Nos últimos dez anos, a porcentagem de tabagistas no país caiu quase pela metade, enquanto o consumo de álcool se manteve estável. Paralelamente, a obesidade se disseminou e os brasileiros estão se exercitando mais – o índice de fisicamente ativos saltou de 14,7% para 39%.
É o que aponta a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Para a nova edição, que reúne dados de 2019, cerca de 52 mil pessoas maiores de 18 anos foram ouvidas nas 26 capitais estaduais e no Distrito Federal.
Como é realizado anualmente, o levantamento permite traçar um panorama amplo da saúde e dos hábitos nacionais. Abaixo, listamos algumas das principais mudanças dos últimos dez anos.
Atividade física
O número de praticantes regulares de exercícios físicos cresceu significativamente, chegando a quase 40% dos indivíduos. O maior índice é de Palmas (TO), onde metade dos respondentes declara realizar ao menos 150 minutos de atividades moderadas no tempo livre por semana. Já São Paulo (SP), com 34,6%, ficou na última posição.
Em 2009, a parcela de adeptos era considerada modesta em todas as cidades estudadas – chegando a 10% em São Paulo, de novo a pior colocada, e a 21% em Vitória (ES), a campeã daquele ano.
Ou seja, temos um bom avanço. Mas vale destacar que 44,8% da população segue não atingindo a cota de atividade física recomendada.
Pior: 13,9% dos brasileiros são completamente sedentários. Entra nessa categoria quem não praticou nenhuma atividade no tempo livre nos últimos três meses e não faz esforço físico no trabalho nem no deslocamento para ele.
Obesidade e excesso de peso
Há dez anos, 13,9% da população apresentava obesidade — hoje são 20%. Entre os 45 e 64 anos, a taxa de obesos está na casa dos 24%. Já nos jovens, o número é de 19%. A doença é mais prevalente em pessoas com baixa escolaridade (menos de oito anos da vida estudando).
O sobrepeso cresceu em passo semelhante, de 46,6% para 55,4%. Ou seja, mais da metade dos brasileiros tem excesso de gordura corporal.
Tabagismo e álcool
Como resultado do endurecimento das leis antifumo, o tabagismo caiu significativamente no país. Se pouco mais de 15% dos adultos consumiam cigarros em 2009, agora são menos de 10%.
E os homens ainda fumam mais do que mulheres – 12,3% contra 7,7%.
Por outro lado, o consumo excessivo de álcool segue estagnado há uma década. Tanto em 2009 como agora, cerca de 18% dos entrevistados afirmaram ter abusado das bebidas em pelo menos uma ocasião nos 30 dias anteriores à entrevista. Em mulheres, isso equivale a quatro doses e, em homens, a cinco.
Tempo de tela
Chama a atenção que 62% dos adultos relataram passar mais de três horas do tempo livre por dia assistindo à televisão ou usando computador, tablet e celular. O hábito pode bagunçar a saúde mental e favorecer o sedentarismo, o que aumentaria o risco de desenvolver doenças crônicas como hipertensão.
Em 2009, o tempo dedicado aos dispositivos eletrônicos era uma preocupação menor. À época, o entretenimento passivo era calculado a partir da quantidade de televisão assistida. A saber, 25,8% dos brasileiros declaravam passar mais de três horas na frente do aparelho.