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Um intestino sensível demais

Dor na barriga, constipação ou, ao contrário, idas urgentes ao banheiro. Se tudo isso soa familiar, comece a suspeitar da síndrome do intestino irritável

Por Sílvia Lisboa (colaboradora)
Atualizado em 27 mar 2019, 10h53 - Publicado em 6 Maio 2015, 09h20
Itcha Studio / Gustavo Arrais
Itcha Studio / Gustavo Arrais (/)
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Você mal cruza os garfos e já sente a barriga inchar. Tem de correr para o banheiro e ficar algum tempo esperando até tudo ir embora, inclusive as cólicas. E é a quarta vez no mês que o episódio se repete – e olha que não comeu nada tão forte ou pesado. Aí o suplício some e você já está se esquecendo… Até que ele volta com tudo, após um prosaico pão com manteiga no café da manhã. Se você protagoniza essa história, é provável que tenha um intestino sensível demais. Ou irritável, como preferem os médicos.

Presente em até 20% da população mundial, a síndrome do intestino irritável (SII) é uma condição ainda não totalmente compreendida pela comunidade científica. Isso porque, quando se examina o sistema digestivo de quem tem o problema, não se veem alterações anatômicas ou lesões. Só em 1994 foram estabelecidos os critérios de diagnósticos. E esses critérios, bem como as condutas de controle, acabam de ser revistos em um trabalho publicado no renomado The Journal of the American Medical Association.

O artigo aponta o dedo para os principais sintomas: diarreia ou constipação sem motivo aparente e inchaço temporário da barriga acompanhado de dores, normalmente depois das refeições. Em geral, a síndrome começa a se manifestar após um evento estressante, físico ou emocional. “O gatilho pode ser uma infecção intestinal ou um trauma, como um assalto”, conta a gastroenterologista Sandra Beatriz Marion, da pontifícia Universida de Católica do paraná. Vem o primeiro episódio e ela nunca mais abandona o sujeito.

Não há, porém, motivo para pânico. O problema é crônico, mas não evolui para quadros graves como tumores. “Menos de 10% dos pacientes têm um comprometimento sério na qualidade de vida”, calcula Carlos Fernando Francescone, chefe do Serviço de Gastroenterologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Apesar disso, a medicina labuta para que a síndrome não seja um estorvo tão frequente na vida do cidadão – afinal, ninguém quer sofrer quando vai ao banheiro.

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No passado, a síndrome do intestino irritável era chamada de colite nervosa por causa da sua intensa associação com situações estressantes. Só que os médicos repararam, por meio de exames, que os pacientes não tinham inflamação (identificada pelo “ite” da nomenclatura nem lesões no intestino grosso.

Aí mudaram o nome. “A SII não se resume a um problema de ordem psicológica, uma vez que é caracterizada por alterações funcionais no órgão”, ressalta Maria do Carmo Friche Passos, presidente da Federação Brasileira de Gastroenterologia.

Contudo, o fator emocional costuma ser o grande desencadeador das crises. Como fases boas e ruins se alternam na vida, a síndrome pode ter um comportamento mais aleatório. O indivíduo passa as férias à base de cerveja e petiscos sem ter nem uma cólica sequer, mas basta voltar à rotina do trabalho e trânsito que o martírio reaparece com tudo.

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