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O que é sarcoma? Saiba mais sobre esse câncer, seus sintomas e tratamentos

O sarcoma é capaz de se apresentar em diferentes formas e partes do corpo. Conheça as formas de identificá-lo precocemente e como tratá-lo direito

Por Maria Tereza Santos
Atualizado em 15 jul 2019, 18h53 - Publicado em 14 jun 2019, 17h30
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  • Apesar de todos os avanços da medicina, o câncer ainda assusta. E há um tipo que, por acometer quase qualquer parte do corpo, gera bastante preocupação. Estamos falando do sarcoma, um grupo de tumores raros que geralmente atinge os ossos e as chamadas partes moles (músculos, células de gordura, cartilagens, tendões e nervos periféricos).

    A leitora Daize Rego nos pediu para falar sobre essa doença, dos sintomas ao tratamento. Para destrinchar essas informações, SAÚDE conversou com a oncologista Suely Nakagawa, diretora do Núcleo de Ortopedia do A.C.Camargo Cancer Center, em São Paulo.

    O que é o sarcoma e como ele surge

    Como dissemos no início do texto, trata-se de um câncer que atinge especialmente ossos e partes moles. “São áreas que representam cerca de 50% de todo o peso do corpo”, aponta Suely Nakagawa. Além disso, aproximadamente 75% dos casos ocorrem nas pernas ou nos braços.

    O Instituto Nacional do Câncer (Inca) não registra o número de total de afetados por esse tumor.

    “Também não foram estabelecidos os fatores por trás da sua baixa incidência, quando comparados a outros cânceres, como mama, próstata e pulmão”, completa a oncologista. Isso seria explicado pela menor influência de fatores ambientais e agentes externos na origem dessa enfermidade.

    “Acredita-se que a hereditariedade tenha um papel importante em alguns subtipos”, reforça a especialista. Tanto que certos problemas genéticos, como a síndrome de Gardner e a esclerose tuberosa, aumentam o risco de desenvolver o problema.

    Quais são os principais tipos

    Existem várias modalidades da doença. Dentre os de partes moles, os mais frequentes são os lipossarcomas (que se originam em células de gordura) e os sinoviossarcomas.

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    E, no grupo dos sarcomas ósseos, chamam especialmente a atenção os condrossarcomas e os osteossarcomas. Esse último, aliás, é o câncer infantojuvenil mais comum no Brasil.

    Além disso, alguns aparecem mais em determinadas faixas etárias. “Os osteossarcomas, por exemplo, são mais frequentes em pacientes pediátricos. Os condrossarcomas, por outro lado, acometem mais os adultos”, exemplifica Suely.

    De forma geral, não há uma diferença evidente na incidência de homens e mulheres.

    Quais são os sintomas do sarcoma

    Os sinais da doença variam e dependem da parte do corpo em que ela aparece. “Eles não costumam se manifestar nos estágios iniciais. Por isso, apenas a metade dos casos de partes moles, por exemplo, é diagnosticada precocemente”, informa a médica do A.C. Camargo.

    Veja alguns possíveis sintomas:

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    Como é feito o diagnóstico

    “O exame físico e a história clínica já levantam a suspeita”, adianta Suely. Em portadores do sarcoma de partes moles nas pernas ou nos braços, a análise é facilitada porque dá para ver nódulo, que costuma ser chamado de “lobinho”.

    “Geralmente esses quadros são indolores, ao menos no início. Mas, frequentemente, apresentam crescimento progressivo e rápido”, descreve a profissional.

    Em seguida, são realizados exames de imagem, como ultrassonografia, tomografia, raio-X e ressonância magnética. “Eles podem ser pedidos inclusive para ver se o câncer atingiu os pulmões, onde costumam ocorrer as metástases desse tipo”, relata a oncologista. Só para reforçar, metástase é a invasão do câncer para além de seu local de origem.

