos apresentam algum tipo de alergia alimentar. E um em cada 20 bebês não pode, de jeito algum, provar uma mamadeira com leite de vaca. Mas como será que um alimento como esse, essencial ao desenvolvimento, pode se tornar um inimigo?
Sentimos informar: não há uma boa resposta. O que se sabe é o básico, ou seja, que alguns organismos encaram proteínas presentes em comidas específicas como moléculas estranhas. Aí, o sistema imune parte pra cima da suposta ameaça. Desse ataque desmedido surgem o inchaço, a vermelhidão e, em última instância, até o choque anafilático, capaz de matar.
Uma luz no fim do túnel para as crianças alérgicas atende pelo nome de dessensibilização, ou imunoterapia. Trata-se da ingestão constante de pequenas doses do alérgeno – o alimento que provoca a reação -, com o intuito de acostumar o corpo a determinada proteína. “Apesar de promissora, a técnica não é isenta de efeitos indesejáveis e os pais devem estar preparados para isso”, admite a alergista Ana Paula Moschione, de São Paulo.
Com o foco nesses resultados negativos, médicos do Hospital da Criança de Boston e da Universidade de Stanford, ambos nos Estados Unidos, testaram, em conjunto com o procedimento de dessensibilização para o leite de vaca, uma substância chamada omalizumab, que já era utilizada no controle da asma. Por meio desse novo aliado, os pesquisadores conseguiram minimizar as reações nocivas durante o tratamento, levando o organismo infantil a se acostumar mais rapidamente ao líquido branco.
A imunoterapia ainda é recente entre os brasileiros, entretanto já apresenta resultados satisfatórios. Mesmo assim, ela não é para todo mundo – e deve ser realizada com cuidado e acompanhamento médico. “Aplicamos a terapia em casos graves para melhorar a vida da criança que vai a uma festinha, come um brigadeiro e tem um choque anafilático”, ressalta o pediatra Antonio Carlos Pastorino, de São Paulo.
Uma vida sem leite – e sem grandes dramas
Por ser ao mesmo tempo um dos alimentos mais importantes ao crescimento e o campeão nas reações adversas, o leite de vaca deixa os pais de cabelo em pé. Afinal, a bebida está repleta de cálcio, vitamina A e proteínas e, por isso, parece ser impossível manter seu filho bem nutrido sem ela.
Como a alergia ao alimento é mais recorrente em bebês, o primordial é amamentar até os 6 meses de idade. E, se a criança realmente for alérgica, a mãe também deve se cuidar. “Pode acontecer de elementos do que a mãe consome passarem para o leite materno. Logo, ela também deve entrar na dieta”, explica a nutricionista Renata Pinotti, de São Paulo. Quando não é possível amamentar, o braço direito dos pequenos são as fórmulas, como as hidrolisadas e de aminoácidos. Elas conservam todos os nutrientes da versão original, mas quebram suas proteínas em partículas bem pequenas para que não haja rejeição.
Para os mais crescidos, é necessário lançar mão de outros alimentos. Carnes e peixes para repor proteínas; legumes e frutas alaranjadas, como a cenoura, que auxiliam o organismo a produzir vitamina A; e os isolados de soja enriquecidos com cálcio. Em último caso, a ingestão desse mineral em cápsulas garante a dose necessária por dia.
De olho nos rótulos
O único tratamento seguro hoje para a alergia ao leite é restringir o alimento e seus derivados. E os pais devem ficar atentos à embalagem. Afinal, inocentes pacotes de bolachas e bolinhos geralmente contêm doses desse ingrediente e, entre uma mordida e a reação, é questão de segundos. Além disso, a presença de proteínas do leite pode vir mascarada com outros nomes, como caseinato de cálcio, lactalbumina e soro de leite. A ordem é ter atenção na hora da compra.
Um gole de leite pode causar…
Alergia: comum nos bebês, ocorre quando o corpo encara a proteína dessa bebida como um elemento estranho e, então, produz anticorpos para combatê-la. Essa batalha provoca sintomas, que podem ser mais leves – como vermelhidão, inchaço e coceira na pele – ou mais temerários, como o choque anafilático.
Intolerância: é resultante de um defeito enzimático, que impede o intestino de digerir o açúcar do leite, conhecido como lactose. Por causa disso, a criança sofre com cólicas e vômitos. Mas quem tem intolerância pode, sim, ingerir alimentos que contenham produtos lácteos – desde que esses apresentem baixo teor de lactose.
Intoxicação: em geral está relacionada à contaminação. Ou seja, a criança toma um leite estragado e acaba sendo infestada por bactérias prejudiciais. Vale lembrar que todos estamos sujeitos a esse mal, que provoca o aparecimento de diarreia e regurgitação. Por isso, antes de entornar o copo, confira o prazo de validade na caixinha.