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Afinal, o que transmite a sífilis? Beijo e sexo oral passam a bactéria?

Tire todas as suas dúvidas sobre como acontece o contágio pela infecção sexualmente transmissível (IST)

Por Lucas Rocha
Atualizado em 14 ago 2024, 14h42 - Publicado em 14 ago 2024, 14h38
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  • Recentemente, repercutiu na rede social X, o antigo Twitter, a publicação de um homem contando que contraiu sífilis. Nela, o usuário postou uma foto de frasco de benzetacil, o principal medicamento utilizado no tratamento. E recebeu inúmeras críticas por já ter comentado anteriormente no próprio perfil sobre ter feito sexo sem o uso de preservativo.

    O tabu em torno de ISTs pode afastar as pessoas da testagem, diagnóstico e tratamento oportunos, na avaliação do médico infectologista Rico Vasconcelos, pesquisador da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). “No imaginário popular, as ISTs são observadas como algo que acontece com pessoas que ‘fizeram coisa errada’“, afirma.

    “São comuns julgamentos como: ‘queria o quê? foi transar sem camisinha ou com qualquer um e pegou sífilis’. O que não é verdade. Basta ter vida sexual ativa para ser vulnerável à doença”, frisa Vasconcelos.

    A discussão sobre o tema, que levou a informações desencontradas sobre como acontece a transmissão da sífilis, motivou a pergunta feita pelo leitor Roberto Machado, de Niterói/RJ. Você também pode participar, mandando uma mensagem para saude.abril@atleitor.com.br.

    + Leia também: Como a sífilis voltou a crescer no Brasil e no mundo?

    Afinal, como a sífilis é transmitida?

    A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST), altamente contagiosa, causada por uma bactéria chamada Treponema pallidum.

    A doença é transmitida durante o sexo oral, anal ou vaginal com ou sem contato com lesões, e também durante a gravidez através da placenta ou durante o parto.

    A sífilis é transmitida por sexo oral?

    Sim, a bactéria causadora da doença é facilmente transmitida por sexo oral sem preservativo.

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    O infectologista e pesquisador da USP explica que a infecção pode acontecer mesmo sem a presença de lesões aparentes em qualquer um dos envolvidos.

    “Quando há uma lesão, o que a gente chama de sífilis sintomática ou primária, tem muito mais chances de transmissão, mas é importante frisar que acontece também a partir de pessoas assintomáticas”, afirma Vasconcelos.

    Segundo o médico, muitos pacientes acreditam que a doença só é contraída nesses casos se houver aftas. “Não precisa da afta na boca para pegar”, esclarece.

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    O uso de preservativos é a principal maneira de evitar o contágio por sífilis (Freepik/Freepik)

    Masturbação mútua pode transmitir a sífilis?

    Sim, embora não seja a principal via para adquirir a doença.

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    “Apenas masturbação tem baixo potencial de transmissão da sífilis. No entanto, se houver a troca de fluidos genitais ou se um dos indivíduos do ato estiver com alta carga da bactéria, a mão pode servir como meio de transmissão”, detalha a médica infectologista Angela Freitas, pesquisadora do Departamento de Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP.

    Existe transmissão de sífilis por beijo?

    Sim, mas os casos são considerados mais raros.

    “Caso uma das pessoas esteja com a lesão na boca, que costuma ser indolor e, portanto, de difícil suspeita, e for um beijo intenso, com troca de saliva e muito contato de mucosas, sim, pode haver a transmissão da sífilis, mas é um caso de exceção”, destaca Angela.

    + Leia também: Prazer sem idade: não é preciso se aposentar do sexo

    Uma pessoa com sífilis sem sintomas pode transmitir a doença?

    Sim, é possível a transmissão por pessoas infectadas sem sintomas ou, o mais provável, com sintomas muito leves e de difícil percepção.

    O que não transmite?

    A sífilis não é contraída por meio de contato casual com objetos, como:

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    O que é a sífilis congênita?

    A infecção também pode ser transmitida da mãe para o feto durante a gravidez, causando a sífilis congênita.

    “A bactéria causadora da doença atravessa a placenta e infecta o bebê em desenvolvimento, o que pode ocorrer em qualquer período da gestação, sendo mais frequente no terceiro trimestre, ou ainda durante o parto, ao entrar em contato com as lesões da mãe”, explica o infectologista pediátrico Wilson Hoshino, do Hospital Sepaco.

    Para evitar a transmissão vertical, a gestante deve realizar a testagem durante o acompanhamento de pré-natal. O Ministério da Saúde recomenda ao menos três momentos para o exame: no primeiro e terceiro trimestres da gravidez e no parto ou em casos de aborto.

    “Caso a gestante tenha sífilis, é fundamental que ela inicie o tratamento imediatamente e mantenha o acompanhamento durante o todo pré-natal“, detalha Hoshino. Para elas, o tratamento deve ser realizado com a penicilina, um antibiótico seguro para o bebê.

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    A maior parte dos bebês com sífilis congênita não apresenta sintomas ao nascimento. No entanto, as manifestações podem surgir nos primeiros três meses ou após os dois anos, e incluem febre, lesões de pele, alterações ósseas e articulares, pneumonia e meningite.

    A longo prazo, crianças que deixam de receber o tratamento podem apresentar sequelas irreversíveis como mal formação da dentição, lesões oculares, cegueira, surdez, alterações neurológicas e convulsões.

    + Leia também: Alergia à camisinha existe mesmo? Conheça as causas e o que fazer

    Como prevenir a transmissão da sífilis?

    Nesse contexto, a prevenção envolve práticas sexuais seguras. Isso inclui medidas como o uso consistente de preservativos masculinos e femininos, além de exames regulares.

    “Dentro do conceito da prevenção combinada, os melhores métodos são aqueles que a pessoa consegue colocar em prática. Se ela consegue usar a camisinha direitinho, inclusive no sexo oral que tem um baixíssimo uso, isso é bom para ela. No entanto, sabemos que não é todo mundo que consegue usar”, pontua Vasconcelos.

    + Leia também: Meus leucócitos estão altos, e agora? Saiba o que causa o aumento

    Aumento de casos

    O mundo atravessa uma fase de aumento na incidência de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), incluindo a sífilis.

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    O fenômeno pode ser explicado por um conjunto de fatores, como a falta de conscientização, lacunas no acesso aos serviços de saúde e o estigma em torno das condições de saúde sexual, que afasta a população da assistência médica.

    O número de novos casos da doença bacteriana aumentou de 7,1 milhões em 2020 para 8 milhões em 2022.

    Os dados são de um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) considerando apenas adolescentes e adultos de 15 a 49 anos. Ainda de acordo com a OMS, esse cenário é impulsionado por altas nos países da África e das Américas.

    Vale destacar que a sífilis é uma doença curável desde que seja realizado o tratamento adequado. Já se não for combatida, pode progredir para estágios mais avançados. As complicações incluem danos cardíacos, cegueira, distúrbios neurológicos e até mesmo a morte.

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