Apesar de esse produto ter se tornado popular entre os marombeiros, engana-se quem pensa que se trata de um item sintético ou cheio de hormônios. Na verdade, o whey é a proteína do soro do leite, um elemento proveniente da indústria de laticínios. “Só que, antigamente, ele era jogado no esgoto pelas grandes fábricas”, conta o cientista de alimentos Jaime Amaya-Farfan, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista.
Seu destino mudou quando algo curioso foi observado: bactérias e fungos se multiplicavam ao entrar em contato com ele. “Aí seu potencial nutritivo foi descoberto”, revela Antonio Herbert Lancha Júnior, coordenador do Laboratório de Nutrição e Metabolismo Aplicado à Atividade Motora da Universidade de São Paulo (USP).
E o que o produto tem de tão especial?
“Ele reúne proteínas de alto valor biológico”, resume o médico Guilherme Giorelli, da Associação Brasileira de Nutrologia. Em outras palavras, contém todos os aminoácidos – as moléculas constituintes das proteínas – de que o nosso organismo necessita mas é incapaz de fabricar. Pra melhorar, no whey eles vêm aos montes, respondendo por 35 a 90% de sua composição. No leite, esse índice não passa de 20%.
Benefício extra
Recorrer ao suplemento também é uma boa pedida para acelerar a recuperação de bíceps, tríceps e companhia. Além da leucina, um aminoácido do whey capaz de contribuir bastante nessa empreitada é a arginina, que aumenta o fluxo de sangue pelo corpo. Com isso, mais nutrientes e oxigênio desembarcam na musculatura para repará-la. Em última instância, os incômodos que surgem após a ginástica desaparecem depressa e há uma maior disposição para voltar a se exercitar no dia seguinte.
“Até por isso faz mais sentido utilizar o produto no pós-treino”, opina a nutricionista Geórgia Bachi, autora do livro Dieta com Whey Protein (Editora Matrix). “Inclusive, quanto menor o tempo entre o término das atividades físicas e a ingestão proteica, melhor será a resposta em termos de ganho muscular. Esse período é conhecido como janela de oportunidade”, completa. Geralmente, 20 gramas de whey logo em seguida à malhação dão conta do recado.
Cuidados com o consumo
O exagero no consumo de proteínas (isso inclui a do whey) pode afetar rins e fígados já fragilizados. Em indivíduos saudáveis, essa ameaça ainda é apurada – mas não há por que abusar.
A regrinha básica é nunca comer mais do que 2 gramas de proteínas por quilo de peso. Colocando na ponta do lápis, um homem de 75 quilos e uma mulher de 60 não deveriam ingerir mais de 150 e 120 gramas desse nutriente ao dia, respectivamente. É importante lembrar que o limite vale para pessoas ativas. Quem não se mexe tanto poderia parar em 1 grama por quilo de peso. Perceba: estamos falando de proteínas, e não somente de whey. Em outras palavras, ele deve ser somado às demais fontes de proteína, como carnes, leguminosas e lácteos. “Para chegar à conta certa, o melhor é consultar um especialista”, orienta Geórgia.
Os tipos de whey
Concentrado
Tem de 35 a 80% de proteína. Quanto mais alto o valor, menor a presença de lactose, gorduras e minerais.
Isolado
Mais puro, reúne cerca de 90% de proteína, com resquícios mínimos dos demais compostos do soro do leite.
Hidrolisado
Costuma concentrar 80% de proteínas. A vantagem: elas estão quebradas em pequenos pedaços, os peptídeos. Logo, digestão e absorção são facilitadas.