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Obesidade, um problemão entre cães e gatos

Expert no assunto, veterinário inglês explica por que os bichos de estimação estão mais expostos ao ganho de peso e dá recomendações para prevenir isso

Por Diogo Sponchiato
Atualizado em 30 abr 2021, 16h19 - Publicado em 24 jun 2016, 08h00
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  • Parece que a pandemia de quilos a mais que preocupa a humanidade se alastrou a ponto de afetar e prejudicar os animais da casa. Segundo estimativa da Associação para a Prevenção da Obesidade de Pets dos Estados Unidos, 58% dos gatos e 54% dos cães em terra americana estão acima do peso — no Brasil ainda não temos números tão precisos. De olho em índices crescentes do problema, o veterinário Alex German, professor da Universidade de Liverpool, na Inglaterra, montou a primeira clínica no mundo dedicada ao tratamento do excesso de peso entre bichos de estimação. German esteve recentemente no país e concedeu, por e-mail, uma entrevista exclusiva à SAÚDE.

    SAÚDE: O que explica o número cada vez maior de cães e gatos acima do peso?

    Alex German: A tendência parece ser um reflexo do que está acontecendo com os próprios seres humanos. Portanto, não é nenhuma surpresa considerando algumas semelhanças entre nós e eles. A exemplo das pessoas, o ambiente em que cães e gatos vivem é o que chamamos de obesogênico, ou seja, se os animais possuem genes suscetíveis, terão maior probabilidade de ganhar peso. E isso resulta de um desequilíbrio na ingestão de calorias em relação ao que é gasto.

    S: Até que ponto nós, os donos, somos responsáveis por esse ambiente obesogênico?

    A: Primeiro, é importante reconhecer que existem muitos fatores de risco para a obesidade e não apenas elementos relacionados ao tutor. Eles incluem predisposição genética, doenças concomitantes e castração. A questão é que a condição se desenvolve lentamente ao longo de muitos meses ou anos e, por causa disso, os tutores não a detectam. Em consequência, esse processo passa despercebido. Quando pensamos nos fatores relacionados ao dono, o principal perigo é ele não prestar atenção suficiente na quantidade de alimento oferecida ao animal.

    S: Como isso acontece na prática?

    A: Os tutores muitas vezes usam métodos imprecisos para medir a quantidade de comida. Por exemplo, recorrem a um copo ou apenas acrescentam o alimento na tigela sem pesar antes numa balança eletrônica. Além disso, há o alimento extra que é frequentemente oferecido — pedaços de comida do dono ou petiscos. Toda essa ingestão excessiva pode ser evitada. Ao mesmo tempo, é preciso manter um controle regular sobre o peso. Isso significa levar o cão ao veterinário, checar mensalmente o peso quando filhote ou pelo menos a cada seis meses na idade adulta, o que permite dizer se o ganho de peso é ou não inadequado.

    S: Existem diferenças significativas entre o ganho de peso de cães e gatos?

    A: Sim, mas existem muito mais semelhanças — e não apenas entre cães e gatos, mas também em relação às pessoas. A obesidade surge de um desequilíbrio energético resultante do excesso de alimento ingerido e do gasto calórico insuficiente, ou seja, de pouca atividade física. Embora existam diferenças nos cuidados (como os animais devem ser alimentados e exercitados), esse princípio é o mesmo.

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    S: Em um estudo recente, rações especiais para aumentar a saciedade demonstraram ter um bom efeito no programa de perda de peso de animais. Por que funcionam tão bem?

    A: Uma das principais razões para o fracasso de um plano de emagrecimento é a baixa adesão a ele. Quando você reduz a ingestão de alimentos para que os pets percam peso, você aumenta a sua fome e eles irão perturbá-lo para ganhar mais comida. Um alimento formulado para a perda de peso, com quantidades elevadas de proteína e fibra em relação às rações padrão, permite que os animais se sintam saciados com o que foi oferecido, e isso reduz voluntariamente os pedidos e a ingestão de comida.

    S: Qual o seu conselho para os donos ajudarem a prevenir a obesidade entre seus bichos de estimação?

    A: O segredo é reconhecer a doença o mais cedo possível, quando o animal ainda é jovem, durante o checkup dos filhotes e a fase de vacinação. Eu recomendo a pesagem regular do filhote todo o mês até os seis meses de idade e, então, pelo menos a cada três meses até a idade adulta. Isso pode confirmar se eles estão crescendo normalmente e se não estão acima do peso. Ao mesmo tempo, é importante prestar muita atenção à quantidade exata de alimento que será oferecida. Dê um alimento balanceado e pese a quantia em uma balança eletrônica. Se o filhote estiver ganhando muito peso rapidamente, você pode reduzir a quantidade de comida em aproximadamente 10%. Quando o animal atingir uma condição corporal ideal na idade adulta, continue a pesá-lo regularmente a cada seis meses. Se houver qualquer alteração — por exemplo, um ganho de 5% de peso nesse período —, deve-se reduzir a oferta de comida. Ao mesmo tempo, é fundamental garantir um padrão regular de exercícios, pelo menos 30 minutos de caminhada todos os dias para os cães. Além disso, evite dar pedaços do que você come ou petiscos. O proprietário não tem a real noção do que está fornecendo e, aí, a perda de peso rapidamente se instala.

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