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O Fim das Dietas

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Antonio Lancha Jr, professor expert em atividade física e nutrição da USP e autor de livros como "O Fim das Dietas", ensina como emagrecer sem cair em promessas furadas

Por que defender o “fim das dietas”?

Em vez de restringir o cardápio a certos ingredientes, ter um acervo amplo de paladar é o que permite mudanças sustentáveis na alimentação

Por Antonio Lancha Jr.
14 jun 2021, 14h27
uma mão pegando um pedaço de pizza
Que tal provar um sabor novo de pizza? Quem se aventura à mesa tem mais facilidade para ajustar a dieta, quando necessário. (Foto: Pinar Kucuk/Unsplash/SAÚDE é Vital)
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Quando pensamos em dieta, imaginamos algo que faremos por algum tempo, até alcançarmos nosso objetivo, para depois voltarmos à nossa alimentação habitual. Esquecemos que retomar o padrão anterior é como colocar um caminhão na descida em banguela. Ou seja, retornaremos o mais rápido possível ao ponto onde começamos a dieta – ou, pior, passaremos dele.

O fato é que costumamos comer sempre as mesmas coisas. Quer ver só? Vamos fazer um exercício. Quando você pede uma pizza, o sabor escolhido é sempre diferente ou, invariavelmente, o mesmo? Imagino a resposta…

Esse hábito de repetir os alimentos ingeridos está associado ao prazer, ao sabor, às memórias afetivas ligadas a esse gosto e ao medo de experimentar algo que não traga a mesma satisfação.

Mas olhamos apenas um lado da história. Acompanhe comigo: ao provarmos um prato pela primeira vez, teremos uma experiência inédita. E há  a possibilidade de ela ser até ser melhor que as anteriores! As pessoas presentes naquela refeição podem ampliar as perspectivas, o sabor da pizza nova talvez inspire algo inesperadamente bom e, ao final, muitas vezes a conclusão é: por que eu não experimentei isso antes?

O problema de não variar a alimentação

O medo de arriscar à mesa limita o nosso acervo de paladar, refletindo inclusive no envelhecimento. Deixar as escolhas se tornarem obtusas fará esse acervo também permanecer obtuso. Assim, quando quisermos mudar o padrão alimentar para emagrecer, por exemplo, sentiremos medo do desconhecido e aquela ansiedade de voltar logo ao modelo anterior, encarado como seguro.

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Agora, se arriscamos alimentos, paladares, aromas e sabores ao longo da vida, uma eventual modificação de hábitos se torna fácil, simples e prazerosa.

Ao combinarmos os seis sabores básicos, temos como resultado mais de dez mil sabores. Olhar para a alimentação como algo em constante transformação, desafiando o nosso paladar, desconstrói o conceito de que o prazer só vem daquilo que estamos acostumados – prazer passa a significar se aventurar no desconhecido.

Assim, o “fim das dietas” é uma proposta de desafio constante. É optar por novos alimentos que nos movem para variados sabores. Afinal, o que emagrece não é retirar esse ou aquele nutriente da rotina, mas, sim, saciar o organismo com experiências inéditas e inesquecíveis.

A coluna deste mês é dedicada ao amigo e excelente jornalista Theo Ruprecht, com quem tive o prazer de dividir a obra O Fim das Dietas e que, durante anos, esteve comigo nesse espaço e em diversas reportagens. Obrigado, amigo Theo, pelos ensinamentos! Estarei sempre pronto para aplaudir seu sucesso em qualquer teatro.

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