O Instituto Butantan, em São Paulo, anunciou que irá começar hoje (22 de fevereiro) a terceira e última fase de testes de sua vacina contra a dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O objetivo dos cientistas é imunizar cerca de 17 mil voluntários nos próximos meses. O evento de lançamento da nova etapa de pesquisa será realizado no Centro de Convenções Rebouças, na zona Oeste da capital paulista, e contará com a participação da presidenta Dilma Rousseff, do governador do estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do secretário de Estado da Saúde, David Uip.
Nas primeiras semanas de janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) liberou a primeira vacina da dengue, produzida pela farmacêutica Sanofi Pasteur. A fórmula do laboratório francês foi testada em mais de 40 mil pessoas espalhadas por 15 países do globo e teve uma eficácia de 66% em voluntários com mais de 9 anos de idade. O esquema de vacinação exige três doses, com um intervalo de seis meses entre elas.
A versão desenvolvida pelo Instituto Butantan em parceria com o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos passou recentemente pela fase 2 de estudos, em que são avaliadas a segurança, a dosagem correta e a eficácia do produto. Os resultados mostraram que os participantes conseguiram produzir os anticorpos necessários para inibir a infecção após uma única dose do imunizante.
Diferentemente do imunizante da Sanofi, que trabalha com partículas virais da febre amarela, a opção 100% nacional utiliza o próprio vírus atenuado da dengue. Eles são enfraquecidos no laboratório, a ponto de permitir que o organismo desenvolva uma resposta imunológica ante os quatro subtipos da doença.
Além de Sanofi Pasteur e Instituto Butantan, outras empresas também correm para lançar suas versões do imunizante. É o caso das farmacêuticas Takeda, GSK e Merck. Segundo o site ClinicalTrials.gov, do governo dos Estados Unidos, 82 pesquisas com novas vacinas para a dengue estão em andamento.
Por mais que as vacinas representem um marco importante na luta contra a infecção, os especialistas não acreditam que ela será a solução final para a dengue. Não devemos arrefecer em nenhuma das medidas tradicionais contra o vetor, o mosquito Aedes aegypti. As atitudes envolvem eliminar os pontos em que o inseto deposita seus ovos e as larvas se desenvolvem. Vale retirar os pratinhos das plantas, virar as garrafas no quintal, não descuidar dos pneus… Todo cuidado é pouco! Até uma tampinha de garrafa cheia d’água pode servir de criadouro para o inseto — que, além de transmitir a dengue, também está por trás da febre chikungunya e do zika.