    Nos casos do sarcoma ósseo, uma cintilografia avalia se ele chegou a outras partes do esqueleto. Até porque esse é o segundo foco de metástase mais frequente da categoria.

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    A cintilografia é um exame de imagem em que o paciente recebe um remédio com uma pequena dose de radiação, capaz de assinalar tecidos ou órgãos afetados pelo câncer. Na tela do equipamento, dá para ver os focos da doença como uma série de pontos brilhantes.

    “O diagnóstico definitivo geralmente é obtido por meio de biópsia por agulha grossa, guiada por ultrassonografia ou tomografia”, informa Suely. A análise do material vai definir também o tipo de sarcoma e o seu grau de malignidade, algo importante para a escolha da melhor terapia.

    Tem cura?

    “A chance de cura está relacionada com a fase em que a doença é diagnosticada”, atesta a médica do A.C.Camargo. Há um dado do Programa de Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais (SEER, sigla em inglês), uma base de dados com estatísticas de câncer da população dos Estados Unidos, que dá uma ideia do quão importante é detectar no estágio inicial.

    Segundo o levantamento, feito entre 2009 e 2015, a sobrevida dos portadores de sarcoma de partes moles restritos ao tumor de origem é de 81% em cinco anos. Ou seja: 8 a cada 10 vivem pelo menos meia década após o tratamento.

    Já quando o mal se espalhou para outras partes do organismo, esse percentual cai para 15,9%.

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    Como é feito o tratamento e quais são os avanços

    A estratégia depende das características específicas de cada câncer e indivíduo. “De maneira geral, a principal intervenção é a cirurgia, na qual se remove todo o tumor e um pouco do tecido sadio das imediações, o que reduz o risco de recidiva”, afirma Suely. Recidiva é sinônimo de retorno da doença.

    Em alguns sarcomas de partes moles mais agressivos, realiza-se quimioterapia para reduzi-lo antes do procedimento cirúrgico e até depois para prevenir a disseminação a outros órgãos. “A radioterapia pode ser utilizada para complementar o tratamento local, após a ressecção cirúrgica”, conta a médica.

    Já nos osteossarcomas, a intervenção se restringe à quimioterapia antes e após o procedimento cirúrgico — esse subtipo não responde bem à radioterapia. O fato é que, mesmo se tudo der certo, os pacientes devem fazer acompanhamento nos anos seguintes.

    Agora uma boa notícia: o tratamento atual dos sarcomas, apesar dos efeitos colaterais, avançou bastante. “Há algumas décadas, as amputações dos membros acometidos pela doença chegavam a 60% dos casos. Esse índice caiu para 5% a 10% hoje em dia”, relata Suely. “Atualmente, isso só acontece quando o membro afetado compromete de alguma forma a qualidade de vida do paciente”, esclarece.

    Pois é: mesmo dentro das linhas clássicas de tratamento contra o câncer, como a quimioterapia, a evolução é inegável.

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    Entretanto, também precisamos falar de uma descoberta ruim. No ano passado, chegou ao Brasil o que seria o primeiro remédio aprovado para cuidar especificamente dos sarcomas de parte mole: o olaratumabe, da farmacêutica Eli Lilly. Ele integra as chamadas terapias-alvo (ao contrário da químio tradicional, que se espalha pelo corpo todo, esse fármaco se direciona diretamente para o câncer).

    O olaratumabe foi o primeiro medicamento aprovado para combater essa enfermidade em 40 anos. Mas, depois de tanto alvoroço, ele se saiu mal em testes subsequentes e está sendo retirado das prateleiras.

    Dá para prevenir?

    Como a maioria dos sarcomas não está relacionada a uma causa aparente, é impossível determinar uma forma de prevenção.

    “Por isso, o melhor é disseminar a informação de que, se um nódulo aparecer, deve-se sempre investigá-lo precocemente. Principalmente aqueles que crescem”, conclui a médica.

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