Quem sofre com a labirintite tem a sensação de que o mundo pode girar a qualquer momento – especialmente após movimentos bruscos. Por isso, é comum que o quadro provoque medo de se mexer e desperte questões como a colocada pela leitora Daniela Souza: qual atividade física é melhor entre quem tem esse problema?
Antes de tudo, é bom saber que o exercício ajuda a contornar a condição, que bagunça o funcionamento do labirinto, uma estrutura localizada no ouvido interno e que responde pela noção de posicionamento do corpo. “O labirinto é altamente influenciável por doenças metabólicas, como a hipertensão e o diabetes, que podem ser melhor controladas com a atividade física”, aponta Fausto Nakandakari, otorrinolaringologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Inclusive, um dos tratamentos recomendados para alguns casos de labirintite é a reabilitação vestibular. Trata-se de um treinamento feito com exercícios específicos que visa devolver o equilíbrio ao labirinto. Mas, para que qualquer estratégia do tipo dê certo, é preciso antes investigar a origem do problema e só então definir a melhor abordagem terapêutica.
Exercício seguro e benéfico contra labirintite
Para os sedentários, o ideal é começar aos poucos, com atividades leves que não exijam mudanças bruscas de posição. Vale uma caminhada na rua – não na esteira, que pode desafiar demais o equilíbrio – ou a bicicleta da academia, por exemplo.
“Com o tempo, o exercício ajuda a regular o labirinto e, aí, dá para testar outras práticas mais intensas”, aponta Páblius Staduto Braga, médico do esporte e gestor do Centro de Medicina Especializada do Hospital Nove de Julho, na capital paulista. Respeitado esse tempo de adaptação, não há nada estritamente proibido. Mas é sempre bom ter um treinador por perto – e ele deve estar ciente da possibilidade de tontura para agir rapidamente diante de um imprevisto.
“A labirintite deve ser informada ao profissional que irá orientar o exercício até para evitar situações que estimulem o quadro”, orienta Braga. Isso vale especialmente para práticas que envolvem viradas rápidas e posicionamento corporal menos tradicional.
“Só que, em alguns casos, dá para prever quando haverá o movimento e preparar o corpo para isso gradativamente”, ensina Braga. Certos exercícios na musculação, treinos funcionais e pilates são bons exemplos.
Já em modalidades como as lutas, não dá para saber quando a cabeça terá que girar. Então a regra é progredir devagarinho e estar completamente livre de sintomas há algum tempo antes de subir no tatame. Se o mal-estar der as caras mesmo assim, reduza a intensidade e aposte nas modalidades mais leves.
Só não deixe de se mexer. O corpo todo, inclusive o labirinto, agradecem.